Olá, amigos. Estou de volta, dando continuidade e concluindo o projeto. Mecanicamente não teve muita alteração, então já peço desculpas por isso. Houve uma evolução do projeto geral e minha experiência com ele. Depois da reconstrução do motor e muitos gastos no carro, decidi que já está concluído meu projeto. Vou falar do desempenho do carro com o motor novo, os desafios para um piloto amador, e os resultados do carro, sendo pilotado por um piloto experiente.
Divergências na potência
Lembram que meu carro teve um aumento de 27cv nas rodas? Então, algo muito estranho aconteceu depois que arrumei o motor. O Fit já é bem fraco, e depois dessa eu até desanimei de vez a continuar com isso aspirado. Sumiram 19whp, ou nunca teve.
Aqui o gráfico com os 85whp:
Antes com o carro fumando muito, e com muitas folgas, rendeu 85whp e em torno de 13mkgf de torque no motor. Depois da retífica, baixou para 66 whp e algo em torno de 11 mkgf no motor.
O dinamômetro é o mesmo, apenas local diferente. Acredito que a regulagem do dinamômetro na primeira vez estava diferente da última, as condições climáticas também, entre diversos outros fatores. Não sei se a ECU ainda tem o remap depois que fiz o motor, mas acho que ninguém mexeu. De diferente mesmo, só velas, que não são mais iridium, e talvez seja algo irrelevante. Antes, carros com pouco mais de 100cv e mesmo peso, eu andava mais rápido facilmente. Agora tenho mais dificuldade de andar junto, mesmo eu não percebendo muita diferença no carro.
A última medição foi num Dinoday aqui em Brasília. Mesmo o pessoal pegando muito no meu pé aqui, pela potência do meu carro, na hora do evento, alguns escondem os carros e não colocam no dinamômetro ou na pista. No dia fiquei assustado com só 66whp, mas na verdade, o Fit original tem 58whp.
Na Ásia existe um Fit 1.5 I-DSI (oito bobinas e oito velas) com 89cv no motor e 63whp, como mostra o gráfico abaixo:
Eu ainda estaria ganhando 8whp. Saí de lá indignado com meu carro, pensando em não conseguir baixar tempo na pista.
A compra do Supercharger
Um turbo seria mais aceitável, por ser mais fácil de montar e também pela facilidade de achar um bom preparador. Mas qualquer coisa neste carro é complicado. Então já que seria bastante difícil qualquer um, escolhi o Supercharger pelo lindo barulho, não ter que mexer no coletor de escape, e ainda manter o carro mais original. Também teria torque em baixas rotações, perfeito para saídas de curvas no Hot Lap. Procurei o Eaton M24 aqui em Brasília, mas não achei. Tive que buscar um em Anápolis, perto de Goiânia.
Depois que comprei, mudei de ideia, pois ninguém quer instalar ele. Aparentemente não cabe no Fit, pois em outros países usam um próprio já adaptado no coletor de admissão. E ainda talvez o motor do Fit pode ser Counterclockwise (Gira no sentido anti-horário), mas nem verifiquei se é mesmo. Se for, já dificultaria muito a adaptação. Vou colocar uma turbina mesmo, com o preparador que está mexendo no outro carro que comprei, que falarei dele no final. Por enquanto o Fit provou ser ótimo para meus objetivos, e sem outro carro, ficaria meses à pé para fazer estas mudanças. Por isso já está pronto, pois vai demorar eu mexer nisso agora. Estou curtindo ele bastante como está.
Dia de pista
Aproximando a data do Hot Lap de junho, já fiquei muito ansioso. Ainda mais depois que criaram uma rivalidade do meu Fit com alguns Puntos T-Jet aqui de Brasília. Como sempre mostro os comparativos do meu carro com alguns outros no Hot Lap, e às vezes tem gente que não gosta, fala que estou mentindo, começam a desafiar, etc.
Não vejo lógica alguém participar de um evento, e não comparar o tempo com os de outros carros. Não é falar mal do carro de ninguém, mas sim comparativos para as pessoas aqui se basear em parâmetros. Eu sei que muitos andam para diversão própria, mas seria hipocrisia da maioria, ao falar que não desejam andar na frente do próximo carro. Não é generalizado, porque eu sei que tem pessoas correndo lá sem se importar com tempo.
Mas se eu não comparar, e falar que meu carro fez uma volta em um minuto, ninguém saberá se meu carro foi rápido, e ficará sem sentido. Sobre os Puntos T-Jet, foi uma brincadeira de um amigo meu que resolveu correr com um, aí já sabe como é o pessoal que segue o projeto… Foram mais de uma centena de pessoas querendo ver o duelo, curtindo e comentando as postagens do desafio. Meu amigo não superou o tempo do Fit, no T-Jet. Os que falavam que era sorte do Fit, depois do terceiro T-Jet, pararam de me perturbar, e nunca mais ouvi falar do assunto.
