2014 talvez tenha sido um ano péssimo para a nossa economia e para o mercado automotivo brasileiro, mas ele também foi um ano excelente para o FlatOut Brasil e para o universo dos carros clássicos.
Começando com as dezenas de raridades que foram encontradas após anos esquecidas ou abandonadas mundo afora: foram nada menos que 11 barnfinds neste ano, sendo três deles mais do que especiais. O primeiro foi um Ford GT 40 original, um dos últimos da primeira leva dos esportivos fabricada pela Ford. Depois, os caras do programa Fast ‘N’ Loud encontraram os dois primeiros protótipos do Pontiac Firebird em um celeiro. Já no fim do ano foi a vez de um dos maiores tesouros automotivos da história: mais de 60 clássicos foram encontrados na França depois de 50 anos, incluindo uma raríssima Ferrari 250 GT.
O outro ramo dos clássicos que tem muito a comemorar em 2014 são os modelos leiloados neste ano. Embora a lista com os carros mais caros não tenha muita variedade de modelos — foram nada menos que nove Ferrari entre os dez mais — ela teve valores recordistas e verdadeiras preciosidades inigualáveis. Conheça a seguir os dez carros mais caros leiloados em 2014.
Ferrari 250 GTO 1962 – US$38.115.000 / R$ 102.660.000
A Ferrari 250 GTO já tem um exemplar no topo da lista de carros mais caros já vendidos — em 2012 alguém pagou absurdos US$ 35.000.000 pelo chassi 3505GT, feito para Stirling Moss em uma transação particular e a tornou o carro mais caro já vendido na história.
Agora, no último Quail Lodge em Monterey, Califórnia — um evento realizado junto com o Concours D’Elegance Pebble Beach, uma 250 GTO tornou-se o carro mais caro já vendido em um leilão. O modelo não foi pilotado por nenhuma grande lenda nem venceu alguma corrida importante. Ele simplesmente é um dos 39 exemplares fabricados e estava à venda. Como o potencial de valorização desse carro é altíssimo, ele quase nunca é vendido em leilões e a demanda por ele aumentou exponencialmente nos últimos anos, o leilão chegou a este patamar de preço.
Ferrari 275 GTB/C Speciale 1964 – US$26.400.000 / R$ 71.110.000
Ela não foi a mais cara, mas sem dúvida é a mais rara dessa lista. Foram feitos apenas três exemplares da GTB/C Speciale Berlinetta Competizione para homologar a versão da 275 que chegou em terceiro lugar nas 24 Horas de Le Mans de 1965.
Com o pedigree das pistas, um excelente estado de conservação e um V12 de 320 cv controlado por um câmbio de cinco marchas, a maior surpresa aqui não é o altíssimo preço pago por ela, mas sim o fato de não estar no topo da lista.
Ferrari 375 Plus Spider Competizione 1954 – US$18.400.177 / R$ 49.560.000
Esta foi uma das Ferrari 375 Plus Spider Competizione que integraram a equipe da fábrica há exatos 60 anos. O exemplar disputou uma série de corridas italianas com seu V12 de 4,9 litros. Mais tarde ele foi vendido a um piloto americano que a usou em corridas do Sport Club Car of America (SCCA) por alguns anos antes de abandoná-la completamente.
O exemplar acabou voltando à Itália, onde foi restaurado e reencontrou seu motor original (que, previsivelmente, fora substituído em certo momento). Foi graças a esta restauração e ao pedigree de ter sido uma Ferrari oficial da equipe de corridas que a “Tenebrosa quatro-nove” — como os ingleses a chamavam — atingiu esse preço estratosférico. Além do carro, o comprador também levou para sua mansão uma enorme lista de peças sobressalentes e até mesmo um motor extra.
Ferrari 250 GT SWB California Spider 1961 – US$15.180.000 / R$ 40.900.000
Esta é a mais famosa da lista depois da 250 GTO — você provavelmente a conhece de “Curtindo a Vida Adoidado” (Ferris Bueller’s Day Off – 1985). A Ferrari 250 GT SWB California Spider é um dos modelos mais célebres da história da Ferrari mesmo tendo apenas 37 exemplares produzidos com os faróis cobertos. Como toda Ferrari de sua época ela usa um bom e velho V12, aqui com três litros e 240 cv. O câmbio é manual de quatro marchas. Apesar do valor impressionante pago por ela, os leiloeiros já esperavam algo entre US$ 13.000.000 e US$ 15.000.000.
