em 1979 o engenheiro chefe da ferrari mauro forghieri estava ciente de que uma nova revoluçao na formula 1 estava começando com a chegada dos motores turbo pela renault ela foi a unica equipe a apostar naquela tecnologia e embora ainda sofresse com a confiabilidade do motor quanto ele funcionava seu desempenho era extremamente competitivo os franceses tiveram ao menos um abandono em 13 das 15 corridas da temporada nas corridas que seus carros terminaram contudo eles conseguiram quatro podios sendo um deles a primeira dobradinha francesa na formula 1 a era turbo estava começando e a ferrari naturalmente ja estava se preparando para ela — tanto que em 1981 ja tinha uma versao sobrealimentada do seu v6 de tres litros mas aquele era apenas o primeiro passo forghieri sabia tambem que os carros turbo eram muito agressivos de forma que iriam exigir muito do piloto nos momentos em que fosse necessario segurar a direçao com apenas uma mao para realizar as trocas de marcha forghieri entao pensou nos sistemas sequenciais das motos de corrida e procurou uma forma de adapta los a ferrari 312 t usando atuadores hidraulicos para as mudanças o unico problema era o gerenciamento eletronico do negocio uma vez que a eletronica embarcada ainda era muito limitada sendo usada quase que exclusivamente para o gerenciamento de igniçao e injeçao e em alguns quadros de instrumentos de modelos de luxo na verdade este era o primeiro problema o outro era enzo ferrari ele nao poderia saber dos planos de forghieri porque nao gostava de andar em territorio desconhecido e porque nao permitiria os gastos com a produçao do prototipo e com os testes forghieri contudo era um protegido de enzo ferrari ele foi um dos unicos que se manteve fiel a scuderia na grande debandada na qual enzo demitiu todos os seus chefes de departamentos de uma so vez e foi promovido a engenheiro chefe com apenas 28 anos a equipe de engenharia da ferrari contudo estava entusiasmada para fazer o negocio funcionar seria realmente revolucionario um carro capaz de trocar as marchas sem que o piloto precisasse tirar as maos do volante com um sistema eletrohidraulico relativamente complexo e pesado forghieri e seus engenheiros instalaram a transmissao sequencial em uma ferrari 312 t3 o manuseio das marchas era feito por apenas dois botoes no volante um deles acoplava o cambio e o outro trocava as marchas a comunicaçao dos botoes era feita por fios presos aos raios do volante e a coluna de direçao e depois passados para a traseira onde ficava a unidade de comando ainda durante o verao de 1979 gilles villeneuve assumiu o posto da 312 t3 semi automatica e entrou na pista de fiorano para colocar o negocio a prova foram 100 voltas com tempos cada vez mais baixos sempre na media ou pouco abaixo do tempo de uma ferrari 312 t3 convencional mauro forghieri fez o negocio funcionar villeneuve contudo saiu do carro com um balde de moretti quente na cabeça de forghieri o cambio funciona mas estou preocupado com esses fios no volante nao me leve a mal mas eu nao gostaria de usar esse cambio e prefiro falar com enzo sobre isso disse o canadense na conversa com enzo villeneuve explicou a situaçao e disse que nao se sentia seguro pois achava que o negocio lhe daria um choque eletrico a qualquer momento enzo nao ficou muito contente ao saber do teste apoiou villeneuve e interrompeu o desenvolvimento do cambio semi automatico pedindo para que forghieri e sua equipe aguardassem condiçoes mais favoraveis anos depois forghieri disse que jamais colocaria um carro nas pistas com a configuraçao daquele prototipo pois na versao final o chicote eletrico ficaria protegido e nenhum fio iria aparecer no volante e que enzo prometeu a gilles outro protegido seu que aquele sistema jamais voltaria a ser considerado em uma rara situaçao de segunda chance na industria automobilista e no segmento de tecnologias o projeto acabou desengavetado em 1988 quando forghieri ja havia deixado a ferrari — e estava na lamborghini — e john barnard havia sido contratado depois de se desentender com ron dennis na mclaren barnard era o genio por tras do mclaren mp4/1 e pela linhagem de carros que venceu as temporadas de 1984 e 1985 na ferrari ele chegou com a missao de devolver a scuderia ao topo da formula 1 e para isso ele faria um carro totalmente novo e a altura dos williams e mclaren que dominaram os anos 1980 a ferrari nao vencia desde a vitoria de michele alboreto no gp da alemanha de 1985 e precisava urgentemente de um carro mais competitivo que o f1/86 de harvey postletwaite quando barnard chegou a ferrari o carro de 1987 ja estava sendo desenvolvido pelo assistente tecnico da scuderia gustav brunner entao barnard apenas auxiliou o colega na finalizaçao do projeto o carro era bem mais