se existe algo que enzo ferrari sabia fazer bem e cuidar do nome ferrari desde os dias em que era apenas uma equipe de competiçao da alfa romeo sua scuderia ferrari sempre foi envolta numa mistica de vitoria e de algo superior nao a toa; e uma imagem cuidadosamente cultivada por seu criador assim como sua propria imagem; enzo era o papa do norte uma figura sempre observada de longe a meia luz e por tras de oculos escuros marlon brando pode ter tornado esses dramaticos chefoes italianos famosos mas enzo sem duvida e inspiraçao para ele mas independentemente de todo misterio proposital e toda aura divina cuidadosamente construida durante anos a fio existia o homem enzo ferrari real falho como todos nos o mito fica maior que a pessoa somente depois de sua maior tragedia pessoal a morte de seu filho alfredo dino ferrari no meio dos anos 1950 depois da morte de dino enzo fica cada vez mais recluso e dedicado ao trabalho mais melancolico e parecido com um velho vito corleone [caption id= attachment_270114 align= aligncenter width= 999 ] enzo e alfredo ferrari 1954[/caption] dino ferrari sempre foi um menino doente qual foi esta doença e algo envolto em misterio e controversias e que nunca teve uma resposta definitiva por isso mesmo nao vale a pena entrar muito neste assunto; basta saber que acaba por morrer cedo aos 24 anos de idade no meio do ano de 1956 nao se pode dizer que sua morte nao era esperada mas nem por isso e menos tragica especialmente para seus pais enzo e sua esposa laura garello ferrari nunca deram a entender que tinham um casamento feliz cheio que foi de separaçoes prolongadas e casos amorosos por parte de enzo mas casamento na italia de seu tempo era uma instituiçao sagrada e se mantiveram juntos por toda vida custasse o que custasse mas se nao parece que enzo fosse apaixonado pela esposa por outro lado nao ha duvida nada era mais importante que dino para ele esta devoçao completa a seu filho começa desde o nascimento quando ele nasce em 1932 ferrari abandona definitivamente as pistas passo responsavel para um novo pai de familia em uma era em que a maioria dos pilotos nao sobrevivia a uma temporada inteira mas algo incomum entao o trabalho o orgulho patriarcal masculino vinha antes naquela epoca dino era tudo para enzo se laura ferrari nunca foi um amor era de qualquer forma a mae de dino; por isso e por isso apenas devia ser absolutamente respeitada e por isso que seu filho fora do casamento piero lardi so foi reconhecido em 1978 quando laura morreu piero lardi ferrari e o unico herdeiro de enzo hoje um bilionario dino se forma em economia em bolonha e em engenharia mecanica na suiça e começa a trabalhar na ferrari em 1955 mas logo sua doença o impede de andar segue se longo periodo de invalidez e cama antes do inevitavel fim dino = v6 durante o periodo que dino esteve acamado enzo passava muito tempo com ele conversando inevitavelmente sobre competiçoes e a fabrica numa dessas longas conversas com o pai e o engenheiro vittorio jano discutem sobre o motor ideal para a nova formula 2 de 1 5 litro dino prefere o v6 ao inves do 4 em linha sugerido por jano [caption id= attachment_270115 align= aligncenter width= 999 ] dino 156 1957 o primeiro dino[/caption] um parentese aqui para falar sobre os motores e a hierarquia da ferrari no meio dos anos 1950 os carros de rua sempre eram v12 apaixonado desde cedo pelo som e o status da exotica configuraçao inaugurada por jesse vincent na packard americana enzo acreditava que um ferrari de rua precisava deles para manter sua aura de superioridade mas em competiçao o espirito de vencedor era o que comandava qualquer configuraçao servia contanto que trouxesse vitorias no meio dos anos 1950 uma familia de motores de quatro cilindros em linha entre 2 e 3 4 litros fez grande sucesso em competiçao por exemplo e seu sucesso gerou alguns bicilindricos de dois litros experimentais para as pistas motor bom era o que vencia corridas [caption id= attachment_270116 align= aligncenter width= 999 ] ferrari 246 formula 1 e ferrari v6 ou nao [/caption] o v6 desenhado por