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Project Cars Project Cars #357

Ford Ka Turbo: a conclusão do projeto e uma viagem de despedida

Olá, amigos do Flatout! Venho aqui escrever o meu ultimo texto, ao som de Wiz Khalifa “See You Again”. Mas vamos ao que interessa: o texto!

Agora que o carro estava pronto, andando bem e sem nenhum problema, com tudo sanado, carro ok, o que me restava? Anunciar o carro! Como viram no primeiro post sou meio inquieto com meus carros, normalmente termino um projeto e mesmo curtindo já anuncio, pois por mais que eu goste muito de todos os carros que tive, a vida é muito curta pra se ter carros sem graça – e mais curta ainda pra se ficar muito tempo com um carro (esse é meu pensamento). Como os carros que tive sempre foram de público exclusivo, seleto e especial (acredito que todos os leitores do Flatout teriam interesse no carro e fazem parte desse público), a venda às vezes pode demorar e enquanto isso vou curtindo o carro.

Dias dos pais chegando e o meu mora no Rio de Janeiro. A viagem já estava programada, mas eu ainda não havia decidido qual carro usar. Vou de Uno como no ano passado ou aproveito para colocar o KAganeira na estrada? Logo penso nada melhor que finalizar o projeto com o karrinho na estrada —descer a serra de Petrópolis, andar no tapete da BR040 entre Juiz de Fora e Rio… enfim, seria perfeito para eu falar: “O carro está pronto, liso e confiável novamente”.

Então comecei a programar a viagem e as preocupações que eu teria. Primeiro: preço do combustível, (no Rio o álcool chega a exorbitantes R$3,50 na Zona Sul). Segundo: autonomia do carro com aquele tanque minúsculo. Terceiro: em quais postos iria abastecer pra não passar perrengue. Quarto: qual o horário da viagem. Quinto, e mais importante: qual o modo de condução escolhido — soviético, soviético light ou senhora de 80 anos?

Dias antes de pegar estrada, nada como um postinho e um teste do carro em seus limites para saber se está tudo ok. Aproveito para encontrar com o Henrique dono do PC#113, que fez um novo acerto e agora tem 270cv. Não deu pro Ka acompanhar.

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Tudo definido, menos a minha esposa que não sabia se iria comigo ou não. No fim ela decidiu ir comigo aos 47 minutos do seg… — ops, somos gearheads — na última curva da última volta. Escolha esta que eu adorei. Vai que o carro quebra na estrada… teria ela ao meu lado esperando o reboque me xingando e falando que ela tinha avisado pra ir de Uno.

Definimos que sairíamos de Betim às 17 horas da sexta, para chegar ao Rio no modo soviético light às 22:30. Isso mesmo a primeira viagem longa do Ka seria a noite, com o xenônio legalizado para iluminar a estrada.

Chega a sexta-feira, 17 horas, e nós, que moramos e trabalhamos em Betim, vamos sair e notamos que a saída de BH pro Rio estava mais cheia que o normal. Foi quando lembramos que na segunda-feira seguinte seria feriado em municipal em BH — ou seja: feriado prolongado do qual só iriamos usufruir de seu engarrafamento na sexta-feira; mais nada! Depois de pegar as saídas da região metropolitana de BH lotadas, que beleza, vamos para a estrada que é o que interessa. Rodei 60km e tinha meio tanque (calma não tinha enchido pra sair de BH). Resolvo parar para comer aquele pão com linguiça do viaduto das Almas e abastecer.

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Ka e sua autonomia nada amigável

Eu e o carro de tanque cheio, rodo 500m e encontro tudo parado. Um caminhão quebrou numa subida de pista simples. Junte isso à saída de feriado, mais a troca de turno dos caminhões das mineradoras ali próximo e o resultado foram três quilômetros percorridos em uma hora. E antes fosse parado — foi uma hora de pára-e-anda, na primeira marcha e deixando o carro ir só na lenta. Passamos o caminhão e lá fomos nós. Após 110km, em Barbacena, mais meio tanque. Em Juiz de Fora mais um quarto de combustível. Como atrasamos mais do que pensamos fiquei com medo dos postos fecharem, por isso parava onde achava interessante e mandava gasolina para dentro. De lá até o Rio não abasteci mais e fui mais tranquilo. Média final do carro até o Rio: 8km/l. Chegamos às 23:30, sem nenhum perrengue.

