AFun Casino Online

FlatOut!
Image default
Car Culture

Fiat Bravo Giannini Concept e o hot hatch de cinco clindros que não tivemos aqui

É curioso como alguns dos carros dos anos 1990 são onipresentes nas ruas, enquanto outros praticamente desaparaceram – e é fácil nos esquecermos deles. Um bom exemplo vem da Fiat: aposto que volta e meia você topa com um Fiat Palio dos anos 90 por aí.

Ainda não é assinante do FlatOut? Considere fazê-lo: além de nos ajudar a manter o site e o nosso canal funcionando, você terá acesso a uma série de matérias exclusivas para assinantes – como , ,  e muito mais!

 

FLATOUTER

O plano mais especial. Convite para o nosso grupo secreto no Facebook, com interação direta com todos da equipe FlatOut. Convites para encontros exclusivos em SP. Acesso livre a todas as matérias da revista digital FlatOut, vídeos e podcasts exclusivos a assinantes. Direito a expor ou anunciar até sete carros no GT402 e descontos em oficinas e lojas parceiras*!

R$ 26,90 / mês

ou

Ganhe R$ 53,80 de
desconto no plano anual
(pague só 10 dos 12 meses)

*Benefícios sujeitos ao único e exclusivo critério do FlatOut, bem como a eventual disponibilidade do parceiro. Todo e qualquer benefício poderá ser alterado ou extinto, sem que seja necessário qualquer aviso prévio.

CLÁSSICO

Plano de assinatura básico, voltado somente ao conteúdo1. Com o Clássico, você terá acesso livre a todas as matérias da revista digital FlatOut, incluindo vídeos e podcasts exclusivos a assinantes. Além disso, você poderá expor ou anunciar até três carros no GT402.

R$ 14,90 / mês

ou

Ganhe R$ 29,80 de
desconto no plano anual
(pague só 10 dos 12 meses)

1Não há convite para participar do grupo secreto do FlatOut nem há descontos em oficinas ou lojas parceiras.
2A quantidade de carros veiculados poderá ser alterada a qualquer momento pelo FlatOut, ao seu único e exclusivo critério.

Eu era muito novo, mas lembro bem do lançamento do Palio em 1996. Seu design, criado pelo estúdio italiano I.DE.A, era bem ousado para a época – a dianteira tinha um desenho agressivo, as lanternas traseiras eram coladas ao vidro, a carroceria quase não tinha vincos e sua silhueta era dinâmica, com para-brisa bem inclinado e capô quase em forma de cunha. O Palio vendeu muito bem e sobrevive até hoje na perua Weekend e na picape Strada.

Por outro lado, alguns carros têm vida curta, mesmo que não mereçam. Um exemplo contemporâneo do Palio é o Fiat Brava. Ele foi lançado na Europa em 1995 e chegou ao Brasil em 1999, dois anos depois do encerramento da fabricação de seu antecessor, o Fiat Tipo – que saiu de cena com a reputação destruída pelos casos de “combustão espontânea”.

Mesmo lançado com quatro anos de atraso no Brasil, o Brava ainda era um carro de desenho muito moderno e ousado para a época. Era bem equipado, com direito até mesmo a ar-condicionado automático. Tinha bom espaço interno, acabamento bem satisfatório e bom desempenho na versão HGT, que tinha um motor 1.8 16v de 132 cv.

Mas ele foi vendido por apenas quatro anos, entre 1999 e 2003, e seu desempenho nas vendas foi apenas razoável. Em 2001, foram emplacadas 12.207 unidades, rendendo ao Fiat Brava a 28ª posição no ranking anual. No mesmo ano, o Volkswagen Golf – mais vendido entre os hatches médios – ficou com o 10º lugar na classificação geral, com 32.627 exemplares. Isto ajuda a explicar por que não se vê tantos Brava por aí. E o Fiat Marea, sua versão sedã/perua, é mais lembrado.

Pensei em tudo isto depois que o Leo me falou sobre o conceito Giannini Fiat Bravo Windsurf, apresentado em no Salão 1996 – um ano depois do lançamendo do Brava. Esse cara aí embaixo:

Seu formato é tipicamente noventista, com uma carroceria bastante arredondada, teto do tipo canopi e uma asa traseira integrada. A dianteira é claramente inspirada pelo que se via no Brava (e no Marea), assim como as lanternas traseiras, que vinham diretamente do carro de produção. “Windsurf” era uma referência à aerodinâmica do carro, que foi esculpido em um túnel de vento.

Um detalhe interessante: a responsável pelo design e construção foi a mesma Giannini que, na década de 80, ficou conhecida por seus Fiat Uno com turbo e carroceria widebody – sobre os quais falamos aqui.