Primeiras voltas
A corrida começou por volta das 16:30 e eu tinha que aproveitar ao máximo este curto período de sol para aquecer os pneus slicks e fazer um bom tempo.
Ao entrar na pista, não estava como das outras vezes. Estava muito escorregadia e muitos carros rodando, meu carro com pneus frios, confesso que fiquei com muito medo de bater ou rodar muito feio. Coloquei logo a GoPro numa volta dessas que eu estava testando a pista, e ficou muito esquisito, pois o banco estava meio estilo choraboy e eu tive que me segurar no volante, por causa da força lateral e sem bancos concha.
Fiz bons tempos, mas não foi registrado. Descobri que o transponder não estava marcando tempo, então só começou a registrar tempo depois das 20:00, quando eu já estava esgotado e andando com carona. Já não tentava mais baixar tempo. Para piorar, rodei a quase 100km/h numa curva, e o carro foi de ré em direção a uns pés de manga no meio de uns matos, e nem quis ligar mais. Fiquei meio desorientando lá por 1 minuto tentando fazer o carro pegar.
Aqui um breve vídeo feito da arquibancada. Pedi meu cunhado para filmar meu carro, e ele gastou toda a memória filmando um Opala e o Chaser. Só sobrou uns míseros segundos para o Fit.
Os desafios para um piloto iniciante
Neste último Hot Lap, tive um grande aprendizado. Eu me achava um piloto excelente naquela pista e como estava acostumado com meu carro, achava também que nenhum piloto andaria mais rápido que eu lá, no Fit. Foi aí que quebrei a cara, e tirei as conclusões de que não adianta você andar sempre no mesmo carro e achar que é o melhor naquele carro.
Um piloto experiente falou que meu carro tinha mais potencial e que poderia me passar algumas dicas. O Kiko, para quem conhece. Já ao se posicionar no carro, ele colocou o banco para frente, deixou bem reto, uns 90° mesmo e fomos para a pista, eu no carona. Foi uma pilotagem muito diferente. A forma que ele freava muito forte na zebra, com o carro reto e fazia as curvas perfeitamente, mostrou como se faz uma curva. A coragem dele também é absurda.
Eu achei que o RaceChrono tinha ficado louco, toda curva piscava verde. Eu freava de forma mais conservadora. A regra de não tirar as mãos do volante não funciona, porque o volante do Fit são quase quatro voltas, e o carro tem um dos menores diâmetros de giro do Brasil. Só conheço o March que é menor. Nem antigo Ka e Up! Superam. Não que o diâmetro de giro tenha impacto direto nisso, mas falo por essa curiosidade do Fit.
Mas nem sempre é somente a direção. Neste vídeo abaixo, tem um comparativo com o Le Gol e Voyage do Kiko, com caixas de direção idênticas, e comportamento totalmente diferente nas mesmas curvas. O que faz isso às vezes é a geometria do carro, que é basicamente o ângulo das rodas, como ele me explicou. Então como só coloquei as rodas, meu carro deve estar com uma geometria incorreta. Pelo menos a cambagem, deveria estar negativa.
O dia que perdi para meu carro
Depois que andei de carona no Fit, o Kiko foi andar sozinho nele. Sinceramente eu achei que ele não baixaria meu tempo, ainda mais pelas condições da pista no dia. Correram em torno de uns 20 carros, e muitos eram os mais rápidos que participam de Hot Lap. No final, ficaram 17 registrando tempo. Fiquei observando ele andando, ai de repente vi uma aglomeração de pessoas gritando perto da tela onde marcava os tempos de volta em tempo real. Era o Fit baixando tempo a cada volta. Mas baixando muito mesmo.
A cada volta eu aumentava o sorriso no rosto. Jamais acreditaria que o enorme e fraco Fit andaria mais que um Up! TSI ou um Celta com swap de 1.8 muito forte, mas andou! Ficou à frente até de um Chaser 1JZ e uns dois décimos atrás de um Civic Si. Os outros carros que o Fit ficou à frente também eram muito fortes. Para meus 66whp e mais de 1000kg, ficou mais do que comprovado que este carro tem futuro. E o piloto falou que dava para baixar mais o tempo, facilmente, mas já era umas 23:00. No final, acredito que ele andou 1 segundo mais rápido que eu, pois não registrei minhas voltas rápidas.
