O Hyundai Veloster não é um carro ruim, longe disso: ele tem sua beleza, as três portas são interessantes e, dinamicamente, ele é mais do que aceitável. Ainda que, no Brasil, a polêmica a respeito da potência do motor 1.6 tenha assassinado sua reputação, lá fora o Veloster tem até uma versão turbinada de fábrica, com 204 cv e 27 mkgf de torque em seu quatro-cilindros de 1,6 litro.
Ainda que o Veloster Turbo soe bem interessante, ainda não há confirmação sobre sua vinda ao Brasil. Enquanto isso, porém, dá para ver o que acontece quando se sabe explorar o potencial da máquina. Quer dizer, alguns de seus aspectos fundamentais são alterados, mas e daí? Duvido que você não gostaria de dar uma volta com esse Veloster de dorifuto.
Quer dizer, os responsáveis pelo projeto também gostariam, mas ele não está pronto… ainda! Mas, pelo que já vimos, será uma máquina e tanto.
O Veloster de drift está sendo feito na Noruega — que, como sabemos, tem uma gigantesca cena drifter — e já está relativamente avançado. A base, aparentemente, não é um Veloster Turbo, e sim um modelo de aspiração natural, mas isto não faz muita diferença: o motor original já deu lugar a um 2JZ, famoso seis-em-linha de três litros com comando duplo no cabeçote usado no Toyota Supra.
Há uma boa razão para isto: o projeto está sendo levado a cabo pelo jovem norueguês Andre Olsen e seu pai, Kim Richard Olsen. Andre é uma jovem promessa do drift e seu antigo carro era um Toyota Supra, que cedeu o motor para o Veloster. Alguns vão até chamar de heresia, é preciso lembrar que os adeptos do drift não são exatamente apegados à integridade física de seus carros e não estão nem um pouco preocupados em utilizar apenas componentes de uma mesma companhia. Carros japoneses com motores V8 americanos são lugar-comum, bem como outras combinações que seriam inaceitáveis fora do mundo das derrapagens controladas.
Se quiser tirar um tempo para aceitar o fato de um Toyota Supra Mk4 ter perdido seu coração para um Hyundai, a gente espera. Talvez este vídeo ajude. Ou atrapalhe. De qualquer forma, assista.
Pronto? Beleza. Pois bem: Andre, de apenas 17 anos, compete em diversos campeonatos de drift na Escandinávia, como o Scandinavian Powerdrift Series e a categora Junior do Campeonato Norueguês de Drift. E, como vimos no vídeo acima, ele manda bem. Sendo assim, por que não iríamos querer vê-lo arrebentando em um Hyundai Veloster com para-lamas alargados, carroceria decorada e o belo ronco de um seis-em-linha japonês no limite de rotações? Sejamos menos xiitas.
Mas chega deste “sermão preventivo” e vamos logo falar do carro. Como era de se esperar, ele foi todo desmontado e o monobloco sofreu algumas adaptações — afinal, um seis-em-linha longitudinal ocupa o cofre de forma bem diferente de um quatro-cilindros transversal.
O carro também recebeu subchassis KSM na dianteira e na traseira, além do sistema de direção do Supra e de novos componentes na suspensão, que agora é por braços sobrepostos nos quatro cantos, e um túnel de transmissão feito sob medida para acomodar a transmissão sequencial G-Force de quatro marchas. A traseira recebeu o diferencial do Supra, garantindo que a potência — 650 cv e 91,8 mkgf de torque — chegue direitinho às rodas.
As bitolas foram alargadas em 18 centímetros — 9 cm de cada lado, o que justifica plenamente a adoção dos para-lamas alargados (que, claro, deixam o visual do Veloster mais interessante). Na foto abaixo dá para ter noção do aumento na distância entre as extremidades de cada um dos eixos. Aliás, as dimensões do Veloster são bem próximas das do Nissan 370Z — este sim, cupê que já nasce com motor longitudinal e tração traseira.
Enquanto o Nissan mede 4,24m de comprimento, 1,85m de largura, 2,55m de entre-eixos e tem bitolas de cerca de 1,60m; o Veloster mede 4,22m de comprimento, 1,79m de largura, 2,65m de comprimento (a maior diferença) e tem bitolas de 1,58m — ou seja, ele vai ficar mais largo que o Z-Car e o entre-eixos mais longo pode até ajudar na estabilidade direcional (não que esta última importe tanto assim em um carro de drift).
Como é de se esperar, o carro terá o interior aliviado (ainda que, aparentemente, os caras tenham optado por manter o painel de instrumentos no lugar) e equipado com gaiola de proteção integral e banco concha de competição (só um, por enquanto). O tanque de combustível e o radiador serão deslocados para a traseira, como denunciam as aberturas feitas na tampa do porta-malas.
Pela projeção acima, podemos esperar um carro de visual bem bacana.Os Olsen dizem que seu Veloster será o primeiro exemplar modificado para drift do planeta. Talvez seja mesmo, mas o mundo é bem grande…
De qualquer forma, se você quiser ver de que um Veloster de tração traseira é capaz, veja Rhys Millen (sim, o atual recordista de Pikes Peak, com um tempo de 9:07,222 na categoria para carros elétricos) faz com o seu, que tem motor central-traseiro e já foi levado ao limite em competições de rallycross. O motor de dois litros é o mesmo com o qual o carro saiu de fábrica, mas recebeu um turbocompressor HKS e agora entrega mais de 500 cv.