O Honda NSX é um daqueles carros que colecionam fãs em todas as vertentes da cultura automotiva. Fãs de muscle cars e hot hatches europeus, hot rods e JDM: todos apreciam o esportivo de motor central que a Honda transformou em lenda durante os 15 anos em que foi produzido, de 1990 a 2005. O britânico Scott Whatley é um deles: verdadeiro entusiasta do NSX, ele o considera um ícone absoluto dos anos 90 e um dos melhores supercarros que se pode ter. Sim, um supercarro!
Chamar o NSX de supercarro pode soar como exagero agora que temos hot hatches com motores cada vez mais próximos dos 400 cv – o Mercedes-Benz A45 AMG tem 360. Talvez mesmo no ano de seu lançamento, 1990, quando a referência era a Ferrari 348 e seu V8 de 300 cv, o NSX não fosse exatamente um supercarro. Mas é assim que boa parte de seus fãs prefere chamá-lo, e isto inclui Scott, dono do NSX que é a estrela deste vídeo do canal The Supercar Driver.
Como já comentamos aqui, o Supercar Driver é um clube de proprietários de supercarros sediado no Reino Unido. Os membros promovem eventos, como viagens, arrancadas e track days, para curtir suas máquinas. Scott é um deles, e seu NSX é o segundo carro a aparecer na série 90’s Supercar Legends. O primeiro foi o Bugatti EB110, que mostramos há algumas semanas.
Scott conta que, há três anos, saiu à caça de seu primeiro superesportivo. O orçamento não era dos mais altos e, depois de fazer uma triagem, ele chegou a dois finalistas: o Honda NSX e o Porsche 911 Carrera 4S – e escolheu o Honda justamente por ser um ícone da década de 90, e por sua conhecida ligação com Ayrton Senna. É só reparar na camiseta do cara… acha que é coincidência?
O NSX foi um carro atemporal, que passou o seu longo de seu ciclo de vida praticamente intacto e tornou-se um dos mais lendários esportivos da Terra do Sol Nascente. Seu visual elegante e esportivo, seu comportamento dinâmico que teve o dedo de Ayrton Senna (leia a história do NSX neste post) e o desempenho de seu motor V6, capaz de girar a até 8.000 rpm obviamente têm a outra metade dos créditos por isso.
Sendo um carro fabricado em 1992, o carro de Scott ainda pertence à primeira leva. Isto significa que seu motor é um V6 de três litros (mais precisamente, 2.977 cm³), sem qualquer tipo de indução forçada, capaz de entregar 274 cv a 7.300 rpm quando original. Com faixa vermelha do conta-giros começando nas 8.000 rpm e dotado do comando de válvulas variável VTEC, dá para imaginar que ele tem um belo ronco, não?
Por sorte Scott é um verdadeiro entusiasta do NSX e, por isso, tudo o que fez foi deixar o carro – que para ele já era perfeito –ainda melhor. Coisas simples: o motor recebeu um sistema de admissão Mugen com coletor de inox da Comptech e componentes de titânio no interior. O resultado é o ronco visceral que você ouve enquanto Scott acelera o NSX, e também pode apreciar no vídeo abaixo:
Por dentro, o NSX de Scott recebeu o volante Momo de cubo rápido do Honda NSX-R (versão com peso aliviado e acerto de suspensão mais voltada às pistas). Do NSX-R também vieram as barras estabilizadoras na dianteira e na traseira. As rodas são aftermarket, da Advan, modelo RS.
De acordo com Scott, as modificações que ele fez não são extremas, e servem mais para acentuar as boas qualidades do NSX: boa dinâmica nas ruas e nas pistas (ele diz que o carro parece se adaptar a cada situação, especialmente na comunicatividade e no peso da direção), um belíssimo ronco e ótima aceleração – o NSX 1992 é capaz, originalmente, de chegar aos 100 km/h em 5,7 segundos.
Isto é apenas 0,1 segundo mais lento do que a Ferrari 348, que era um dos alvos da Honda em termos de desempenho. O carro de Scott talvez seja mais rápido, mas ele diz que consegue perceber como a Honda tentou trazer um pouco do design e da “sensação” de uma Ferrari ao NSX.
Mas será o bastante para chamá-lo de “supercarro”? Para Scott, sim, e ele ainda diz que o NSX é um dos supercarros mais confortáveis de se guiar tranquilamente, e um dos que mais lhe recompensam quando você afunda o pé direito.
O ronco do V6 fica mais alto e estridente, (experiência aumentada pelo sistema de escape aftermarket) e o NSX passa por uma uma transformação em sua personalidade: a suspensão trabalha da maneira como foi projetada para fazer, a direção comunica cada milímetro da estrada e cada pequena variação de ângulo e, sem babás eletrônicas para interferir, o carro se dispõe a soltar a traseira nas curvas. Quer dizer, se você permitir – caso contrário, ele permanece plantado.
Supercarro ou não, o NSX é um automóvel fantástico. Scott sabe disso, e diz que está feliz por não ter comprado o Porsche 911 – pelo contrário.”Se eu não tivesse comprado um NSX na época, não teria condições de comprar hoje”, ele diz. E ele tem razão: o NSX está cada vez mais próximo de seu aniversário de 30 anos e caminha para se tornar um clássico, cada vez mais raro e cobiçado. Especialmente com a imagem de certo piloto fortemente associada a ele.