Olá, amigos! Continuando a saga (ou novela…) do MothaFocus, comecei a dar um pouco de atenção à parte visual do carro. Sempre tenho uma premissa de que a função vem antes da forma, não me importo com a estética até que o carro esteja em plenas condições mecânicas, com todas as alterações e adaptações necessárias, tudo funcionando e testado como gosto. No Focus, nunca tive problemas mecânicos propriamente ditos, mas sim melhorias ao longo do uso. Na parte estética, tinha meu projeto pronto na cabeça mas sempre deixando como cereja do bolo.
Um dia, passeando pelo ebay.uk, encontrei um capô de Sierra Sapphire Cosworth à venda, com as raras “bonnet vents” do Sapphire — as mais difíceis de achar e a meu ver as mais bonitas e discretas. Essas saídas de ar em variações diversas foram usadas nos Sierra Cosworth, Escort RS Cosworth e no Focus RS Mk2,5, e além de agressivas são eficientes, baixando muito a temperatura no cofre.
Não sei por que, mas o Focus RS Mk1 era o único que não usava, e esse é um upgrade normal na Inglaterra nos RS fuçados. Mandei mensagem pro vendedor perguntando se venderia somente as saídas de ar. Ele disse que não dava, que depois não venderia o capô etc. Como eu sabia da raridade, falei que iria comprar tudo e ele ficaria com o capô de presente. Claro que topou na hora! Esperei quase um ano para poder instalar durante minhas férias, junto com meu amigo e mestre nas pinturas ninja Narcizo Civiero, da Zongara Pinturas Especiais (que além de amigo/irmão de longa data sempre cuidou dos meus carros). Ele me orientava no que eu podia fazer, e ele fazia outra parte, e nessa ficamos a semana toda lidando nisso, mas o resultado foi perfeito, acabamento de original e super eficiente.
Uma coisa que me incomodava no Focus eram os bancos originais. Como estava planejando fazer o carro mais para performance, isso era um assunto que precisava resolver. Até que, numa operação estilo “escravos de jó”, um amigo comprou uns bancos novos para seu Lancer Evo, vendeu os seus para um Evo de outro amigo que me vendeu os seus Sparco Chrono Road. Maravilha, é com esses que eu vou!
Levei o carro alguns dias antes da 2ª Subida de Montanha para revisão completa na oficina Akira Motors, dos amigos Acácio, Jorginho e Dal, que deram um talento no Focus, enquanto o Luizinho tapeceiro adaptava os bancos aos trilhos originais do carro. Eu comecei a revisar o carro na segunda feira anterior a prova, pq só tive a confirmação que poderia participar numa sexta feira, e na sexta feira seguinte já teria que estar em Curitiba para o evento.
Na segunda-feira o Luizinho estava com os bancos adaptados na oficina, e o Acácio me ligou: “galã, deu um problema, os bancos batem nas colunas, não deu pra montar”. E agora? Não tenho mais os originais, faltam quatro dias para levar o carro para Curitiba e um monte de coisas pra fazer! Fui até o Luizinho fim da tarde e disse para fazer sua mágica, pois esse banco TINHA que entrar, não havia opção! Ele então me fala “deixa comigo, vc não vai ficar na mão”. No dia seguinte, ele leva os bancos novamente prontos na hora do almoço. COMO ASSIM? JÁ?? Ele me diz que ficou durante a noite mexendo até terminar, fiquei de cara, foi super parceiro. Perfeito, tudo ajustado, terminamos essa parte, o carro passou no Funari para revisão do acerto, e sexta-feira partiu de guincho pra Curitiba. Capítulo encerrado.
Uma das coisas que mais queria era o para-choque dianteiro dos Focus RS Mk1. São dificílimos de encontrar e disputados a tapas no ebay. Sempre que tinha tempo, lá estava eu passeando pelo site procurando coisas, até que apareceu um parachoque RS usado, com todos os detalhes, grade central, saídas de ar laterais, acabamentos dos faróis de neblina, tudo no lugar. Estava usado, ralado e precisando de pintura, o que não me preocupou em nada. Troquei mensagens com o vendedor, e ele me deu a noticia que não manda pro Brasil. Um pouco de decepção, já que alguns meses antes eu comprei um para-choque também na Inglaterra como sendo do RS, e quando chegou era do WRC. Não era o que eu queria, não queria ir ao extremo, então estava disposto a lutar por esse RS.
Entrei em contato com um amigo que mora em Londres, e pedi se poderia mandar para ele, por que eu tinha que ganhar aquele leilão, e depois daríamos um jeito de enviar. Tudo acertado, lá fui eu às três da manhã esperando o prazo final. O preço estava baixo mas, como sempre, no último minuto começaram os lances. Nem que eu tivesse que vender um rim, ia entrar nessa briga. E no último segundo, meu lance entrou junto com outro, os dois com o mesmíssimo valor “quebrado” por coincidência, mas o meu entrou um pentelhésimo de segundo antes, e ganhei o leilão! Foi incrível, me senti realizado!
