O Salão de Frankfurt é o quintal da casa de uma série de fabricantes. Tanto que muitas têm pavilhões exclusivos no maior salão do mundo para mostrar suas novidades. É o caso, por exemplo, de Volkswagen e Audi. Ainda que tenham públicos diferentes, elas duas convergiram para elétrico e SUVs, na edição deste ano. Quando não para as duas coisas juntas.
Veja o caso da segunda geração do Tiguan. Agora construído sobre a plataforma MQB, o SUV tem 4,49 m de comprimento, 2,68 m de entre-eixos, 1,84 m de largura e 1,63 m de altura. E deve ganhar uma versão híbrida, chamada de GTE e apresentada apenas como conceito, por ora. Seu motor é o mesmo 1.4 TSI do Golf vendido no Brasil, mas vem com um motor elétrico que eleva sua potência a 218 cv.
Em modo puramente elétrico, ele chega a 130 km/h, para poupar as baterias, e pode percorrer até 50 km. Tanto o motor elétrico quanto o a combustão impulsionam apenas as rodas dianteiras. Com os motores combinados, o GTE chega aos 200 km/h de máxima e acelera de 0 a 100 km/h em 8,1 s.
Se ele for produzido, isso deve acontecer apenas depois que o Tiguan comum chegar ao mercado, algo previsto para abril do ano que vem. Aqui, segundo , ele só chega em meados de 2017, depois que o utilitário passar a ser fabricado no México. Faz sentido, já que ele seria vendido sem imposto de importação. Chegou-se a falar de produção brasileira, para o utilitário, mas ela deve ter sido abortada pela situação do mercado.
O Tiguan terá motores a gasolina de 125 cv, 150 cv, 180 cv ou 220 cv. As duas primeiras potências devem vir do 1.4 TSI, enquanto as duas últimas vêm do 2.0 TSI, o mesmo do Golf GTI. Os turbodiesel geram 115 cv, 150 cv, 190 cv e 240 cv. Os motores diesel de entrada não foram revelados, mas as duas últimas potências são do 2.0 TDI, com seus dois turbos e mais de 2.500 bar de pressão de injeção de combustível.
Além dele, a Volks também mostrou os conceitos Multivan PanAmericana e Golf GTE Sport. O primeiro é uma Multivan com capacidade de carregar motocicletas, com uma rampa eletricamente operada para carga e descarga, além de ganchos internos para prender as motocicletas. Seu motor é um 2.0 TDI, turbodiesel, de 204 cv com transmissão DSG de sete marchas e tração nas quatro rodas 4Motion.
O Golf GTE Sport é um conceito mostrado em Wörthersee, assim como o GTI ClubSport, o GTI de 290 cv do qual já falamos por aqui. No caso do GTE Sport, ele é um híbrido plug-in de 400 cv. Vem com um motor 1.6 TSI de 299 cv e dois motores elétricos, um para cada eixo, com 115 cv cada um. Não tente fazer as contas somando as potências porque não é assim que funciona: existem perdas na integração dos motores. E compromissos que a fabricante assume por conta de consumo e eficiência.
O Golf GTE Sport vai de 0 a 100 km/h em 4,3 s e atinge a velocidade máxima de 280 km/h. O consumo é de 50 km/l, algo que o esportivo consegue também por sua carroceria de fibra de carbono. O motor 1.6 TSI move apenas as rodas dianteiras, como convém a um Golf. Em modo apenas elétrico, ele percorre até 50 km.
Segundo o CEO da empresa, Martin Winterkorn, 20 novos modelos híbridos ou inteiramente elétricos serão lançados pela empresa até o final da década. E ele falava apenas da Volkswagen, não das demais empresas do grupo. Como a Audi.
De Ingolstadt virá, por exemplo, o Audi E-Tron Quattro Concept, que a imprensa mundial já está chamando de “matador de Model X”. Isso porque ele está com o SUV da Tesla na mira, ainda que seja apenas um modelo conceitual. Pelo menos no papel.
Segundo Ulrich Hackenberg, o pai da plataforma MQB e responsável pelo desenvolvimento técnico de quase todos os novos produtos do grupo Volkswagen, a Audi apresentará em 2018 um SUV totalmente elétrico. E esse tal SUV está sendo antecipado pelo conceito deste ano. Outra forma de ler isso é que a Volkswagen ainda precisará de três anos para chegar onde a Tesla chegou, dando ao Model X um refresco considerável. E a chance de dominar o mercado que ele mesmo está criando.
O E-Tron usa três motores elétricos. Um está no eixo dianteiro e os outros dois no traseiro, um para cada roda. Com isso, ele tem à disposição 435 cv e 81,6 mkgf e consegue acelerar de 0 a 100 km/h em 4,6 s. A máxima, eletronicamente limitada, fica nos 210 km/h. O Model S, que começa a ser entregue no final deste mês, acelera de 0 a 100 km/h em 3,2 s.
As baterias do E-Tron entregam 95 kWh, permitem uma autonomia de 500 km e são alojadas no assoalho do SUV, que tem um coeficiente aerodinâmico de apenas 0,25. Prova de que ele é mais do que um conceito são seus dados técnicos quase completos: 4,88 m de comprimento, 1.93 m de largura e 1,54 m de altura. Faltou entre-eixos, mas provavelmente foi medida estratégica, para não entregar o ouro à concorrência.
Outra atração importante da Audi em Frankfurt foi a quinta geração do A4, a B9. O sedã e a perua mostraram ser evolutivos, sem algo visualmente marcante para diferenciá-los do anteriores. Ainda assim, o A4 fez bonito no salão. Tanto que é um dos candidatos a carro mundial do ano.
Para começar, ele é maior que o anterior. Tem 4,73 m de comprimento (contra 4,70 m do anterior), 2,82 m de entre-eixos (2,81 m), 1,84 m de largura (1,83 m) e tem a mesmíssima altura, de 1,43 m. Mas é até 120 kg mais leve que o modelo anterior, com um coeficiente aerodinâmico de apenas 0,23, para o sedã, e 0,26, para a perua. Essas características, combinadas aos motores de ciclo Miller, também chamados pela marca de ciclo B, tornam o novo A4 um possível campeão de economia em sua categoria.
O modelo terá sete motores à disposição quando começar a ser vendido, em setembro. Serão três a gasolina, TFSI, e quatro a diesel, TDI. As potências variam de 150 cv, para o 1.4 TFSI e o 2.0 TDI, a 272 cv, do TDI 3.0 de seis cilindros (que tem uma versão mais mansa, com 218 cv). No modelo 2.0 TDI, que pode chegar a 190 cv, o consumo é de apenas 27 km/l. O motor 2.0 TFSI pode ter 190 cv ou 252 cv, ambos com o tal ciclo B e consumo de 20,8 km/l. Para um carro de quase 5 m, é impressionante.
Outras novidades são o painel de instrumentos totalmente digital, chamado de Virtual Cockpit, que vem acompanhado de uma tela de 12,3 polegadas no console central. A A4 Avant tem 505 litros de porta-malas e tampa do porta-malas elétrica, que se abre com um movimento dos pés.
O ponto alto do A4, porém, é a variante esportiva S4. Equipada com um novo 3.0 V6 TSI, ele tem 354 cv à disposição, com 51 mkgf de torque. Pesa 1.630 kg como sedã e 1.675 kg sob a forma de perua, a S4 Avant. O S4 é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 4,7 s e atinge a máxima, eletronicamente estabelecida, de 250 km/h.