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Project Cars Project Cars #292

Ford Maverick V8 1975: o renascimento do Project Cars #292

Saudações, galera! Quem teve paciência pra ler a segunda parte do meu texto (a parte “trágica” da história), vai lembrar que, resumidamente, após tomar uma canseira de mais de um ano com o funileiro e ter a desagradável surpresa de ver o Mavecão largado no tempo e depois de tomar um segundo tombo do meu “amigão”, com quem as minhas peças estavam sendo aos poucos abduzidas, botei o nosso herói no guincho e levei pro sítio dos meus pais, onde eu mesmo terminaria de restaurá-lo, conforme tivesse tempo, grana e principalmente, sem a “ajuda” de mais “amigos” e “profiçionais”  do ramo.

Comprei cavaletes e decidi que montaria o carro eu mesmo, parte por parte, já que todas as peças de carroceria estavam pintadas (ainda que algumas, como por exemplo as portas, bem porcamente) e já tinha os componentes principais, que eram o motor V8, o câmbio original 4 marchas e o diferencial Dana 14:43 (a famosa relação 3,07:1 do Maverick V8).

Porém, como eu disse antes, faltavam várias peças, como pedaleira, dobradiças de portas, dobradiças de capô, mola do porta malas, bocal e tampa do tanque, forrações laterais traseiras, bancos dianteiros, console central, motor de partida, feixes de mola traseiros, molas dianteiras, grade dianteira e mais algumas coisas que não me lembro agora.

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Aqui abro parênteses pra vocês não ficarem com tanta dó de mim. Por mais que o projeto do Maverick estivesse parado, essa época foi uma das melhores da minha vida. Além de serem os anos de faculdade, festas, viagens, baladas e aventuras, como todo Gearhead que se preze, sempre estava envolvido com alguma coisa relacionada a carros, de preferência, V8 é claro.

Na mesma época que comprei o Maverick, acabei arrematando meio sem querer o Galaxie do mineiro (aquele do primeiro post), que considero o melhor custo/benefício da minha vida em matéria de carro. Eu fiz uma proposta indecente no carro (R$600 em 3x de R$200) e ele aceitou. Não tive como não comprar.

Nesse Galaxie, curti, acelerei, viajei muito, queimei muita gasolina e pneus. Tive a alegria de tê-lo entre 2000 e 2004, quando fiquei sem garagem para guarda-lo e decidi que o $$ dele viraria um carro mais usável, que coubesse em vagas normais e tivesse um consumo decente e uma mecânica mais atual, barata e fácil de achar peças (apesar de eu não querer abrir mão de ter um carro exclusivo).

Além disso, o Maverick estava lá parado e eu não tinha a mínima condição de tocar dois Project Cars ao mesmo tempo. Nem financeira, nem de tempo.

Então, num momento de lucidez (ou não…) mesmo muito apaixonado pela minha barca, ele acabou virando um Kadett GS 91, que foi meu “daily driver” entre 2004 e 2011.

Como se não bastasse o galaxão, no mesmo dia em que fui lá no bairro não muito convidativo ver o Maverick, o Christian, meu amigo que me levou até lá, se encantou com um Dodge Dart 1970 4 portas que era do mesmo dono do maveco e acabou trocando-o num monte de parafernália velha de som automotivo.

Esse Dodge marrom acabou indo rodando pra Piedade, dirigido por mim, depois de uma revisão básica (limpeza de radiador, troca de alguns cabos de vela e troca de óleo), com placa amarela (só na traseira), escapamento até o meio do carro, só um farol funcionando e depois descobrimos, ainda bem que não da pior maneira, que ele estava sem a barra estabilizadora dianteira e só tinha freio nas rodas da frente (os canos que iam pra traseira foram simplesmente dobrados e fechados). Detalhe que a viagem foi feita à noite…Enfim, moleque de 20 anos (e os que têm 20 anos que me desculpem) não tem nada na cabeça mesmo…Hehehehe…Ou seja, nunca façam isso!! KKKK

Além desses dois V8s, tenho um outro amigo que na época vivia emprestando dinheiro para um comerciante de carros antigos bastante conhecido aqui de São Paulo, na maioria das vezes, ficando com algum carro legal como garantia. Assim, vira e mexe estávamos andando de Camaro Iroc Z, Mercury Cougar, Chevy El Camino e outros brinquedos interessantes!

E tinha os “barn finds” também. Dentre eles um Ford Gran Torino GT 1968 guardado numa fazenda em Ibiúna/SP, sobre cavaletes, pelo primeiro e único proprietário, um Pontiac GTO 1967 encontrado por acaso numa garagem de um prédio dos Jardins, em São Paulo, um Dart Coupé muito íntegro largado ao lado de um chiqueiro em outra fazenda, um Maverick 4 cilindros que meu primo achou no RJ, peguei um ônibus e fui lá olhar pra ele comprar (comprou e rodamos 210 km com ele até Macaé/RJ, à noite e sem conhecer o carro) em Piedade e por aí vai…Enfim, foi uma época bacana e de muitos achados interessantes com preços pra lá de convidativos, pena que eu não tinha dinheiro pra comprar todos…

Parênteses fechados, voltando ao Maverick o carro ficou até 2006 na garagem coberta do meu sítio, nos cavaletes e com uma capa em cima.

No fim de 2005, o Alberto, outro amigo, ao cansar de me ouvir relatar a triste história de Joseph “Maverick” Climber, procurou e encontrou no MercadoLivre um doador perfeito das peças que eu tanto precisava. O outro Maverick também era ano 1975, ex 6 cilindros (estava sem o motor), mas com mecânica completa, câmbio, eixo traseiro, freios, suspensão e todas as peças que faltavam no meu. Até documentos tinha! O único problema era que estava em Peruíbe, no litoral de SP, cerca de 170 km da capital. Mas o preço e o estado dele pareciam valer a pena então montei no Kadett e fui lá ver o carro.