Aí começou a novela… o vendedor me enrolou quase um mês pra enviar o parachoque pra Londres, já comecei a achar que ia me dar mal, até que finalmente chegou na casa do meu amigo. Comecei então a contactar o correio de lá, que havia me enviado o outro parachoque, e a resposta deles foi que não mandavam mais peças desse tamanho. Pronto, me lasquei… Corri para entrar em contato com UPS, FedEx, DHL, pombo Doodle, navio pirata e tudo o que fosse possível! Sem chance, me pediam para fazer licença de importação, radar, documentos como se eu fosse um importador, ou então pediam uma quantia módica de quase R$ 3.000 para enviar a peça. Estava a ponto de pegar um avião, ir até lá, colocar debaixo do braço e trazer na marra, pois já estava a um ano e meio tentando trazer e não conseguia.
Até que, depois de muita conversa como mestre Narcizo, tomamos a mais difícil das decisões: “vamos cortar no meio e mandar pelo correio”. Doeu, confesso pra vcs, doeu muito… Ok, pedi pra passar a serra, e em poucos dias fui aos correios retirar a “cama elástica” que chegou pra mim encaixotada! Agradeço sempre ao amigo José Ravaneda pela hospedagem do parachoque e pelo envio! Ainda bem que não assisti a cirurgia!
Depois da Subida de Montanha, recebi um convite do amigo Evandro Lima, da Revista TechSpeed para que o Focus fosse capa de uma de suas edições. Fiquei feliz e honrado por esse reconhecimento, mas disse que precisaria de uns dias para vestir um traje de gala no MothaFocus, já que era uma ocasião especial! Por sorte, e talvez por que me comportei bem e Deus me deu uma mão, um amigo de SP disse que conhecia um cara que era ninja em fibras e coisas assim, e que poderia ajudar na instalação do parachoque.
Fui então conhecer o Fabio Ferreira, da Studio Audio Design em SP, que falou que era moleza ajeitar aquilo, adaptar aos paralamas “normais” do Focus, e fazer as outras coisas que eu queria. Com seu amigo Banana, fizeram um trabalho incrível num prazo super rápido, onde já pintei também o parachoque traseiro completo e as saias laterais. Também aproveitei para passar a bateria para o porta malas e instalar chave geral e botão de partida Ford Power no console central.
Terminado isso, o carro voltou para o Luizinho para acertar a forração dos bancos, já que não gosto de andar com um padrão de tecido diferente dentro do carro. Escolhi fazer o meio dos bancos em couro invertido, e mudar as costuras duplas que eram brancas e muito chamativas para preta na interna e azul na externa. Fizemos o banco traseiro no mesmo padrão, com o tecido igual ao dos Sparco e com o meio em couro invertido, seguindo o desenho do corte do tecido como os dianteiros, e com a costura externa também azul. Aproveitamos e trocamos o encosto de cabeças traseiro por um mais baixo e discreto. Esse banco tem seus dias contados quando começar a “Evolução 3” do carro em alguns meses.
Fizemos também o acabamento da alavanca de câmbio, do freio de mão e revestimento do volante Momo Martini no mesmo esquema, com o indicador de centro no volante e as costuras também em azul. Ficou discreto e agressivo como eu gosto. Montei o volante com cubo rápido NR-G, e a posição agora ficou ótima.
Trouxe um kit de acabamento interno em fibra de carbono da Remin dos EUA, que melhorou um pouco o visual careta do interior. E antes das fotos pra matéria, um talento na pintura pelos amigos Tiago e Diego Silva, da Renewcar/Santa Brígida, que tiraram o amarelo que estava e deixaram ele branco de novo! Valeu, galãs!
Aproveitei agora nesses últimos dias para mudar algumas coisas também de motor. A equipe da Akira Motors arrancou o ar-condicionado completo, mais algumas coisas que estavam fazendo peso morto, instalaram um catch tank no porta malas e montaram um intercooler maior, já que sobrou bastante espaço. O motor também ganhou polias reguláveis OBX e tampa de óleo Cosworth.
Estou a um passo de começar o ultimo estágio do projeto MothaFocus, e que com certeza vai ser o mais chocante e radical que se pode imaginar, pelo menos é o que eu acho! Essa história fica pra depois!
Me despeço com um vídeo da evolução do carro até hoje.
Por enquanto é isso amigos, valeu por acompanharem, e “if in doubt, Flatout!” Grande abraço.
Por Gustavo Loeffler, Project Cars #43