Foram mais de 100 voltas no dia, no final fiz umas 30 voltas seguidas, o carro esquentou muito, começou derreter para choque, derreteu a tinta das rodas, que misturou com a sujeira das pastilhas de freio, e as rodas ficaram de outra cor. Antes elas voltavam branquinhas para casa. Desta vez até perdi 2 pneus, porque não coloquei cambagem negativa. O Fit sem produto milagroso no motor, respirou bonito, apenas com o Castrol 5w40 no motor.
Já rodei uns 20 mil KM nele depois do Hot Lap, corri em autódromo, e continua impecável, o motor. Aumentei o intake do carro, colocando um funil na ponta, que senti uma melhora no carro. Fiz vários testes e realmente em alta velocidade o carro tem melhores números com o ar frio. O pessoal não acredita, e até ganhei um apelido novo. Me chamam de Dollynho agora, mas não ligo (rsrs). Não coloco na pista sem meu intake. Melhor que não acreditem mesmo e não usem também.
Aqui os tempos registrados no dia. Fiquei em 8° no geral.
Desconsiderar os dois primeiros tempos
Projetos em andamento
Agora em novembro irei participar de um Track Day num dos autódromos de maior velocidade do país, o Autódromo Internacional de Goiânia. Vou no carro do jeito que está. Vou mais para conhecer a pista e ganhar experiência. Já fiz minha carteirinha de piloto, inscrição, e estou pronto para correr lá. Meu carro sofrerá muito nas retas, mas desde que eu não atrapalhe os outros, já é válido. O grande empecilho que tenho em mexer neste carro, é que eu tinha só ele, e qualquer coisinha é um mês na oficina e eu à pé.
Para resolver este problema, comprei um Swift GTI, que será também um Project Car. Não vou dar muitos detalhes dele aqui, mas já está na oficina sendo reconstruído. Será um verdadeiro Pocket Rocket.
Vou inscrever ele quando tiver oportunidade e tiver quase pronto, conforme as regras. Espero o voto de vocês. Já adianto que será algo com uns 180whp, 680kg e pneus de Fórmula 3. Sou muito criticado por gostar destes projetos diferentes, mas eu acho legal. Não gosto de muito do mesmo. No Swift, terei a liberdade que não tenho no Fit. Vou arrancar tudo dele sem dó, já arranquei ar-condicionado, vou arrancar carpete e todo o acabamento interno, comprar mais duas rodas de Fórmula 3 e ficarão compartilhadas com o Fit. Apesar do Swift ter grande potencial, jamais vou abandonar o Fit, pois ainda acho ele muito superior ao Swift em segurança. Ficará mais fácil eu mexer nos 2, pois posso deixar qualquer um o tempo necessário na oficina.
Sobre o Track Day, agora estou menos cabeça dura, participo de grupos com pessoas bastante experientes, até piloto de Stock Car passando dicas pra gente, o pessoal que conheci no Distrito Racing sempre me ajudando, e com os eventos muito bem organizados, que me motivam sempre mais a investir nesses Project Cars. Sempre vejo este vídeo feito pelo MeetBrazilRacing e Distrito Racing, que traduz tudo o que eles passam para a gente aqui. Que por sinal, acho um dos melhores vídeos sobre TD feitos no Brasil. Será o melhor vídeo que você vai ver hoje:
Por fim, coloquei rodas 17 novamente, e está mais bonito do que nunca nas ruas. Até tirei uma foto dele com o STi Type RA do meu amigo Leonardo Perez, do Project Cars 12.
Agradeço a todos que me motivaram, pois neste curto período de tempo, consegui realizar meus principais objetivos com este carro. Agora conheço a maioria de pilotos de track day de Brasília, estou enturmado com esta galera, fiz muitas amizades, até mesmo com pessoas de outros estados. Nunca achei que este PC tão simples faria tanto sucesso, mesmo com muitas críticas negativas, mas a maioria foram críticas construtivas. Sempre aparece alguém que leu minhas postagens. Obrigado a todos, e se você gostou delas, vote no meu Swift, na próxima oportunidade. O Fit com 1000kg, 66whp usando aquelas rodas surpreendeu, imagina um minúsculo Swift GTI com aproximadamente 680kg, 180whp, e as rodas de Fórmula 3?
Um abraço a todos, e obrigado, FlaOut!
Por Lucas Ribeiro, Project Cars #279
Uma mensagem do FlatOut
Lucas, seu projeto é um verdadeiro exemplo da persistência e da resiliência de um gearhead verdadeiramente apaixonado pelo seu carro. Não é o mais potente, não é o mais radical, porém é aquele que te faz sorrir na hora de acelerar na pista. Não é isso que um project car deve ser? Parabéns pela conclusão do projeto — e não esqueça de se inscrever quando começar o próximo!