Ferrari 250 LM 1964 – US$11.550.000 / R$ 31.110.000
Mais uma 250 na lista: esta foi a 19ª de 32 exemplares de sua espécie e uma das únicas Ferrari 250 Le Mans a acabar nas mãos de colecionadores depois que a Ferrari foi “banida” do topo do pódio de Mans pelo Ford GT40.
Esse modelo ficou em segundo lugar no Pebble Beach Concours d’Elegance de 1969 (sim, sessenta e nove), nas mãos do seu segundo proprietário… que a bateu no mês seguinte em Hollywood (que história!). Depois disso, seu motor V12 de 3,3 litros e 320 cv acabou vendido e só reencontrou o chassi original em 2011, quando a 250 LM foi restaurada.
Ferrari GTB/4 1967 – US$10.175.000 / R$ 27.410.000
Se uma Ferrari V12 dos anos 1960 já é rara o bastante para valer uma bela fortuna, imagine então quanto vale uma Ferrari GTB/4 V12 de 300 cv que pertenceu a Steve McQueen?
O modelo foi entregue ao ator durante as filmagens de Bullit, o que significa que quando não estava no Mustang verde do filme, estava com esta belíssima Ferrari. Apesar de ter sido comprada por quase R$ 30.000.000 ela não é mais original de fábrica: Steve McQueen não gostava da cor dourada original e mandou que ela fosse repintada de Vermelho Chianti.
Ferrari 250 GT LWB California Spyder 1958 – US$8.800.000 / R$ 23.705.000
Mais uma Ferrari “Ferris Bueller”? Leia com atenção: esta é uma LWB, ou Long Wheel Base, o que significa que ela usa chassi longo. Foram feitos apenas 50 exemplares deste conversível com os faróis cobertos originais.
Além da beleza, da elegância e do seu V12 de três litros, 225 cv e três carburadores Weber, esta California Spyder também tem uma farta documentação sobre toda a sua manutenção desde nova. Isso é o que acontece quando você guarda todas as notas de serviço do seu antigo: quase dez milhões de dólares no bolso.
Ferrari 275 GTB/Competizione 1966 – US$7.860.283 / R$ 21.171.000
A segunda Ferrari mais rara desta lista teve apenas 12 exemplares construídos e nasceu como um modelo de competição. Por esse motivo ela tem chassi reforçado e aliviado e cubos de roda mais fortes. O motor é um V12 de 3,3 litros, 275 cv e cárter seco ligado a um transeixo de cinco marchas. Ela foi usada nas pistas no começo de sua vida, mas depois passou a ser guiada moderadamente.
Além da raridade, seu valor real está em sua originalidade certificada pela Ferrari Classiche, que inspeciona e repara os carros clássicos da marca. Atualmente, ela vinha sendo usada somente em ralis históricos.
Ferrari 250 Mille Miglia Berlinetta 1953 – US$7.860.283 / R$ 21.170.500
Sim, esta é a quinta 250 desta lista e também a mais antiga delas, do primeiro ano do modelo. Esta 250 MM foi destinada às competições nos EUA, que lhe renderam a pintura azul e branca.
Na América ela correu por toda a década de 1950 e 1960 e chegou até a ser a capa da edição de julho de 1965 da Road & Track. Em 1986 ela voltou à Itália, onde foi restaurada e passou a disputar todos os anos a versão história da Mille Miglia.
Ford GT40 protótipo 1964 – US$7.000.000 / R$ 18.860.000
É quase irônico, uma licença poética da história do automobilismo: depois de nove Ferrari, o décimo carro mais caro vendido em um leilão em 2014 é o maior algoz da Ferrari nas pistas de endurance, o Ford GT40. Mais exatamente o quarto GT40, o início daquela que seria a doce vingança de Henry Ford pelo “não” de Enzo Ferrari em sua proposta de compra.
Esse carro disputou as 24 Horas de Le Mans de 1964, onde ultrapassou os 320 km/h mas acabou pegando fogo na quarta hora de corrida. Ele foi consertado nos EUA e modificado pela Shelby para correr em 1965. Com um V8 289 (4,7 litros) de 350 cv, este é o segundo GT40 mais velho existente.