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Project Cars Project Cars #333

Gol Turbo 1.9 Draw-Through: a pintura e a personalização interior do Project Cars #333

Buenas Flatouters, PC#333_S01_E04! Quarto Episódio da temporada! Pra quem chegou até aqui, soube que teminamos o terceiro capítulo com o Gol danificado na dianteira e na traseira e eu numa fase de uruca e desanimação. Pois bem, eu cogitei desistir de tudo, vender o Gol, vender o Fusca e me tornar um cidadão de merda qualquer normal, que compraria um carrinho sem graça pra me locomover por ai. Mas graças a um irmão gearhead fanático, o Gus, deixei a poeira baixar e consertar o Gol.

Conversei com o Narcizo (Zongara), ainda na primeira batida do Gol, que estava com a oficina cheia e me pediu um tempo para pegar o carro. Depois disso veio todo o caos já contado anteriormente, então, depois do segundo acidente, encostei o carro de vez na garagem e esperei o chamado.

Finalmente, pouco mais de 4 meses, no início de Janeiro de 2014, libera-se uma vaga na oficina! Mas ao invés do carro ir pra lá, ele segue para uma oficina parceira para o alinhamento da frente e troca do painel frontal, comprado original VW. Capô e Para-lama conseguiram recuperação.

Num período de aproximadamente 2 semanas, o Gol finalmente chegaria à Zongara, para alinhamento de faróis e piscas, para iniciar a preparação da pintura.

01-PHONEDIAL

Depois disso o projeto entrou num período de inatividade de aproximadamente 7 meses – porque nada na minha vida é simples demais. Neste ínterim, comentei com o Gus que estava pensando em comprar um jogo de aro 15” para usar na pista, mas foi um comentário despretensioso, mais pra trocar uma idéia. Ele me aparece então com um jogo de rodas que ele havia negociado com um amigo – o Felipe Bitu, fotógrafo e colaborador da QuatroRodas – mas que não as utilizaria mais. Era nada menos do que um jogo de Rodas OZ Racing Superturismo, 15×7, furação 4×100. Não era exatamente o momento de comprar um jogo de rodas, mas em vista da oferta e raridade delas, me abracei na hora – eram rodas que eu poderia usar em circuitos sem medo e me poupariam as 16” nestas ocasiões. Corri para vesti-las com pneus e montá-las no carro. Dia de maldade…

02-OZ-RACING

A minha intenção com o carro era somente consertar o estrago das duas batidas e colocá-lo logo na rua de novo, mas um ponto de ferrugem no lugar certo acabou transformando o projeto por completo.

Entre uma visita e outra na oficina, o Narcizo começa a me sondar com perguntas e mais perguntas:

–  “Que tal a gente aproveitar e já pintar as duas laterais também? Tem uns piquezinhos e uns risquinhos…”

– “E o teto. O que você quer fazer no teto? Na outra vez nós só polimos (em 2002). Acho que a gente podia dar uma poeirinha nele.” – “poeirinha” na linguagem Narça é só aquela camadinha leve, um vaporzinho de tinta.

E ainda tinha mais:

– “E a bateria, vamos colocar no porta-malas? A gente pode também passar toda a elétrica dos faróis por dentro do para-lama, vai deixar o cofre mais limpo…”

– “Vem aqui, vou te mostrar uma coisa. Tem um ponto de ferrugem saindo debaixo do borrachão aqui no para-brisa. O que você quer fazer…”

Aquele ponto de ferrugem no para-brisa nos obrigaria a desmontar o painel do carro, e, mais do que isso, me reacendeu uma ideia antiga, que eu já havia tentado realizar em 2002 na primeira pintura do Gol e ainda antes, no meu Passat. Eu queria um único braço de limpador, no meio do carro!

Sempre admirei os carros de DTM (quem não?) com seus limpadores centrais. É claro que, guardemos as devidas proporções, meu carro nunca será! Mas o limpador, além da função estética me fazia crer que resolveria o problema crônico que afeta todo Gol quadrado: nossos limpadores duplos dianteiros são uma bosta perdem facilmente a função acima dos 140kmh. E convenhamos que quem tem carro turbo chega rapidamente nestas velocidades.

Pesquisei na internet pois eu já havia visto fotos de Golf MK1 e MK2, na Europa, com um único braço de limpador, mas não exatamente no centro como eu queria. até explica uma forma simples de fazer a alteração. Mas a ideia era um pouco mais radical…

Depois de alguma conversa com o Narcizo – e de várias torcidas de sobrancelha dele – chegamos em um acordo. Mas antes de sair recortando o carro, a idéia foi testada na prática.

