Já discutimos isto , mas lá vai: o icônico motor 2JZ-GTE fez uma geração vibrar, mas não seria viável no novo Supra. Além de o seis-em-linha usado na geração anterior ser um motor antiquado e pesado para os padrões atuais, o novo Supra foi feito em parceria com a BMW justamente para que a plataforma e o powertrain alemães pudessem ser aproveitados, viabilizando o projeto. E, como os reviews comprovam, este caminho se mostrou acertado tecnicamente. Por fim, vale lembrar que, da mesma forma que o 2JZ, o B58 é um seis-em-linha biturbo de três litros com comando duplo no cabeçote, porém beneficiado por 25 anos de evolução na engenharia automotiva.
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Nada disto, contudo, anula a excelência do motor 2JZ-GTE quando o assunto é preparação em níveis extremos e ronco, e a Toyota sabe que alguns donos do novo Supra vão colocar o motor clássico debaixo do capô. De fato, esse rebuliço começou com dois projetos antes mesmo de o carro começar a ser vendido.
O mais recente e mais icônico projeto vem do carro de drift executado pela HKS, um dos maiores e mais tradicionais nomes do Japão em componentes de preparação: eles fabricam ECUs, bielas, virabrequins, sistemas de escape, componentes de suspensão, válvulas blow off e kits turbo, dentre outras peças. E, apesar de existir desde 1973, estão profundamente ligados à explosão dos JDM esportivos dos anos 90. O carro foi finalizado há poucos dias e apresentado no Goodwood Festival of Speed.
Vale lembrar que foi a própria HKS que projetou e fabricou os componentes mecânicos (como coxins e subchassi) e eletrônicos para o swap do primeiro Supra A90 com 2JZ – o carro de Daigo Saito, que acabou pegando fogo em uma de suas primeiras aparições ao público. Este carro reaproveitou a mesma arquitetura.
Os amortecedores são coil overs HKS Hypermax, feitos sob medida para o projeto. A dianteira apresenta um ângulo de cambagem bastante agressivo – não sabemos se este ajuste foi realizado nos próprio coil overs ou se há um camber plate nas torres. Sendo um carro de drift, as articulações do sistema de direção foram todos retrabalhados. E, como as bitolas, rodas e pneus foram alargados e o alívio de peso era mais do que bem vindo, foram desenvolvidos uma série de componentes de fibra de carbono pela Rockey Bunny: para-lamas, teto e asa traseira.
Para ficar mais baixo, o motor 2JZ recebeu um sistema de cárter seco – e, a fim de tornar a distribuição de peso mais equilibrada, ele foi ligeiramente recuado no cofre – exigindo a refação da parede corta-fogo. Além disso, foi equipado com o kit stroker de 3,4 litros (3.356 cm³, na verdade) da HKS. O motor também recebeu um turbocompressor HKS GTIII-4R, comando de válvulas mais agressivo e uma nova ECU.
De acordo com a HKS, a preparação rendeu 700 cv e 90 kgfm de torque, mas as rotações não foram reveladas. O motor está acoplado a um câmbio sequencial de seis marchas – cá entre nós, a parte menos entusiasta do A90 é o seu automático de oito marchas. De acordo com a fabricante, o conjunto é capaz de levar este Supra de zero a 100 km/h em cerca de 3,5 segundos.
O interior foi aliviado com rigor, ficando apenas a parte superior do painel, enquanto o restante foi substituído por painéis de fibra de carbono. No mais, há todos os elementos que se espera de um carro de competição: volante Nardi de cubo rápido (revestido em couro perfurado com costuras vermelhas), pedais Tilton, banco concha Bride Maxis III, gaiola de proteção integral, extintor de incêndio e acionamentos dos sistemas elétricos unificados num painel-satélite.
Completam o pacote rodas Advan GT de 19×9 polegadas na dianteira e 20×11 polegadas na traseira. Elas foram calçadas com pneus Yokohama Advan Neova de medidas 255/35 na frente e 285/35 atrás, e abrigam freios Endless Racing, com discos Mono na frente e Dori atrás, e pinças de seis pistões nas quatro rodas.
O visual, um show à parte, remete aos carros da HKS da década de 1990, como o Nissan 180SX, o Skyline GT-R R33, o Vectra de JTCC, dentre outros.
O piloto que a HKS chamou para testar o carro, apresentá-lo ao público e, futuramente, conduzi-lo no D1 Grand Prix, o piloto Nobuteru Taniguchi. Caso a cena de automobilismo japonesa não lhe seja muito familiar: Taniguchi já pilotou pela HKS por vários anos no D1GP entre 2001 e 2012, conquistando algumas vitórias com o Nissan Silva S15 da companhia. Ele também correu no JGTC, o Campeonato Japonês de Turismo, defendendo diversas equipes – incluindo a RE-Amemiya com seu lendário RX-7. Atualmente ele corre com um Mercedes-AMG GT3.
É importante lembrar que o Supra A90 com motor 2JZ da HKS não serve puramente para exibição: as modificações empregadas nele fizeram parte do desenvolvimento de novos componentes HKS para o ícone renascido. E agora o carro se transformou em um catálogo de peças ambulante. Era para este motivo que estes projetos existiam nos anos 90, é para este motivo que a HKS o fez hoje! Um recado claro da indústria aftermarket em relação ao Supra de quinta geração.