jano para formula 2 aparece em 1957 em um carro chamado dino 156 uma homenagem a seu filho falecido a nova marca usaria somente v6 o motor que segundo enzo fora inventado por seu filho claro que nao e verdade a lancia aurelia ja usava motores nesta configuraçao desde 1950 este carro inaugura tambem um novo metodo de nomenclatura 156 significava 1 5 litros seis cilindros um pouco mais logico que o antigo metodo de cilindrada unitaria usado ate entao que fazia um v12 de 3 litros um ferrari 250 e um 4 em linha dois litros um ferrari 500 [caption id= attachment_270243 align= aligncenter width= 960 ] dino 206 sp 1965[/caption] esta familia de v6 de competiçao todo em aluminio 65° entre bancadas para permitir cabeçotes dohc projetado por jano seria um motor de vida longa em competiçoes ate os anos 1970 ainda estaria em uso em varios dino e ferrari de competiçao o estranho e que ao lançar o dino a ideia era que os ferrari fossem v12 e os dino v6 mas quando se decide usar o carro de f2 com cilindrada aumentada na f1 em 1959 enzo o chama de ferrari 246 mesmo sendo v6 o nome ferrari nao podia sair da f1 afinal de contas e isso era mais importante que qualquer homenagem a um filho falecido a marca dino seria apenas a ferrari junior e nao necessariamente v6 dinos competiriam na f2 e em categorias de menor cilindrada em carros esporte o fato de que usaram apenas v6 ate seu fim em competiçoes nos anos 1970 apenas ajudava a associarmos esta configuraçao e motor com a sub marca ferrari fiat + ferrari dino mas nas ruas ainda nao existia duvidas ferrari era somente v12 assim permanece a marca ate a chegada dos anos 1960 nesta epoca os laços da ferrari com a fiat se estreitavam; desde a recusa de enzo a vender sua empresa para a ford ajudas esporadicas da empresa dos agnelli sempre ajudaram a ferrari a continuar saudavel e representando a italia em competiçoes este relacionamento culmina com a compra da ferrari pela fiat em 1969 [caption id= attachment_270113 align= aligncenter width= 999 ] fiat dino[/caption] uma destas ajudas aconteceu ao redor de 1964 1965 e foi importante nao somente para esta historia mas tambem para a transiçao da ferrari para o mundo moderno ate ali ainda era um fabricante de carros de corrida que vendia alguns carros de rua carissimos feitos a mao a um ritmo pequeno quase irrisorio hoje e um grande fabricante de esportivos caros para rua que compete em formula 1 apenas tudo começa claro com competiçao uma nova regra para a formula 2 ditava nao so um deslocamento maximo de 1 6 litros mas tambem o uso de um bloco de motor de rua de produçao normal para homologa lo eram necessarios pelo menos 500 motores produzidos no ano de 1966 a ferrari pretendia usar mais uma versao de seu motor dino v6 para esta nova f2 mas produzir 500 motores era um problema intransponivel 500 carros/ano era a produçao total da empresa em media um v6 de rua mesmo se esquecendo que ferrari era sempre v12 significava dobrar a produçao [caption id= attachment_270090 align= aligncenter width= 800 ] o v6 fiat/ferrari de lampredi aqui com transeixo ferrari[/caption] mas francesco bellicardi da weber ao saber deste problema diz a enzo que pode ajudar sabe que a fiat gostaria de um esportivo mais quente que a versao cupe do fiat 2300s mas estava sem ideias de como faze lo sem criar um motor novo talvez um acordo pudesse ser feito aqui de uso do motor em fiat tambem atingindo assim facilmente a produçao de 500 carros/ano bellicardi que obviamente venderia muitos carburadores aqui faz a ponte e marca uma reuniao entre ferrari agnelli e vittorio valleta presidente da fiat onde em uma tarde fecham um plano a fiat projetaria um novo motor de alta produçao partindo do v6 dino projeto a cargo de aurelio lampredi ferrari so aceitou desta forma porque conhecia lampredi seu funcionario antes de se mudar para a fiat a fiat faria um carro esporte de alta produçao que usaria o motor e a ferrari tambem o usaria em um novo carro menor e mais barato que os atuais alem de resolver o problema do motor de f2 era um negocio potencialmente muito lucrativo