O Narcizo comprou um mecanismo de Uno (quem diria um Fiat fazendo referência à um VW, haha), fixou-o provisoriamente no furo “quase”central do limpador original, colocou o braço do Gol no mecanismo e ligou. O ângulo de varredura parecia perfeito! A distância que a palheta passava do borrachão do vidro de um lado era a que faltava do outro. A confiança de que funcionaria era tamanha a ponto do Narcizo ouvir o que (não) queria:

– “Vamos cortar! Sem dó!”

E assim a coisa foi indo…

Depois da desmontagem do painel para a modificação do sistema de limpador, vimos que os suportes que fixam o painel na carroceria estavam quebrados – coisa bem comum nos quadrados. Poderíamos consertar ou partir para a compra de outra capa de painel. Comecei a pesquisa na internet mas não encontrava a bendita capa cinza claro, original do Gol 1000. Minha capa já estava esverdeada de tanto silicone aplicado durante a vida do carro, além de estar manchada da ação do sol, o que nos obrigaria a pintá-la para que voltasse a ter um aspecto decente. Dito isto, percebemos que o processo de pintura da capa se tornara inevitável – e retirar todo aquele silicone para que um Primer aderisse ali seria praticamente impossível. Isto me abria um leque de opções na busca por uma capa com os suportes intactos.

Voltei a pesquisa e acabei encontrando uma capa do mesmo modelo, mas na cor preta, em um estado bem bom. Troquei mensagens com o vendedor e fui até uma oficina, do outro lado de Curitiba. Era noite, a iluminação não tão apropriada mas pude ver que tudo estava conforme o anúncio – e conforme eu queria. Apesar da pouca luz, pude perceber no fundo da oficina, em meio a diversas peças de carro, um jogo de bancos Recaro, dianteiros e traseiros, do Gol GTS 88, em preto e vermelho. Aquilo me interessou e perguntei se os bancos estavam a venda. O cara me disse que não, mas que se eu realmente os quisesse, ele poria preço. Continuamos a conversa, ele me passou um valor bem plausível e eu fiquei de responder no dia seguinte, quando ele “desenterraria” os bancos lá do fundo e eu poderia ver se estavam completos e em qual estado.

No dia seguinte, volto a oficina e vejo os bancos de perto. Um estado lastimável, tanto o tecido como o estado da espuma do banco do motorista, cheiro de xixi de gato, mas havia todos os acabamentos e ainda os bancos traseiros, em esputa injetada.

O banco do passageiro era o que estava “melhorzinho”

Fechamos negócio, eu ainda meio sem saber o que fazer com aquilo. Colocar somente um jogo de bancos no carro ficaria um pouco exagerado. Seria preciso melhorar os acabamentos de porta – que no Gol 1000 são simples demais –  além de usar um tecido que “diminuísse” o tamanho dos bancos, para evitar um ambiente sufocante.

Eu sempre gostei de interiores claros; tons de cinza, creme ou caramelo. Já havia modificado o interior do Gol anos antes, mas sem muitas idéias, deixei por conta do estofador. O resultado ficou mediano, sujava muito facilmente e o acabamento não era lá aquela coisa.

17-INTERIOR-CLARO

Ao mesmo tempo que comecei a pesquisar tecidos no mercado, sempre pensando em manter tons de cinza mais claros, imaginei em criar um link entre interior e exterior. O Gol 1000 sempre foi conhecido por ter piscas dianteiros inteiramente laranjas, além de adesivos também característicos na cor laranja. E coincidentemente meu carro tinha auto-falantes em uma cor laranja meio cobreada. Então me surgiu a idéia de usar esta cor também no interior, mas de forma sutil, pois utilizar laranja poderia facilmente fugir do controle e ficar exagerado.

Além disso, apesar de serem bancos Recaro, eu queria trazer elementos dos bancos do Gol 1000 original, como por exemplo, as costas dos bancos dianteiros em TEP (napa/couro sintético) assim como as laterais dos encostos de cabeça, além de usar um tecido mais simples na parte frontal. Depois de um conjunto de umas 10 amostras de tecido Cinza, do TEP e do tecido Laranja, cheguei em uma combinação que “conversava” entre si.

18-AMOSTRAS

Amostras escolhidas

Uma projeção realizada pelo Bruno, o Loeffler mais novo, me ajudou nesta definição. Começamos a desenhar também os painéis de porta e o volante. Ainda não era exatamente isso, mas a base estava criada e os bancos dianteiros praticamente definidos.