E o desenho, veja só, foi concebido em parceria com o estúdio I.DE.A. Infelizmente, porém, tudo indica que se trata de um conceito estático, não funcional e sem interior, embora Fiat tenha dito na época que o conceito foi baseado no Brava e em sua versão de duas portas, o Bravo.

Inicialmente a Fiat planejava trazer o Bravo para o Brasil – a ideia era importá-lo da Itália assim que o Tipo saísse de linha. Contudo, a alta do dólar no final dos anos 1990 e os incidentes com o Tipo (apenas os carros importados pegaram fogo) levaram a Fiat a mudar de ideia e preparar sua planta em Betim/MG para fabricar o Brava localmente.

A carroceria de quatro portas certamente também jogou a favor do Brava – naquela época o grande público já começava a preferir as portas a mais, pela praticidade. E o Brava tinha uma carroceria bonita, com perfil imponente, e as criativas lanternas traseiras divididas em três seções que foram usadas no conceito da Giannini.

Por outro lado, como seria se a Fiat tivesse investido no Bravo por aqui? Para a fabricante italiana, o irmão de duas portas do Brava era um carro de caráter mais esportivo – tanto que, na Europa, ele foi o único a receber a versão HGT. E esta era bem mais interessante que o “nosso” Brava HGT, pois contava com o motor cinco-cilindros Fivetech de dois litros, com comando duplo no cabeçote e quatro válvulas por cilindro. Entre 1995 e 1998, o o Bravo HGT dispunha de 147 cv a 6.100 rpm, com 18,9 kgfm de torque a 4.500 rpm. Era o bastante para ir de zero a 100 km/h em 8,5 segundos.

A partir de 1999, o motor Fivetech passou a entregar 155 cv a 6.500 rpm. Já o torque permaneceu o mesmo, porém chegando mais cedo, às 3.500 rpm. Com isto, o tempo de zero a 100 km/h passou a oito segundos cravados. Para se ter ideia, o Brava HGT brasileiro fazia o mesmo em 9,5 segundos.

Do lado de fora, o Bravo HGT também tinha um bodykit mais agressivo, rodas de 15 polegadas e discos ventilados nas quatro rodas (284 mm na dianteira e 240 mm na traseira). Por dentro, o sóbrio habitáculo ganhava um volante de três raios e bancos com maior apoio, opcionalmente revestidos em couro. Visualmente ele fazia a linha esporte-fino, entregando sua verdadeira personalidade no desempenho e no ronco característico do Fivetech.

É de se imaginar que, caso a Fiat tivesse lançado no Brasil um Brava HGT com a mesma receita do hot hatch italiano, ele seria mais lembrado pelos entusiastas – ainda que, provavelmente, da mesma forma mezzo agridoce, mezzo irônica que faz com o Marea.

É inegável que a versão Turbo, com o Fivetech 2.0 de 182 cv, tinha desempenho incrível para a virada dos anos 2000 (0-100 km/h nos oito segundos baixos, máxima de 220 km/h) – mas também é inegável que o motor temperamental, que exigia ferramentas específicas para operações simples e manutenção rigorosamente em dia, manchou sua imagem para a posteridade. Isto posto, as versões mais simples, com motor quatro-cilindros, conseguiram manter o Marea vivo até a segunda metade dos anos 2000.

No fim das contas, a Fiat chegou a trazer alguns exemplares do Bravo para o Brasil pouco antes de desistir da ideia e lançar o Brava. E também chegou a colocar o motor Fivetech 2.4, de 160 cv a 6.000 rpm e 21 kgfm de torque, no cofre de três exemplares do Brava HGT para uso interno – dois deles existem até hoje, como contamos neste post. E um até passou pela nossa seção de Project Cars.

A verdade, porém, é que a Fiat jamais conseguiu emplacar carros de passeio maiores e mais refinados no mercado brasileiro, por diferentes razões – e uma delas até pode ser o desalinhamento com o mercado europeu neste sentido, que já dura décadas. A segunda geração do Bravo, lançada em 2010, foi sua última tentativa – com direito a uma versão T-Jet de 152 cv, o mesmo do Punto. Durou seis anos, deixando o mercado em 2016, sem causar alarde.

Olhando para a frente, é difícil enxergar alguma perspectiva para um futuro hatch médio esportivo no Brasil — seja ele da Fiat ou de qualquer outra marca. Além disso, o braço local da Fiat continuará concentrando-se nos compactos ao mesmo tempo em que, como as rivais, investirá em SUVs, crossovers e picapes. Como fã, só posso revisitar o passado, conhecer conceitos obscuros e lamentar, resignado, os hot hatches de sangue italiano que não tivemos.