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Car Culture

Figure 8 Racing: a bizarra categoria de corrida com um cruzamento no meio da pista!

O automobilismo é, e sempre será, um esporte perigoso. Não importa quantas medidas sejam tomadas para aumentar as chances de um piloto sair ileso, ou mesmo vivo, de um acidente: a emoção das corridas sempre estará atrelada ao risco de envolver-se nelas. Dito isto, existe um pessoal que leva os riscos longe demais: os adeptos do Figure 8 Racing, categoria disputada em circuitos curtos, velozes e com forma de 8 — como aquelas que tínhamos em nossos autoramas quando éramos moleques. Ou temos até agora, vai saber…

larry_mendelsohnNão há como saber se foi a vida que imitou a brincadeira ou o contrário. Dito isto, não é difícil imaginar um bando de lunáticos brincando de autorama e pensando: “cara, seria uma boa ideia fazer uma corrida de verdade em uma pista como esta, não?” Bem, provavelmente não foi isto que aconteceu, também.

Diferentemente de outras categorias maiores, que têm uma história bem documentada, não se sabe muito a respeito da história do Figure 8 Racing. O que se sabe é que foi o piloto de stock car Larry Mendelsohn quem teve a ideia em 1958.

De acordo com um artigo escrito publicado em 1996 no New York Times, ele percebeu que boa parte do público, senão a maioria, ia até os autódromos para ver os acidentes mais do que a corrida em si. Nasciam, então, as corridas de demolição, que em inglês são chamadas de demolition derby.

O primeiro demolition derby aconteceu ainda naquele ano no circuito de Islip Speedway, na cidade de Islip, estado de Nova York. Com apenas 320 metros de extensão (0,2 milhas!), o circuito era perfeito para receber dezenas de carros prontos para se chocarem uns contra os outros e ver quem era o último a entregar o jogo. A ideia fez tanto sucesso que Larry Mendelsohn a patenteou, e as corridas de demolição são realizadas até hoje.

O caso é que, em 1962, um “X” foi incorporado ao traçado, no meio do oval. A ideia era misturar uma corrida “de verdade” a uma corrida de demolição, com vinte ou trinta carros percorrendo o curto traçado em forma de “8” e, inevitavelmente, chocando-se uns contra os outros.

As corridas no “Figure 8” Larry Mendelsohn fizeram tanto sucesso que ele se tornou promotor oficial do circuito de Islip Speedway. Em 1964, Mendelsohn decidiu aumentar a escala das coisas e criou o “Figure 8 World Championship”, a fim de transformar as corridas em algo rentável para a televisão.

Ele conseguiu vender a categoria para a ABC-TV, que começou a exibir provas ao vivo e reprises em seu programa Wide World of Sports, exibido nas tardes de sábado, logo antes das corridas de demolição. Com a boa audiência, o circuito de Isle Speedway logo começou a ser conhecido como “O Mundialmente Famoso Circuito de Isle Speedway”.

As provas foram exibidas na TV até 1984, quando deixaram de ser realizadas e deixaram espaço apenas para as corridas de demolição. Estas foram exibidas até 1984, quando a pista foi fechada.

No Mundial de Figure 8, pilotos de todos os estados dos EUA iam até Isle Speedway para disputar o título de “campeão mundial” em uma série de disputas cheias de acidentes e adrenalina. Com o fim do campeonato, deixou de existir uma categoria organizada. No entanto, a modalidade tornou-se popular em diversos eventos regionais, e dezenas de circuitos espalhados pelos EUA têm suas próprias federações.

As primeiras provas de Figure 8 eram disputadas com carros parecidos com os bólidos de stock car. No entanto, eles eram ainda mais depenados, perdiam os para-brisas (para que eles não se estilhaçassem e ferissem os pilotos), ganhavam gaiolas de proteção mais resistentes e placas de metal que agiam como “armaduras”.

Estes carros continuam populares entre os adeptos da categoria, mas não são mais os únicos. Há diversas subcategorias: picapes, bugues, hatchbacks de tração dianteira, e até ônibus — estes, simplesmente porque a chance de bater é maior, e os estragos são ainda mais fáceis de se ver. O negócio é bruto, mesmo!

Achou loucura demais? Então veja esta aqui: uma corrida apenas para picapes puxando carretinhas (daquelas que carregam barcos par a pescaria do fim de semana:

Como já dissemos, acidentes são simplesmente inevitáveis, e chegar ao final é acaba sendo mais uma questão de sorte do que habilidade em si. Afinal, todos tem iguais chances de abandonar a prova e precisar escapar correndo de uma bola de fogo e metal retorcido…

Talvez você ache que o Figure 8 Racing não é automobilismo de verdade. E, de fato, talvez não seja — afinal, em uma corrida você precisa evitar acidentes a todo custo, e não entrar na pista sabendo que se envolverá em um. Mas que deve ser divertido assistir (ou mesmo disputar!) uma destas corridas, ah, isso deve.