Com o projeto em mãos fui conversar com o “seu” Henrique, da Ataíde Estofamentos, um excelente restaurador de estofamentos automotivos aqui de Curitiba, com boas referências sobre restauração de bancos Recaro. O orçamento me custaria uma vez e meia o que havia pago nos bancos mas depois de conhecer a oficina e ver os carros que lá estavam, o capricho, o cuidado, me animei. Deixei os bancos e fiquei de retornar pelo menos uns 20 dias depois, prazo estimado para a restauração completa dos bancos, incluindo a reconstrução das espumas dos assentos dianteiros. Passados 30 dias, recebo a ligação de que o estofamento estava pronto. O (excelente) trabalho deles pode ser visto abaixo.

21-RECAROS-RESTAURADOS

Bancos maturando no ático de casa

O antes & depois da restauração. Trabalho super recomendado!

Os bancos então foram pra casa, onde ficaram adormecidos por quase 1 ano (11 meses e meio). Enquanto isso o trabalho seguia na Zongara…

36-PINTURA

Com o carro pintado e começando a ser remontado, eu precisava fazer a minha parte: remontar o motor para levar o carro para a auto-elétrica.

37-MONTAGEM

Isso significava, recolocar a turbina (retirada para uma revisão), montar novas mangueiras de água, todas com braçadeiras em inox, e todo o sistema de refrigeração. Deveria também instalar o novo radiador de óleo Empi e as novas mangueiras com aeroquip. Para o novo radiador, o Narcizo fez um suporte em frente ao radiador de água. A intensão seria escondê-lo o máximo possível, uma vez que eu recolocaria os defletores do radiador – um jogo novo original VW comprado também pela internet.

O carro foi sendo montado pouco a pouco. Reservatórios novos, ventoinha nova, mangueiras de óleo novas. Com a bateria deslocada no porta-malas, o Narcizo preparou um suporte para organizar um pouco algumas coisas no cofre, como o dosador, a bobina e reservatório do respiro de óleo. No interior, foi instalado um novo forro de teto e acabamentos das colunas antes de reinstalar os vidros. O carro também ganhou novos para-choques traseiro e dianteiro, agora sem os faróis de milha.

 

Depois de 1 ano e 8 meses, o carro estava pronto para seguir para a elétrica para a reconstrução completa dos chicotes. Muita coisa havia mudado; desde a bateria deslocada no porta-malas, os dutos para os chicotes dos faróis passando dentro do para-lama dianteiro, travas elétricas para capo e porta-malas, chave geral. Além disso eu optei por retirar o som do carro. Enfim, tudo precisava ser reconstruído. Mas antes de seguir para a elétrica, por orientação do próprio eletricista, era preciso concluir o escapamento; me explico. Eu havia comprado um sistema de abertura elétrica para o escapamento e, antes de reconstruir a elétrica, seria bom já ter as coisas instaladas no lugar. E assim foi, o carro seguiu de guincho para o Escapamento dos Estados.

57-ESCAPAMENTO

Com o escapamento instalado, o carro seguiu finalmente para a elétrica. Foi literalmente mais um parto! O trabalho todo custou exatos nove meses, com visitas semanais todas as sextas-feiras as 18h, além de uma quina lascada/amassada logo acima da lanterna traseira e todo o verniz da parte superior do carro comprometido pela seiva que alguma árvore largou sobre o carro. Mas a parte elétrica ficou boa no final.

Foi instalado um console mais alto, que eu havia ganho do Gus anos atrás. No console permaneceu a injeção digipulse, o botão de partida a frio, o controle de abertura do escapamento, abertura/fechamento das portas e corte da bomba. A chave geral foi instalada no local do afogador, do lado esquerdo do volante. Também foram instalados os sistemas de segurança que não falarei por motivos de segurança – são 7 no total, mas eu posso estar mentindo, pode haver mais hehe. As fotos do console serão vistas mais adiante.

Com a elétrica reconstruída era possível reativar o carro, ver se tudo funcionava conforme e, finalmente, voltar à Zongara para testar o limpador de para-brisa. Aliás, isto tinha que funcionar por bem ou por mal, não havia alternativa, tudo estava pronto, acabado e no lugar. Voltar atrás não era uma opção.

