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FlatOut em Araxá: confira a mega galeria do Brazil Classics Renault Show!

Nos últimos dias você acompanhou por aqui nossas matérias especiais sobre o Brazil Classics Renault Show. Falamos sobre a “invasão de Ferraris”, a dupla F40 e F50, os carros do Emerson Fittipaldi, uma dupla de SP1 e SP2, o Mercedes-Benz 300SL Gullwing e os modelos italianos espalhados pelo evento. Agora, chegou a hora de mostrarmos o evento como um todo, com os principais destaques selecionados por mim e pelo Juliano, bem como os vencedores do concurso de elegância realizado no encerramento das atividades.

Realizado desde 1989 em Araxá/MG pelo Veteran Car de Minas Gerais, o Brazil Classics Show chegou neste ano à sua 23ª edição, novamente realizada no Grande Hotel e Termas de Araxá, reunindo cerca de 400 carros de todas as décadas do século 20 — desde um Stanley a vapor de 1902 os recentes Alfa Romeo 156 e Ferrari 456 dos anos 1990.

Começando pelos carros dispostos no pátio central do hotel, encontramos um Chrysler Town & Country 1947 cabriolet de primeira geração, porém da fase pós-guerra. Esta iteração original do Town & Country (nome que seria usado em peruas e minivans mais tarde) usava uma carroceria de madeira feita de freixo com mogno.

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Se o aspecto em fotos já chama a atenção pelo contraste dos materiais — algo como um encontro do novo com o clássico em forma de carro — o esmero do trabalho em madeira é hipnotizante quando visto de perto e em detalhes. É um tipo de arte que caiu em desuso e que não se vê nem mesmo em móveis de alto padrão, atualmente muito influenciados pelo design industrial.

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Em frente a ele havia outro modelo que empregava uma técnica peculiar em seu acabamento, um Daimler Straight 8 1939  com carroceria sedanca coupé feita pela Gurney Nutting.

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Apesar de ter o mesmo nome da marca proprietária da Mercedes-Benz, este Daimler não é alemão, mas inglês. O nome tem a mesma origem da Daimler alemã, porém. Seu fundador Henry John Lawson, ao estabelecer a fábrica, comprou os direitos do nome do próprio Gottlieb Daimler — que na época era um mero fabricante de motores. O nome do carro vem do seu motor oito-em-linha (straight eight, em inglês), com deslocamento de 3,4 litros, 4,5 litros e 5,4 litros e potência entre 91 cv e 160 cv.

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Já o nome sedanca coupé se refere ao tipo de carroceria: esse meio-teto somente para os passageiros do banco traseiro com os lugares da frente expostos ao tempo. Um detalhe que o torna especial é o revestimento de palha trançada nas laterais, um elemento estético raro nas carrocerias Gurney Nutting.

Mais ao lado um dos clássicos mais valorizados e reconhecidos do período pré-guerra: um exemplar do Cadillac V16 de 1939. Sim, dezesseis cilindros em V, como você pensou.

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Com 7,1 litros de deslocamento e 187 cv, estes carros eram basicamente os modelos da Série 75 com o novo motor de 16 cilindros da Cadillac. Foram produzidos apenas 139 unidades do “sixteen” em 1939, o último ano do modelo.

Outro americano da época ali presente foi o Cord 810 Phaeton, o primeiro modelo americano de tração dianteira e com faróis ocultos. Foram feitos cerca de 600 exemplares deste modelo que nasceu como um Duesenberg e morreu pelas mãos da Auburn.

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Ali próximo também estava o simpático francês Amilcar CGSS. Com jeitão de monoposto dos anos 1920, ele é uma verdadeira aula de economia e alívio de peso sobre rodas — que nos foi repassada pelo grande Roberto Nasser.

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Produzido na França dos anos 1920, o projeto original se beneficiava da isenção de impostos por pesar menos de 400 kg. Contudo, para obter esse peso, era vendido sem a parte posterior da carroceria. Era um chassi com cofre do motor e parede corta-fogo. Sua suspensão traseira usava metade de um feixe de molas semi-elípticas também como medida de alívio. Como consequência, seu eixo era afixado diretamente à ponta do feixe, o que alterava o entre-eixos do carro de acordo com o peso dos ocupantes de cada lado.

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Foi em um destes CGSS que a famosa bailarina americana Isadora Duncan perdeu sua vida. Apaixonada por lenços esvoaçantes, ela passeava no CGSS quando a ponta do lenço enrolou na roda traseira raiada, derrubando-a do carro. A queda causou uma fratura na região cervical e, embora tenha sido levada com vida, foi declarada morta no setor de emergência.

Mais adiante estava um exemplar estonteante do Bristol 400 de 1951. Este cupê britânico com grade de BMW era, de fato, um projeto BMW licenciado pela Bristol, que construiu 487 exemplares na Inglaterra.

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Baseado no BMW 327, ele usava um motor seis-em-linha de dois litros, com câmaras hemisféricas e 80 cv de potência. A carroceria era feita de alumínio e aço (o único Bristol com essa combinação) e já usava câmbio com marchas sincronizadas, ainda que somente as três últimas. A primeira era “seca” com roda livre.