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Domingo após o churrascão dos dia dos pais era hora de pegar estrada novamente. Minha maior preocupação era a subida da serra. O motor Zetec tem fama de superaquecer, e eu estava sonhando com aquela subida, pois iria colocar o carrinho para engolir aquelas curvas. Mas pouco antes da subir a serra, blitz da PRF. Com a lei dos faróis acesos de dia, o policial estava me esperando de longe, afinal um Ford Ka com xenônio aceso passando por ele é uma afronta né! Me parou, pediu os documentos, conferiu a placa e foi logo olhar os faróis. Pediu para acender.

Naquele momento digo: “O xenônio é legalizado, está aí no campo de observações”. Cara que sensação boa, faltou só os óculos Thug life! Em seguida ele leu que o carro era turbo e tive que abrir o capô para mostrar o cofre. Legal foi que ele achou que o filtro de ar era a turbina pois ficou procurando ela na direção do filtro. Tudo liberado e agora sim, bora subir a serra.

O carro se comportou perfeitamente, nada de aquecimento, perrengue ou algo parecido. Passada a serra e bora pra casa De novo três abastecimentos e uma média de 8km/l de álcool, andando no soviético light.

Chego em casa com a alma lavada e com algumas lições aprendidas na viagem que tanto fiz no passado, mas nunca num turbão adaptado. A primeira delas é que o carro deve estar legalizado. A segunda é que Ford Ka 1.6 faz mais curva que imaginava e muitos aqui imaginam — o carro devora curvas. Em terceiro, estrada e escape quase direto não combinam (mesmo que ele tenha um abafador traseiro). Quarto: como os motoristas de picape têm coragem de entrar em algumas curvas com aqueles caminhõezinhos? E quinto: nunca subestime um Ka pedindo passagem na estrada.

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Juro que a foto pegou a hora estranha da mistura, estava tudo ok

Enfim tudo ocorreu maravilhosamente bem na estrada. Na segunda a noite fui conferir os níveis e tudo estava ok, sem nem uma gota a menos. O Ka estava pronto pra ser vendido sem dores no coração. Fiz tudo que queria nele, arrancada, viagem, até um ensaio de hotlap participei. Conheci uma galera gente fina do Clube Ford/MG, benguei muita gente, tomei benga, mas a vida é assim mesmo.

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Todos têm sonhos e um de meus sonhos é que eu possa ter todos os carros que eu considero legais, que estejam ao meu alcance, e estou realizando! Dirigir algumas vezes não passa a real situação do carro, ter mesmo que por um curto tempo já te passa todas as tocadas, sensações, prazeres e desprazeres que se pode ter com o carro.

Uma Semana após o dia dos pais, uma proposta tentadora apareceu e resolvi abraçar, troquei o Kaganeira em um Bravo Tjet, (outro tjet em minha vida), estava precisando de um carro maior, e o Bravo é bem completo, com desempenho bom e da pra fazer as maldades que não consegui fazer no Punto! Outro Ka XR na minha? Certamente! Assim como um Twingo, Clio 1.6, Peugeot 106, BMW 328i, Fiat Marea, PSA THP e etc. Mas são coisas para o futuro. Agora meu negócio é ter um Bravo que realmente fique Bravo.

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Obrigados a todos que acompanharam, comentaram e criticaram, e a equipe do FlatOut. Nesses cinco meses muitas coisas aconteceram um minha vida, e dedico esse PC à minha amada mãe, que leu todos os textos, porém na ultima semana  (6/9) deixou esse mundo material e esta lá em cima olhando por mim e por nós. Foi ela que deu o pontapé na minha vida automotiva, e sem ela não estaria hoje contando o projeto do Ka (que ela tanto gostava), pois o caminho teria sido diferente. Ela que sempre me apoiou e sei que sempre me apoiará nos projetos e decisões futuras! Mãe te amo! “See You Again !

Ate um próximo Project Cars (quem sabe).

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Por Marcos Ponciano, Project Cars #357

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Uma mensagem do FlatOut!

Marcos, este é o primeiro Project Cars que nos deixa tristes ao acabar. Não por você ter vendido o carro, mas pela perda tão recente de sua mãe, que significou tanto para este projeto. Nossos mais sinceros sentimentos pela perda. Por outro lado, é legal ver que você usou o carro como um carro deve ser usado — incluindo essa longa viagem. Parabéns pelo Ka!