Em fevereiro de 2014, o Hennessey Venom GT tomou para si o recorde de carro mais rápido do mundo quando alcançou 435 km/h em uma pista de pouso. Dissemos que ele “tomou” o recorde porque sua medição não foi feita em caráter oficial: somente uma passagem foi medida, enquanto para homologar o recorde é preciso fazer uma média de velocidade nos dois sentidos da pista. Por isso, o recorde não tem validade segundo o Guinness World Records Book, o Livro dos Recordes.
Mesmo sem um recorde oficial, atingir tal velocidade é um feito e tanto — especialmente quando há provas em vídeo para ninguém duvidar que ele realmente fez isso. Mas desde então já se passaram quase quatro anos, e o mundo dos supercarros mudou significativamente neste tempo.
O mundo agora conta com o Bugatti Chiron, que tem um velocímetro com escala de até 500 km/h e, com uma versão ainda ainda mais potente do W16 quadriturbo de oito litros: 1.500 cv para atingir a velocidade máxima limitada em 420 km/h. A velocidade irrestrita ainda não foi testada, mas a Bugatti estima algo por volta dos 463 km/h.
É bom os franceses (ou alemães, ou franco-alemães, ou teuto-franceses, vai saber) irem reservando umas semanas em Ehra-Lessien, a pista de testes de velocidade da Volkswagen, para chegar o mais perto possível de sua previsão. Ou ultrapassá-la logo de vez, porque John Hennessey já avisou que o sucessor do Venom GT, batizado como Venom F5, será capaz de atingir as 300 mph, conhecidas ao sul do Equador como 482 km/h. P*rra, Bugatti, a gente não deixaria barato!
Apesar do nome, o Venom F5 não é uma mera atualização (F5, sacaram?) do Venom GT: enquanto este era feito sobre o Lotus Exige, e pegava emprestado o visual de sua dianteira, seu sucessor é construído sobre uma plataforma totalmente nova, com monocoque de fibra de carbono, e recebeu um motor V8 de 7,4 litros todo feito de alumínio, também totalmente novo, com dois turbos e nada menos que 1.622 cv. SIM, CARA, MIL SEISCENTOS E VINTE E DOIS CAVALOS.
A Hennessey ainda é econômica nos detalhes a respeito do motor, mas diz que é “100% americano”, totalmente novo, feito de alumínio – possivelmente feito em parceria com alguma das várias fabricantes de blocos de competição que existem nos Estados Unidos, como a Donovan. O projeto base pode muito bem ser de algum motor V8 Chevrolet – se fosse para arriscar um palpite, diríamos se tratar de um LS7 com kit stroker, pois a Hennessey andou lidando em um desses há alguns anos. É uma receita relativamente simples e já conhecida: utiliza-se o diâmetro de 4,125 polegadas do small block, mais o virabrequim stroker com curso de 4,250 polegadas. Naturalmente, no caso do Venom F5 podemos contar com componentes forjados, dois turbos enormes e um belo sistema de arrefecimento. Vamos adorar saber mais detalhes a respeito desta usina… assim que eles forem revelados.
Os 1.622 cv e 179,7 mkgf (!!!) de torque são moderados por uma caixa automática de sete marchas e uma só embreagem – certamente por questão de custo e robustez. A tração é apenas traseira, e o conjunto promete levar o F5 de zero a 300 km/h em dez segundos, e de zero a 400 km/h em 30 segundos. O Venom F5 tem controle de tração baseado no navegador GPS, e o mesmo funciona até os 225 km/h sem exceções. Mesmo que você compre seu Venom F5 com câmbio manual, que é opcional.
O Hennessey Venom F5 pesa 1.360 kg, sendo bem mais leve que o Chiron e seus 1.996 kg, e ainda tem um sistema de aerodinâmica ativa que abaixa o spoiler traseiro e reposiciona aletas no para-choque dianteiro para reduzir o arrasto aerodinâmico sob aceleração. Os pneus são Michelin Pilot Sport 2, os mesmos do Chiron, mas John Hennessey acredita que, como o F5 é bem mais leve, sua carga sobre os pneus não chega nem perto daquela produzida pelo Chiron. Ao Top Gear, ele foi bem claro: “pneus são um fator limitante para a Bugatti, mas não para nós.”
A Hennessey vai construir todos os 24 exemplares do Venom F5 no Texas, com preço que parte de US$ 1,6 milhão (R$ 5,22 milhões, em conversão direta. O Chiron custa US$ 3 milhões. Agora, apesar de mais barato, o Venom F5 terá seus compradores escolhidos a dedo por John Hennessey, que os convidará para um passeio pela fábrica, onde poderão escolher cada detalhe de seus carros.
Se fôssemos apostar, diríamos que um dos compradores será Steven Tyler. Por quê? Porque o lendário frontman do Aerosmith foi um dos primeiros a comprar a versão conversível do Venom GT, e também porque a clássica Dream On, do primeiro álbum da banda, lançado em 1973 foi a música usada na apresentação do carro.
Uma crítica? Acho que descobrimos porque os teasers foram publicados com a traseira do carro. A dianteira mais parece uma McLaren e Chevrolet Corvette – é um carro bonito, mas não exatamente original. Mas com 1.622 cv na traseira isto é apensa um detalhe, não?
Confira, abaixo, o vídeo do Hennessey Venom F5 no SEMA (o carro provavelmente é um modelo estático – repare nos faróis e na área envidraçada. O protótipo funcional deve ser um carro de pré-produção, com acabamento “rústico”, e por isso não fica bem na frente das câmeras…