Garagem FlatOut é uma seção aberta aos leitores que desejam apresentar sua coleção de carros aos outros flatouters. Nesta segunda edição, teremos a garagem do leitor Gustavo Morais, apresentada pelo amigo e leitor Luciano Gonzalez.
Salvem, Gearheads! Estamos de volta com o segundo episódio do Garagem FlatOut (leia aqui o primeiro). O post de hoje irá apresentar a garagem do Gustavo Morais, um sul-caetanense de 53 anos apaixonado pelas carangas.
Eu e o fotógrafo Michel Silva (autor das fotos deste post) conhecemos o Gustavo nos passeios de carros antigos, onde ele é figura frequente principalmente a bordo de seu xodó, um Gol S 1983 — ainda que tenha outra grande paixão: os cavalos puro-sangue da Ford. Essa paixão começou aos cinco anos, quando seu pai comprou um Corcel 1970 vermelho cardeal.
Gustavo e seu pai no Corcel 70
Este carro marcou sua infância e o levou a procurar as demais variedades “equinas” da Ford – dessa vez os cavalos mais fortes! Mas antes de conhecê-los, começaremos pelos Volkswagen.
Volkswagen Gol S 1983
Adquirido zero-quilômetro na concessionária Caraíga, esse é o xodó do Gustavo pois foi um presente de seu pai em seu aniversário de 18 anos. Por mais de 20 anos foi seu carro de uso diário — usado para ir ao trabalho, viajar com a família, fazer compras e levar os filhos à escola sem nunca deixá-lo na mão.
Hoje o velho aircooled ostenta a placa preta e só sai para passeios e encontros. O hodômetro marca 99.000 km mas, na verdade, são199.000 km. As rodas são as mesmas do Gol COPA e foram instaladas na ocasião da revisão dos 10.000 km. Nestes anos todos, ganhou alguns acessórios originais e outros de época tais como retrovisor do lado direito, toca-fitas Bosch Los Angeles II, relógio e conta-giros originais.
De todos os seus belos carros, por incrível que possa parecer, o xodó do Gustavo é o Golzinho. O primeiro carro a gente nunca esquece.
Volkswagen Santana CD 1.8 1986
Esse carro foi um achado. Sabe quando não estamos procurando encrenca, mas a encrenca vem até você? Este é o caso deste belo exemplar.
Gustavo andava pelo bairro do Ipiranga em São Paulo, quando deparou com o Santana à venda. O mesmo pertencia à um senhor de idade que até então era o seu único proprietário, tinha 66.000 km originais, vidros elétricos, travas elétricas, direção hidráulica, lavador nos faróis, toca-fitas Bosch Rio de Janeiro e o interior marrom. Difícil encontrar um Santana com para-choques “lâmina” em bom estado. Muitos já foram modificados e usam os para-choques envolventes pós 1987. Uma pena.
Negócio fechado, Gustavo levou o carro para casa. Algumas partes da carroceria estavam com a pintura queimada e, por isso, o carro foi repintado. Depois, disso bastou submetê-lo à avaliação para a aquisição da placa preta, pela qual passou com folga, dado que o carro é todo original. Gustavo está com o Santana há quatro anos.
Abaixo o Santana CD sendo premiado no encontro no 23º Encontro Paulista de Autos Antigos realizado em julho deste ano na cidade de Vinhedo/SP:
Ford Mustang Hardtop 1967
Em meados de 2010 Gustavo estava à trabalho nos EUA, mais especificamente em Salt Lake City. Caminhando pela cidade, passou em frente a um concessionário Ford e algo lhe chamou a atenção: um Mustang 1967 à venda em um concessionário Ford. Em 2010? WTF? Entrou, conversou e fechou negócio!
Este não possui o histórico de proprietários, mas está em ótimo estado de conservação e aparentemente nunca sofreu nenhuma séria intervenção nem restauro, trata-se de um raro hardtop equipado com um seis-em-linha de 3,3 litros da família Thriftpower o câmbio manual de três velocidades.
