Um Subaru Impreza WRX original de fábrica já é suficiente para fazer bonito no fim de semana na pista. Se for o STI melhor ainda. E não importa a geração — uma das características mais tradicionais e aclamadas do Scooby é seu comportamento dinâmico exemplar, ajudado com o baixo centro de gravidade proporcionado pelo motor boxer e pelo sistema de tração integral.
Mas quando se está na Inglaterra, disputando um campeonato nacional de qualquer coisa com quatro rodas e um volante, o negócio é mais embaixo. É por isso que quando você pretende entrar pra valer no circuito britânico de Time Attack com um Impreza, é melhor transformá-lo em um supercarro. Essa é a história do Gobstopper, o Subaru Impreza de primeira geração da Roger Clark Motorsport (RCMS).
Roger Clark foi um piloto britânico de rali dos anos 1960 e 1970 e voltou a correr algumas provas nos anos 1990 com um Subaru Impreza. Ainda como piloto, ele fundou a equipe que leva seu nome e após sua morte, em 1998, seus filhos Matt e Olly assumiram o controle do time. Foi em 2006 que os herdeiros começaram a trabalhar no Subaru que se tornaria o Gobstopper. O desenvolvimento levou três longos anos, mas absolutamente todos os elementos do carro foram retrabalhados para dominar os adversários nas pistas.
O primeiro alvo da transformação do velho Impreza em um supercarro foi o motor. O boxer de dois litros original foi inteiramente retrabalhado pelos irmãos com novos pistões e virabrequim feitos exclusivamente para o projeto na própria RCMS e recebeu uma turbina Garret EC-1 .70 e um sistema de injeção de óxido nitroso (NOS) que juntos podem produzir 860 cv. Oitocentos e sessenta cavalos-vapor despejados nas quatro rodas. Nissan GT-R, você precisa trocar o peixe cru por angu para alcançar esse cara.
Falando em tração integral, para transmitir essa potência brutal para as quatro rodas a RCMS construiu um câmbio próprio sequencial de seis marchas com trocadores no volante usando a carcaça original. Como se imagina, o conjunto de embreagem também precisou ser feito sob medida pela própria preparadora/equipe.
Para contornar as curvas com velocidade e apontar com a precisão de um atirador olímpico, o Subaru recebeu amortecedores ajustáveis da EXE-TC, que fornece componentes para equipes do WRC, e uma gaiola padrão FIA para melhorar a rigidez estrutural e proteger o piloto, que por acaso é o próprio Olly Clark.
Toda a eletrônica do carro, que inclui controle de tração, injeção de nitro e data logging são controlados por uma ECU Motec com sensores e chicotes fabricados pela própria RCMS, para variar — a parte legal é que todos os componentes são vendidos pela preparadora a quem tiver interesse (e dinheiro para isso).
O resultado é um supercarro devorador de asfalto, curvas, zebras, Evos e o que mais aparecer pela frente. É sério e sem exageros: se você não acredita, veja esta compilação do Gobstopper nas mãos de Olly pelos circuitos britânicos (tem até Brands Hatch por aí) ao som do batidão arrasa-quarteirão dos Chemical Brothers:
[ Sugestão de post: Marcelo Toyofuku ]