para ambos para a ferrari principalmente foi um negocio perfeito o novo ferrari v6 teria motor central traseiro uma forma de testar a configuraçao que fazia sucesso no lamborghini miura antes de usa la nos ferrari de verdade para tal inauguraria uma nova marca de ferrari mais barato e acessivel a dino se fosse um fracasso ainda teria sua velha imagem intacta; e sabemos quanto isso era importante para ele o dino v6 para as ruas lampredi recebe um motor v6 dino de corrida de ultima evoluçao com 1596 cm3 com 65° graus entre bancadas dois comandos de valvulas em cada cabeçote acionados por corrente quatro mancais e virabrequim forjado seu trabalho seria transformar este motor de competiçao num motor de rua a ser produzido em serie em moldes permanentes na fiat e para ser usado em um carro fiat durabilidade sem manutençao demasiada algo alienigena para a ferrari era basico aqui lampredi mantem o curso em 57mm mas alarga o diametro de pistao de 77 para 86 mm para chegar em 1987 cm³ camisas de ferro fundido e pistoes de aço forjado sao usados e uma taxa de 9 1 e selecionada para usar combustivel normal tres carburadores weber claro duplos 40dcn14 sao montados no centro do v esta primeira versao do dino v6 de rua tinha bloco e cabeçotes em aluminio a potencia era de 160 cv a 7 500 rpm com torque maximo de 17 4 kgfm a 2 600 rpm os motores eram identicos mesmo part number mas por algum motivo quando montado no futuro dino 206 gt se declarava 180 cv 20 a mais que o fiat o primeiro carro a ser oferecido ao publico com este motor foi o fiat dino spider a partir de novembro de 1966 o fiat era um carro novo mas usava as dimensoes basicas e algumas peças de 124 spider o cambio era um novo cinco marchas baseado no fiat 2300 mas com uma extensao atras para a quinta marcha e mais algumas alteraçoes internas a carroceria era autoportante com entre eixos de 2280 mm identico ao do 125 spider na dianteira a suspensao era parecida com a do 124 com duplo a sobreposto e caixa de direçao zf mas a suspensao traseira vinha do 2300 de seis cilindros em linha um eixo rigido com feixes de mola mas amortecedores duplos em cada roda e um longo braço de controle superior de cada lado pivotado no fim do carro la atras o diferencial era autoblocante borg & warner o desenho da carroceria era de pininfarina um roadster controverso que muitos acham maravilhoso mas outros um pouco atarracado demais era certamente no tema da epoca e pode se ver um pouco do dino 206 sp de competiçao bem como o dino 206 gtb de rua que apareceria depois ambos desenhos de aldo brovarone na pininfarina a fiat mandava o assoalho para a pininfarina que soldava a carroceria em cima e a devolvia para turim que finalizava o carro em março de 1967 chega o segundo carro o fiat dino coupe mecanicamente era igual ao spider mas usava um entre eixos maior de 2550 mm para que quatro adultos pudessem caber dentro a carroceria era de giugiaro na bertone na verdade o substituto do cupe 2300s que disparou todo o evento modificado para a nova mecanica simples e classico como tudo que vem de giugiaro e de uma delicada beleza inexistente no roadster e tambem mais pratico com bancos traseiros rebativeis e mais silencio e sofisticaçao o versao de dois litros do fiat dino apesar de ser a mais lenta e a preferida dos entusiastas o pequeno v6 de aluminio e uma joia girador e leve martin buckley na c&sc o motor soa soberbo a plena carga grave e gutural como um gargarejo com parafusos abaixo de 5 000 rpm acima disso o zunido dos cames o barulho das correntes e a sucçao dos carburadores se fundem em um crescendo de arrepiar entre 6 000 rpm e a linha vermelha de 8 000 rpm a troca de marcha tambem era mais gostosa no 2 litros bem como o equilibrio geral do chassi o roadster pesando 1 280 kg fazia 0 100km/h em 8 1 segundos e chegava a 220 km/h ainda em 1968 aparecia a moderna igniçao eletronica magneti marelli dinoplex c junto com o novo dino 208 gtb/gts o dino de motor central a marca dino para as ruas porem aparece depois do fiat lançado ao fim de 1967 como ano/modelo 1968 o 206 gt/gts era a