Esse belo exemplar foi trazido para o Brasil, ostenta também a placa preta com o seu ano de fabricação e participa de eventos de carros antigos com o nosso amigo.
Ford Mustang Hardtop 1965
Gustavo estava nos EUA novamente a trabalho, desta vez em Dallas. Em um destes dias, resolveu dar uma fuçada nos classificados de carros antigos da internet (acho que todo entusiasta por carros faz isso, mesmo sem estar procurando nada) e deparou com o modelo em questão.
Gustavo entrou em contato com a proprietária, uma professora de 70 anos chamada Katelyn, e assim marcaram um encontro na escola onde a professora lecionava. Gustavo foi, mas a professora havia desistido do negócio; disse que havia ligado várias vezes para o Gustavo afim de cancelar a visita mas não conseguira falar com ele. Conversando com a professora, Gustavo mostrou fotos de seus carros no Brasil, contou que era cuidadoso e o carro seria para si e não para negócio. A professora ligou para seu marido e, vendo que o Gustavo cuidaria do carro, aprovaram o negócio.
Compra efetuada, daí veio a parte mais bacana desse caso: a senhora contou história do carro, que pertencia um casal de vizinhos que não possuía filhos e Katelyn tinha muito carinho pelo casal. Vivia na casa deles. Katelyn passou muitos anos de sua adolescência andando nesse carro, comprado zero-quilômetro pelo casal.
Quando o casal já tinha mais idade, Katelyn os levou no Mustang para um inesquecível passeio até o Grand Canyon. Anos mais tarde o casal adoeceu e, pouco tempo os dois vieram a falecer. Os parentes ficaram com os pertences como casa e veículos mais novos e valiosos, mas havia uma surpresa no testamento: o Mustang estava destinado à sra. Katelyn! Uma das condições para que o negócio fosse fechado é que o Gustavo sempre mandasse notícias e fotos do carro. Assim foi feito.
Chegando ao Brasil, Gustavo iniciou a restauração do velho hardtop, também equipado com um seis-em-linha de 3,3 litros da família Thriftpower e caixa manual de três velocidades. Quando a tinta foi removida, apareceram alguns furos na região da coluna C; Gustavo foi pesquisar e viu que o seu exemplar, originalmente devia possuir o teto com Capota de Vinil. Não teve dúvida, passou a mão no telefone e acionou novamente a Sra. Katelyn que confirmou a suspeita.
Assim, o velho Mustang voltava a ostentar a bela capota de vinil branca. Gustavo fala com a Sra. Katelyn até hoje, informando como o carro está, enviando fotos e detalhes do Mustang.
Ford Mustang Hardtop 1965 – em restauração
Este Mustang equipado com o powertrain V8 289 (4,7 litros) da família Windsor e câmbio manual foi encontrado em Salt Lake City em 2012. Lá ficou parado até 2015, até ser enviado para restauração no Uruguai onde está confinado à um restaurador de Montevideo. Encontra-se em fase final de restauração e será enviado ao Brasil assim que os trabalhos forem finalizados.
Ford Mustang Conversível 1965 – em restauração
Este seis-em-linha de 3,3 litros foi encontrado pelo Gustavo em mau estado na cidade de Detroit em 2016. De lá foi encaminhado para um restaurador Argentino que reside em Miami. Este Argentino está dando uma nova vida ao Conversível, e de quebra, ainda vai ganhar um V8 302 (5 litros) para posteriormente ser enviado ao Brasil.
Santana GLS 2 Portas 1995 – em restauração
Gustavo achou este belo exemplar Branco Pérola na cidade de Blumenau/SC. Ele carecia de um banho de tinta e o hodômetro acusava 65.000 km, que aparentavam ser originais devido ao estado geral do carro. O GLS encontra-se em processo de pintura para voltar à desfilar sua beleza nas ruas de São Paulo com seu aspecto inteiramente original.
É isso aí Gearheads, espero que tenham gostado e, até ao próximo Garagem Flatout!