Pelo visto, a categoria Improved Production é a salvação do automobilismo de raiz neste mundo moderno: carros de rua preparados para as pistas, um regulamento bastante permissivo e muita pilotagem no braço – sem grandes patrocinadores, sem jogos de equipe, sem interesses financeiros. Os caras querem pegar seus carros e correr.
Jordan Cox, da J. Cox Motorsport, é um dos grandes nomes da atualidade na Improved Production. Seu Honda Civic hatch de quinta geração com motor de dois litros (é permitido trocar o motor do carro, desde que seja por outro da mesma fabricante) ficou famoso depois de protagonizar uma batalha épica com um Toyota Celica da década de 1970 na abertura das 12 Horas de Bathurst.
Agora, ele está de volta em outro duelo. E contra outro Toyota; desta vez, um Corolla Levin AE86 (identificado pelos faróis fixos, pois o Sprinter Trueno tem faróis escamoteáveis). Tração traseira contra tração dianteira, sendo que ambos estão dispostos a fazer quase tudo para ficar na frente e deixam isto bem claro. Se liga:
A corrida é disputada no circuito de rua de Adelaide, o que significa que há pouquíssimas áreas de escape e uma boa alternância entre trechos de alta velocidade e curvas mais técnicas. Também não existem muitas oportunidades de ultrapassagem – o que não significa que os caras não fiquem o tempo todo tentando ultrapassar, claro.
O rival de Cox desta vez é Chris Brown – não o cantor e rapper americano, evidentemente, mas sim o dono deste Levin com um motor 3S-GTE, o mesmo usado em algumas versões do Celica da década de 1990 e no MR2. Detalhes como potência, torque e outras especificações técnicas seriam bacanas, mas não são essenciais. Vamos focar nas características dos carros.
O Toyota leva clara vantagem nos trechos mais rápidos, mas o Civic está mais à vontade nas curvas. Com isto, Cox aproveita cada oportunidade de se aproximar de Brown para tentar tomar seu lugar, o que resulta em momentos impressionantes como a incrível ultrapassagem por fora da chicane aos 1:40 do vídeo (o replay em câmera lenta é exibido pouco depois). Dois minutos depois, aos 3:40, acontece isto:
O Toyota Yaris fica no caminho da dupla, que prontamente se divide para ultrapassá-lo – Cox vai por fora da curva, em uma das poucas áreas de escape relativamente amplas do circuito, e passa por um vão apenas alguns pixels maior que a largura de seu Civic. A gente achou que ele ia bater…
Pouco tempo depois, aos 5:00, começa um dos movimentos mais ousados de Cox. Atrás do Toyota, ele dá pequenos toques no para-choque traseiro – não de forma agressiva; é algo mais como um pequeno “chega para lá” a fim de desestabilizar a dinâmica do carro e fazê-lo perder velocidade (e não para jogá-lo contra o muro, cabe observar). Acaba conseguindo ficar na frente do AE86 por breves momentos, mas no fim das contas perde a posição novamente.
É impossível não lembrar de um dos episódios de Initial D. Na série, Takumi enfrenta um Honda Civic EG com seu AE86 (um Trueno) pelo menos uma vez – no famoso “duct tape deathmatch”, no qual Shingo (o dono do Civic) desafia Takumi para um duelo no qual ambos estão com as mãos presas ao volante por fita adesiva, o que limita o giro do volante. Em certo momento, o Civic esbarra na traseira do Toyota como aconteceu em Adelaide. No entanto, no caso do anime, as coisas foram um pouco mais violentas. Você pode assistir à corrida do anime na íntegra abaixo:
É claro que a vida real não é um anime, e por isso as manobras usadas por Brown e Cox são mais civilizadas. De qualquer forma, esta corrida é mais uma prova de que o automobilismo de raiz segue firme e forte em várias partes do mundo, mas especialmente na Austrália.