culminaçao de anos de preparo e duvidas na ferrari em 1966 a pininfarina ja tinha mostrado o dino berlinetta speciale de tres lugares o primeiro indicio que se estudava um dino de motor central [caption id= attachment_270087 align= aligncenter width= 999 ] tres lugares dino berlinetta speciale 1966[/caption] o marca dino aqui servia como fachada como teste para um monte de primazias para maranello primeira direçao pinhao e cremalheira primeiro carro com motor traseiro central primeiro motor de rua que nao era v12 o preço do dino era tambem diferente metade do preço do ferrari v12 mais barato com o preço identico ao do porsche 911s enzo se protegia com a marca do filho no folheto de propaganda dizia se pequena brilhante segura quase uma ferrari nao existia nenhum logotipo ferrari no carro era um dino nao um ferrari [caption id= attachment_270077 align= aligncenter width= 999 ] o prototipo do 208 gt[/caption] o v6 agora estava transversal traseiro acoplado a um transeixo ferrari de 5 velocidades e comando por alavanca preta sobre grelha cromada claro o chassi era tradicional ferrari spaceframe de tubos de aço soldado com carroceria de aluminio belissima desenhada por aldo brovarone na pininfarina suspensoes duplo a sobrepostos e freios a disco ventilados nas quatro rodas completavam uma especificaçao ainda hoje perfeita pesando pouco mais de 900 kg era tambem mais veloz que os fiat dino o 0 100 chegava em 7 5 segundos e a maxima era de 235 km/h apenas 150 dino 206 gt/gts foram produzidos ate a chegada da segunda geraçao do motor em 1969 agora o bloco era em ferro fundido para reduzir barulho e vibraçao somado a isso um aumento tanto no diametro de pistao como seu curso para 92 5 x 60 mm resulta num deslocamento de 2 418 cm³ a mudança visava aumentar torque mas trouxe mais potencia tambem agora eram 180 cv a 6 600 rpm 190 cv no ferrari e 22 kgfm a 4 600 rpm o dino mudava o nome tambem agora era um 246 gt/gts os fiat dino mudaram nao so no motor com o 2 4 agora o cambio era um zf com primeira dogleg e a suspensao traseira era a do fiat 130 recem lançado independente um chapman strut modificado entre bloco de ferro fundido cambio zf parrudo e nova suspensao ganham quase 200 kg de peso o desempenho e inalterado o 246 gt porem fica ainda mais gostoso de dirigir e somando se a isso seu preço atrativo sua carroceria bonita e um tremendo sucesso em alguns anos aumenta exponencialmente a capacidade de produçao em maranello 3 761 sao feitos ate 1974 o mais vendido ferrari ate ali dino v8 em 1973 os fiat dino deixam de ser produzidos e aparece um novo dino o 308 gt4 como o nome diz era agora um v8 de tres litros e 255 cv uma versao de dois litros para mercado italiano o 208 gt4 tambem existe ainda em posiçao central traseira o carro tinha entre eixos alongado 2 550 mm o mesmo do fiat dino coupe para levar mais dois passageiros era um 2+2 a carroceria era bertone raro na epoca em que todo ferrari era pininfarina mas sim claro era um dino e nao um ferrari muitas coisas diferentes aconteciam em paralelo que iriam em breve relegar a marca dino ao passado desde 1969 a ferrari era uma subsidiaria da fiat por exemplo tambem se notava que os donos de dino se referiam a eles como ferrari dino um modelo nao uma marca muitos espalhavam letreiros logotipos e cavalinhos rampantes carro afora parecia que realmente nao faria mal algum um ferrari v6 ou v8 era como todos ja encaravam os dino em 1976 paralelo ao lançamento do 308 gtb/gts o substituto do dino 246 gt que levava o novo v8 inaugurado no gt4 acaba a marca dino o v8 2+2 era agora um ferrari 308gt4 e o novo carro um ferrari 308 gtb o nome dino se perdeu no tempo mesmo os 206/246 gt sao conhecidos como ferrari hoje retrofitados sem do com cavalinhos que nao existiam ao sair de fabrica mas a sua linhagem permanece todo ferrari de motor central traseiro tem seu ancestral direto em um dino e nao um ferrari e sao seus modelos mais vendidos ainda hoje um interessante capitulo desconhecido mas muito importante da historia da marca
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