Não é à toa que cada vez mais gente, no mundo todo, se rende aos encantos dos hot hatches na hora de comprar um carro: os modelos modernos normalmente trazem motores turbinados e tração dianteira (às vezes, integral) e estão cada vez mais potentes, atraentes e velozes, sendo capazes até mesmo de superar superesportivos de um passado não tão distante em Nürburgring Nordschleife.
Falando nisso, que tal uma batalha entre os três últimos recordistas de tração dianteira no Inferno Verde? Steve Sutcliffe, da Autocar, nos traz exatamente isto em seu mais recente vídeo: uma disputa entre o Seat Leon Cupra 280, o Renault Mégane RS Trophy 275 e o novo Honda Civic Type R — os três principais hot hatches de tração dianteira que brigam constantemente pelo tempo mais baixo no Nürburgring — no rápido e rasteiro circuito de Llandow, em Cardiff, Reino Unido.
Os três terão apenas 1,5 km para mostrar qual é o mais veloz. Será que a disputa vai ser tão acalorada?
O primeiro a entrar na pista é o Seat Leon Cupra 280 que, como seu nome sugere, tem um quatro-cilindros turbo de dois litros e 280 cv, que aparecem entre 5.350 e 6.600 rpm, além de 35,7 mkgf de torque entre 1.700 e 5.600 rpm. O câmbio é manual, claro, de seis marchas, acoplado a um diferencial de deslizamento limitado com atuador hidráulico e a capacidade de transferir até 100% do torque para uma única roda — em curvas de alta, toda a força pode ir para a roda do lado de fora da curva, reduzindo substancialmente o subesterço típico dos carros de tração dianteira e tornando o Cupra um carro absurdamente ágil.
Sutcliffe elogia o acerto da suspensão e a velocidade do carro nas retas — o que não surpreende, visto que a potência e o torque máximos estão disponíveis em uma ampla faixa de rotações. Além disso, o Cupra é basicamente um VW Golf GTI com traje espanhol e 50 cv a mais. Visualmente, porém, ele é o mais discreto dos hot hatches, dispensando grafismos coloridos, rodas extravagantes e penduricalhos aerodinâmicos — uma sobriedade que se estende ao interior. O “sleeper” do trio consegue um excelente tempo — 46,9 segundos.
Em seguida, é a vez do Renault Mégane RS Trophy 275 que, assim como o Seat, traz a potência no sobrenome: 275 cv a 5.500 rpm e 36,7 mkgf de torque a 3.000 rpm vindos de seu 2.0 turbo F4RT, acoplado a uma caixa manual de seis marchas. Ele é o menos potente dos três, mas também é o mais leve, tendo passado por uma dieta que incluiu a remoção do ar-condicionado, do sistema de som e do banco traseiro e a instalação de bancos concha de policarbonato da Recaro. O francês pesa 1.280 kg, o Seat Leon Cupra pesa 1.327 kg e o Honda Civic Type R pesa 1.382 kg — definitivamente os hot hatches enxutos são coisa do passado.
O fato é que Sutcliffe estava otimista com o Mégane RS, porém o carro apresentou mais subesterço do que o desejado e os freios — que usam discos de aço e alumínio de 350 mm — apresentam um fading indesejado, provavelmente porque Sutcliffe já havia dado algumas voltas bem animadas antes desta (freios de carbono-cerâmica minimizariam bastante o problema, e ainda economizariam peso). Antes mesmo de conferir o tempo, o jornalista já percebe que o Renault foi mais lento, virando 47,6 segundos.
Por fim, chega a vez do Honda Civic Type R — que, depois de virar 7:50 no Nordschleife, tornou-se a nova referência. Não é para menos, também: apesar de ser o mais pesado, ele é o mais potente dos três, com 310 cv a 6.500 rpm e impressionantes 40,8 mkgf de torque entre 2.500 e 4.500 rpm vindos de seu quatro-cilindros 2.0 turbo equipado com comandos variáveis i-VTEC. O câmbio é manual de seis marchas, acoplado a um diferencial de deslizamento limitado.
Você nem precisa ouvir os comentários de Sutcliffe para sacar o quanto o Type R é selvagem — basta vê-lo brigando com o carro ao longo de toda a volta e notar como o Civic parece estar em outro nível. O jornalista britânico também se impressiona com o vigor do motor 2.0 turbo em rotações médias — o que faz toda a diferença em retomadas na saída de curvas — e com a precisão do câmbio manual de seis marchas. A suspensão dianteira (que, como já vimos, é baseada no sistema McPherson convencional porém traz uma manga de eixo adicional para reduzir o esterçamento por torque em até 50%) faz seu trabalho mantendo o Type R firme em sua trajetória.
No fim das contas, a potência extra garantiu que o Type R fosse o mais rápido ao redor de Llandow, mas não muito: com um tempo de 46,5 segundos, o Civic foi apenas 0,4 segundo mais veloz que o segundo colocado, o Leon Cupra 280 e 1,1 segundo mais veloz que o Mégane RS Trophy 275. Ainda que prove que o Honda é o atual rival a ser batido, o resultado também é uma evidência de que esta briga está longe de acabar.
Agora, qual dos três é seu favorito?