Se você não conhece a Ruf, provavelmente chegou aqui no FlatOut faz pouco tempo. A preparadora de Pfaffenhausen, na Alemanha, especializou-se em transformar o Porsche 911 em um carro ainda mais incrível. Claro, seus carros ainda parecem o Porsche 911, mas praticamente tudo é melhorado ou substituído. Da Porsche, só restam os monoblocos não marcados — e é por isso que o governo alemão nem considera a Ruf uma preparadora, mas sim uma verdadeira fabricante de automóveis.
Agora, se você conhece a Ruf, certamente sabe que seu carro mais famoso é o CTR “Yellowbird”, feito com base no Porsche 911 Carrera 3.2 em 1987 e dotado de um flat-six biturbo de 3,4 litros capaz de entregar 476 cv e 56,3 mkgf, suficientes para um 0-100 km/h de apenas 3,7 s e máxima de 340 km/h. Era o bastante para que o Yellowbird se tornasse o carro mais rápido do mundo por um breve período — e também para dar trabalho para um certo esportivo italiano chamado Ferrari F40…
Por mais que a Ruf tenha feito carros mais modernos e potentes depois do Yellowbird, é sempre dele que lembramos ao falar da preparadora (o belíssimo vídeo Faszination certamente tem algo a ver com isso). O que não é problema algum, pelo contrário — a Ruf continua fabricando componentes de forma artesanal para seus modelos mais antigos e dá muito valor a seu passado. Tanto que, no Salão de Genebra, a maior atração deles foram três restomods sensacionais na mesma veia do Yellowbird, porém beneficiando-se de toda a evolução técnica que aconteceu nas últimas três décadas.
O primeiro deles é o monstro laranja-que-parece-vermelho (a Ruf chama esta cor de “Blood Orange”, ou seja…) aí em cima: o Ruf SCR 4.2. Como o nome indica, seu motor é um flat-six de 4,2 litros, que fica pendurado na traseira de um chassi desenvolvido pela própria Ruf que tem entre-eixos 70 milímetros mais longo que o original, de acordo com a companhia, para melhorar o equilíbrio dinâmico e a distribuição de peso. Aliás, é pouquíssimo peso: o carro pesa, no total, 1.190 kg — em boa parte, graças à carroceria feita totalmente de fibra de carbono.
O motor entrega 525 cv a 8.350 rpm e 50,1 mkgf de torque a 5.820 rpm, resultando em uma relação peso/potência de ótimos 2,27 kg/cv. A transmissão é manual de seis marchas e, ainda que não revele dados de aceleração, a Ruf diz que o conjunto é capaz de levar o SCR 4.2 a mais de 320 km/h. Tudo isto por US$ 527.664, ou quase R$ 2 milhões. É o preço da reputação impecável que a Ruf tem.
E tem mais: o azulão aí é o Ruf Ultimate. Diferentemente do SCR 4.2, ele usa a plataforma original do Porsche 964. No entanto, o motor é mais potente: seu boxer de seis cilindros e 3,6 litros arrefecido a ar recebeu dois turbocompressores e entrega 590 cv a 6.800 rpm e 73,4 mkgf de torque 4.500 rpm, também moderados por uma caixa manual de seis marchas.
A carroceria também é de fibra de carbono e o carro pesa, no total, 1.215 kg (peso/potência de 2,06 kg/cv) — que podem acelerar a até 340 km/h. Curiosamente, apesar de andar mais que o SCR 4.2, o Ultimate é mais barato… ou menos caro: são US$ 472.699, ou R$ 1,78 milhão em conversão direta.
O modelo mais extremo de todos é o Ruf Turbo R Limited. O modelo base é o Porsche 911 Turbo da geração 993, que em sua forma original já é um carro bem respeitável: além de ter um flat-six turbinado de 3,6 litros e 408 cv, ele foi o primeiro Porsche 911 Turbo equipado com sistema de tração integral — isto há mais de vinte anos, em 1995.
O que a Ruf fez com o Turbo R foi um jogo de “dá e toma”: eles deram ao carro potência a mais e tiraram a força das rodas dianteiras. Agora, todos os 620 cv a 6.800 rpm e 76,5 mkgf de torque a 4.500 rpm vão para as rodas traseiras — e, a exemplo dos outros dois, são moderados por uma caixa manual de seis marchas. A gente nem liga para o peso extra, até porque o carro pesa menos que a maioria dos superesportivos atuais: 1.440 kg (ou seja, 2,32 kg/cv). Novamente, não há dados de desempenho completos — apenas a velocidade máxima de 340 km/h.
O Ruf Turbo R Limited, como dá para deduzir, é uma edição limitada: apenas sete unidades foram feitas, e todas elas já estavam vendidas antes mesmo da estreia em Genebra. De qualquer forma, diz aí: com qual dos três você ficaria?