Para minha alegria, ele tinha tudo e mais um pouco. A grade dianteira, console central com botão do milha, forros traseiros e de porta, tanque, bocal, feixes de mola enfim, tudo que eu precisava!!

TRASEIRA

Comprei o carro, desci pra praia de ônibus e subi com o guincheiro que já estava lá me aguardando numa…outra Ford F4000 (lembram o modelo do caminhão de verdura que levou meu carro pra Piedade?)! A maior velocidade do caminhãozinho foi 80 km/h, no caminho todo…Era 50, 60, 70…Um martírio. Aquela estrada não acabava nunca!!

Foi tão sofrido que eu descobri e acabei estourando um cisto piloidal na base da coluna, por causa do “passeio”. Uma maravilha…Mas no fim deu certo e o carro e eu chegamos em São Paulo. Ficou na frente do prédio uns meses, na mesma vaga que o nosso protagonista tinha ocupado 5 anos antes e depois também foi pro sítio. Nessa época eu estava solteiro, então pude dedicar grande parte do meu tempo à desmontagem de um, restauração das peças e remontagem no outro. Outra parte boa era que agora eu tinha algumas peças de reserva. Painel completo, jogo de vidros, tampa de porta mala e outras miudezas. Observem a foto, pude me dar o luxo de pintar um painel de preto brilhante e outro fosco, só pra ver qual ficaria melhor.

O J. Climber/Mr. Berinjela começou a tomar forma. Mesmo ainda sem mecânica, pra me animar coloquei lanternas, bocal e tampa do tanque, vidros basculantes, as rodas dianteiras, para lamas e tampa do porta mala. Também fiz um polimento meia boca na pintura. Ver o carro semi montado, estava me dando coragem pro resto da empreitada.

Porém, como nem tudo são flores na história de Joseph Climber, tinha muita coisa a ser feita, inclusive o motor, o câmbio de quatro marchas não tinha trambulador, eu não fazia ideia de seu estado interno e pra piorar, fiquei desempregado. O tempo passava e eu sem dinheiro nem pra pagar as contas, resolvi que era hora de desapegar. Já tinha vendido quase todas as peças de Galaxie que tinha em casa (cada vez que eu ia no Leandro e minhas peças não tinham “aparecido”, eu enchia a caçamba da pampa ou o porta malas do Escort SW de peças da linha Galaxie que ele tinha de monte lá e levava pra SP, pra vender e tentar recuperar o prejuízo).

Enfim, o Maverick já estava há seis anos comigo e não tinha me dado nada além de despesa e dor de cabeça. Comecei então a vender o carro em partes. Vendi as lanternas que tinha comprado novas…Só sobrou uma esquerda. Um amigo se interessou no motor e fechamos negócio. Ele chegou até a depositar o valor. Mas aquela decisão logo começou a me corroer. Percebi que não ia me perdoar se desistisse do projeto, depois de tanto tempo, suor, sangue e dinheiro investidos. Por outro lado, já tinha dado minha palavra na venda do o motor e não queria voltar atrás. Pensei muito, remoí, sofri e finalmente liguei pro amigo, pedi mil desculpas e pra ele entender que não tinha como levar adiante o negócio. Devolvi o dinheiro e voltei ao projeto.

Aí voltei com força total! Comecei a ir todos os fins de semana até o síto, tracei metas, sendo que a primeira era terminar a funilaria e pintura. Porém, não ia arriscar deixar o carro em outro funileiro enrolado. Descobri o Curso Técnico de Automobilística do SENAI-SP, gratuito com aulas à noite, 2 anos de duração. Pensei: Está aí a oportunidade de aprender, fazer um networking e quem sabe no fim do curso meu carro já estará rodando.

Comecei a cuidar dos detalhes, mandei fazer os emblemas do centro de buzina e da grade, limpei os painéis, arrumei a iluminação deles com leds verdes…Fui ajeitando tudo.

Estava trabalhando com meu pai (ele é advogado e eu também) e à noite ia pro Senai. Nos fins de semana, pelo menos no sábado ou no domingo, ia pro sítio adiantar o carro.

O que precisava ser feito de pintura era o cofre do motor e o assoalho interno. De funilaria, tinha que fechar as caixas de roda traseiras e o assoalho do porta malas.

Perguntando aqui e ali e com auxílio de vídeos na internet, pintei o assoalho interno e comecei então a lixar o cofre. Percebi que tinha muita tinta velha e até sujeira embaixo da tinta nova. E que o carro, antes de ser branco, tinha sido amarelo (!) Decidi que ia raspar tudo até a lata.

E assim foi durante mais de 1 ano. Comecei a namorar minha atual esposa, que topava ir pro sítio comigo nos fins de semana. E até gostava da ideia do carro! Assim, eu ia lá, lixava, pintava… ia fazendo o carro aos poucos.

Paralelamente à funilaria, resolvi que ia fazer o motor, que inicialmente era pra ser usado da forma que foi comprado, pois a ideia era baixo custo, daí a exigência de pegar um motor bom e funcionando. Mas não seria tão simples, como nada é na vida do nosso querido e estimado herói. Mas essa história… ah, essa história fica para o próximo (bem próximo, prometo) Post! Um abraço a todos e até breve!

TO BE CONTINUED

Por Leo di Salvio, Project Cars #292

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