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As tampas de válvulas são assim inclinadas porque elas eram posicionadas lateralmente no cabeçote, de forma que as câmaras de combustão pudessem ter a forma hemisférica.

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Uma curiosidade é que todos os vidros do carro são planos. O vigia traseiro é curvo, mas não é de vidro, e sim perspex. Opcionalmente esta janela traseira poderia ser basculante para ajudar a refrescar o interior.

Entre os nacionais os dois principais destaques foram duas Kombi. A primeira é uma das pouquíssimas Barndoor sobreviventes no Brasil.

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Trata-se de um exemplar de 1950, recentemente restaurado de acordo com as especificações originais — e é por isso que ela não tem para-choques traseiro.

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A outra é uma Kombi Camper 1960, que foi apresentada no Salão do Automóvel de 1960 e posou para a capa da revista Quatro Rodas no mesmo ano. Ela permaneceu por quatro décadas com seu primeiro proprietário — que a arrematou durante o Salão do Automóvel.

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Seu estado, contudo, não era dos melhores em seus últimos anos com o homem. Ao ser arrematada, seu atual proprietário buscou a planta original dos móveis internos e os reconstruiu de acordo com elas. O resultado é uma viagem direto para 1960, naquela capa da Quatro Rodas.

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Ainda no território dos motores boxer aircooled, está este incrível Porsche 356 pre-A de 1951. O modelo também foi restaurado recentemente e, por ser produzido em 1951, é um dos primeiros 1.200 carros feitos pela Porsche.

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Um modelo que não participou oficialmente da exposição, mas estava lá por estar participando do leilão foi o Willys Teimoso, a versão espartana do Dauphine brasileiro. Criado em 1965 para atender ao então novo programa de carros populares do governo federal, a Willys pegou um Gordini substituiu o acabamento cromado dos aros de faróis e para-choques por uma pintura simples, lisa. As lanternas traseiras foram eliminadas e, no lugar, foi instalada uma peça única, centralizada.

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As rodas perderam as calotas e no lado de dentro o teto não tinha forro, as portas não tinham isolamento termo-acústico, o porta-luvas não tinha tampa, a cabine não tinha iluminação e o painel não tinha marcador de combustível. Os bancos eram reduzidos a armações de metal com almofadas, um arranjo muito parecido com o do Citroën 2 CV dos anos 1940/50. Os retrovisores externos também eram eliminados — talvez para você não olhar para trás e ver que comprometeu uma bela grana por quatro longos anos.

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O resultado foi um carro 80 kg mais leve e 60% mais barato. Por ser mais leve, o motor de 845 cm³ também bebia menos, chegando aos 15 km/l. E embora seja inaceitável para um motorista de 2017, em 1965 ele despertou muito interesse, afinal, possibilitava a muitas pessoas a oportunidade de ter seu primeiro carro.

A Renault, patrocinadora do evento, também mostrou um pouco de sua história em Araxá, levando uma timeline viva de suse modelos, começando pelo Voiturette de 1911…

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… passando pelo NN Torpedo de 1924…

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… pelos mais novos 4CV “Rabo Quente” e Gordini…

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… pelo Alpine A108 brasileiro, o Willys Interlagos e pelo simpático urbanoide Twingo…

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… até chegar nos modernos Megane RS, Sandero RS, Twizy e…

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… o desejável e insano Clio V6:

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Ali próximo também estava uma réplica licenciada do Mustang “Eleanor” do filme “60 Segundos” (Gone in 60 Seconds – 2000)…

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… ao lado de outro clássico moderno, o Ford GT de 2004:

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Eles eram seguidos por uma sequência de Corvettes C1 e C2. Começando por uma dupla do C1 de 1954, ainda com o motor seis-em-linha…

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… por um C1 1960, já com os faróis duplos…

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… ao lado de um raro 1963 Sting Ray “split window”, produzido somente naquele ano e, por isso, o mais raro e valorizado dos Corvette.

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Os premiados

A cerimônia de premiação ocorreu na noite de sábado, encerrando o Brazil Renault Classics Show 2018. Foram premiados mais de 50 carros em 18 categorias. Veja a seguir alguns dos vencedores.

 

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Rolls-Royce Silver Wraith 1953 – vencedor entre os carros dos anos 1950

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Leo Steinbruch, vencedor do troféu Lalique, pela contribuição ao antigomobilismo nos últimos anos

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Karmann Ghia conversível 1970, vencedor do Troféu Fábio Steinbruch – Clube Alfa Romeo

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Mercedes-Benz R107, vencedor da década de 1970

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Mercedes-Benz W111 300SL Cabriolet 1967, vencedor dos anos 1960

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Citroën DS Familiale 1974

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Mustang “Shelby GT500 Eleanor”

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Porsche 912 1968

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Triumph Spitfire 1970

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Corvette Sting Ray 1963

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Nash Rambler 1952

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Porsche 356 1951 “pre-A”

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Volkswagen Kombi Camper 1960

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Chrysler Imperial 1955

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Cadillac Eldorado 1956

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Studebaker 1951

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Allard K1 1948

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Chevrolet 1937

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Lincoln Touring by Willoughby 1938 

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Lincoln Touring by Willoughby 1938

 

O melhor do evento – Packard Eight Roadster 1931

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