Com o suporte para o mecanismo que o Narcizo havia desenvolvido foi possível manter a ventilação original do carro, além do mecanismo ficar escondido atrás do plástico de proteção da ventilação. Como a VW nunca pensou nisso? =)

58-SUPORTE-LIMPADOR

Mas ainda havia um problema. Dois na verdade. O primeiro foi fácil de resolver; de qual tamanho seria a palheta e de quanto deveríamos encurtar o braço – agora já o do Uno instalado no lugar. Começamos pelo tamanho do braço, retirando o rebite da haste e reposicionando a haste mais para o interior do braço. Ainda com uma palheta de Gol instalada, a medida que parecia adequada era de 2cm – o que deixava a varredura mais bem posicionada. Instalei então a palheta do Uno, de 19” (polegadas) de comprimento, e ela “transbordava” o borrachão, tanto em cima como nas posições baixas. Numa medição aproximada do quão menor ela deveria ser, chegamos a um valor: uma palheta 1” menor, poderia resolver.

Corri até um posto de gasolina e pela primeira vez na vida, comprei uma palheta pelo comprimento dela: 18”. Não lembro até hoje de que carro ela era.

Voltando à Zongara, confirmamos nosso palpite. Funcionava! A varredura ficava no limite do borrachão. Marcamos então a posição da haste, a refuramos e rebitamos no lugar. Perfect!

O segundo problema relatado é em relação a incompatibilidade entre os sistemas Fiat e VW. O comando do VW não permite controlar o retorno do sistema em uma posição precisa, de descanso. Em outras palavras, ao desligar a alavanca o limpador para onde está – como é na minha Kombi ‘65, ou seja, sem dramas. Esta desvantagem se transformou facilmente em uma vantagem, pois, com um pouco de habilidade, consigo descansar o braço verticalmente, exatamente como nos DTM.

59-GOL

Com o carro andando e o limpador funcionando, faltava ainda o interior! Ouf…

E era preciso reformular o interior do carro para fazer jus ao nível dos bancos. Enquanto o carro ainda estava na pintura, busquei na internet os acabamentos superiores de portas utilizado nos Gols CL/GL, que casariam com o painel quadradinho e dariam uma enriquecida no interior do carro. Encontrei todos, dianteiros e traseiros, inclusive mais do que um jogo e acabei comprando tudo que encontrei. Em paralelo, por indicação de amigos, encontrei um carpete cinza claro original VW a venda na internet. Pronto, agora o interior seria completamente reformulado.

Eu precisava então encontrar uma solução para os painéis de porta, utilizando algum detalhe em laranja, cuidando para não exagerar. As idéias foram surgindo, com base no desenho original das portas do gol, apenas simplificando para um contorno de linha única. Os botões dos vidros elétricos foram também deslocados para se alinharem com a maçaneta interna das portas.

60-PAINEL-DE-PORTA

Para garantir a harmonia da cor dos bancos com o painel e painéis de porta, o Narcizo desenvolveu uma cor cinza no exato tom da cor do TEP. Pintamos a capa do painel, o acabamento do volante (da summer) e a chapa das costas do banco traseiro, tudo no mesmo tom. A decisão final foi então pela segunda versão, com o contorno laranjado mais fino que, na prática, seria um debrum/galão que separaria o TEP do tecido. Com a idéia no papel, voltei ao seu Henrique, na Ataíde Estofamentos, e ele topou a parada. Com duas semanas de trabalho – e de pura alegria – o interior estava instalado.

A escolha do tecido acabou saindo melhor do que o esperado. Sua cor varia de acordo com a incidência da luz, ficando hora um ambiente “monocromático” hora um bi-tom de cinza.

73-CONTRASTE-TECIDO 74-CONTRASTE-TECIDO

Em seguida voltei ao CAD para desenhar um suporte para os instrumentos do painel, que deixaram o lugar das saídas de ar centrais e desceram para o lugar do rádio. O suporte foi impresso em 3D e encaixou perfeitamente no lugar do rádio, sem necessidade de furar o painel. Os instrumentos de temperatura de óleo e mano-vacuômetro foram mantidos os Cronomac enquanto o Hallmeter foi colocado um novo da AutoMeter.

75-SUPORTE-INSTRUMENTOS

O resultado final pode ser visto abaixo.

76-INTERIOR 78-PC#333_S01_E04 77-INTERIOR

O PC#333 estava consertado, repintado e tinha um interior “praticamente” concluído. Digo praticamente, entre aspas, pois ainda precisaria concluir o acabamento do porta-malas, deixado pra mais tarde, reforçar e pintar o console além de mais alguns pequenos detalhes. As cerejas do bolo. Mas vou deixar estes detalhes para o próximo episódio!

Por Max Loeffler, Project Cars #333

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