compacto que o antecessor devido a adoçao do novo motor v6 substituindo o antigo que era usado desde 1981 o carro ate se mostrou competitivo quando funcionava vencendo os gp do japao e da australia de 1987 com gerhard berger para 1988 contudo a ferrari usaria outro projeto totalmente novo agora projetado inteiramente por john barnard [caption id= attachment_306862 align= aligncenter width= 1084 ] ferrari f1/87[/caption] o problema e que o desenvolvimento atrasou — afinal o carro usaria tudo novo de novo do motor as asas — e a ferrari teve de usar o f1/87 com a dianteira redesenhada e rebatizado como 88c evidentemente nao foi suficiente e a ferrari venceu apenas uma corrida em 1988 — a unica que nao foi vencida por um mclaren mp4/4 a demora nao se devia apenas ao desenvolvimento da aerodinamica inovadora com um bico fino e entradas de ar nas laterais — otimizando a admissao de ar para os radiadores que como de costume ficavam nos sidepods do carro tambem nao foi culpa do motor v12 de 3 5 litros de aspiraçao natural capaz de produzir 600 cv a 12 500 rpm o atraso tambem se deveu ao desenvolvimento da maior inovaçao daquele carro o elemento que levava a força do motor as rodas traseiras a primeira transmissao semi automatica da formula 1 ao contrario do que se pode imaginar contudo o objetivo de barnard nao era reduzir o tempo das trocas de marcha e consequentemente dar voltas mais rapidas era muito mais uma questao de espaço como o proprio barnard explicou em 2005 em uma entrevista aos ingleses da motorsport magazine o projeto começou porque eu queria deixar o monocoque bem estreito era bem trabalhoso conseguir espaço no cockpit para o seletor de marchas e a mao do piloto eu pensava que em vez de uma alavanca a gente poderia colocar um botao entao foi uma questao de espaço as varetas do cambio afetavam muita coisa e obviamente o piloto precisava tirar as maos do volante durante as trocas resolvemos isso e economia de tempo veio depois https //www youtube com/watch v=ruta0cftdse a ideia dos botoes foi abandonada quando um membro da equipe sugeriu que se usassem alavancas atras do volante mas a ideia geral continuou inalterada o principio e essencialmente o mesmo vislumbrado por forghieri em 1979 e usado pela f1 ate hoje o piloto selecionava as trocas de marcha atraves das alavancas atras do volante na mao esquerda ficavam as reduçoes e na direita as trocas ascendentes o piloto dava inicio ao processo pressionando a alavanca depois disso uma central eletronica dava conta do resto simulando o trabalho dos pes do piloto o computador desacoplava a embreagem enviava um sinal para que os atuadores eletrohidraulicos trocassem a marcha e finalmente acoplava a embreagem novamente [gallery type= grid link= file columns= 2 size= medium ids= 276205 276204 ] no caso das trocas ascendentes a central cortava a igniçao temporariamente e nas reduçoes fazia trabalho de sincronizar a aceleraçao descrevendo assim parece que se passou uma eternidade mas tudo acontecia em algo entre 250 e 300 milissegundos o sistema fez sua estreia no gp do brasil em jacarepagua no rio de janeiro com gerhard berger e nigel mansell — que havia acabado de deixar a williams o proprio mansell admite que nao confiava nem um pouco no novo carro depois da corrida o bigodudo ate brincou dizendo que havia ate reservado uma passagem de aviao de volta para casa pois achou que nao seria nem mesmo capaz de terminar a corrida ele venceu https //www dailymotion com/video/xmie8b ainda que tenha vencido sua primeira corrida pela scuderia o que lhe colocava em uma posiçao confortavel nas corridas seguintes foram raras as vezes em que a ferrari 640 chegou ao fim de uma prova na maioria das vezes a causa eram problemas no computador que controlava as trocas de marcha por outro lado quando tudo corria bem as ferrari jamais cruzaram a linha de chegada em uma posiçao mais baixa que a terceira foi a deixa que a scuderia precisava para dar sequencia ao desenvolvimento de sua transmissao semi automatica no ano seguinte barnard apresentou a ferrari 641 desenvolvimento direto do carro anterior alem de um entre eixos mais longo aerodinamica revisada e um motor mais potente com 680 cv o monoposto trazia uma versao aperfeiçoada e mais confiavel da caixa semi automatica a receita garantiu seis vitorias — cinco do recem contratado alain prost e uma de nigel mansell a ferrari contudo so voltou a conquistar um titulo de construtores em 1999 com michael schumacher e eddie irvine coletando os pontos embora mika hakkinen tenha ficado com o titulo de pilotos pela mclaren aquela altura contudo todos as equipes ja haviam adotado a transmissao semi automatica e sua capacidade ja estava mais do que provada
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