Não faz muito tempo que mostramos aqui o Gobstopper, um Subaru Impreza transformado em um supercarro de 860 cv pela equipe britânica de Time Attack Roger Clark Motorsport. O projeto começou em 2006 e ficou pronto em 2009. Pronto mesmo, a ponto de os irmãos Matt (o mecânico) e Olly Clark (o piloto), filhos do fundador da equipe, decidirem que ele já estava perfeito e não seria mais modificado — o famoso “se melhorar, estraga”.
Mas esses caras têm gasolina nas veias, preparam carros e correm com eles para ganhar a vida — e eles simplesmente não podem ficar parados. Há sempre o próximo passo. Nesse caso, o “próximo passo” foi o Gobstopper II, ou simplesmente “GS2”. Como o primeiro Gobstopper (o GS1), ele também é um Impreza, e também foi feito com um único objetivo: deixar todos os outros adversários para trás no circuito de Time Attack britânico.
Só que desta vez o ponto de partida foi uma carroceria de WRX STI hatchback, modificada pela Prodrive — empresa que, até 2008, preparava os carros da equipe de fábrica da Subaru para o WRC. Contudo, como o regulamento do campeonato britânico de Time Attack é um dos menos restritivos no automobilismo moderno, eles puderam modificar absolutamente todos os aspectos do carro.
Sendo assim, do carro original só sobrou mesmo a estrutura básica da carroceria — que afinal, é quase uma bolha cobrindo a estrutura tubular de aço T45 feita sob medida pela Custom Fabrications, esta sim sendo a verdadeira estrutura do carro. O kit aerodinâmico também veio de um carro do WRC, mas foi extensivamente modificado por Matt para equipar o GS2, recebendo novas entradas e saídas de ar. Também era importante que o carro fosse leve, e por isso, boa parte do body kit é feita de fibra de carbono, bem como o teto, os para-lamas, as portas e o capô.
Mas o que mais chama a atenção no visual do carro são as duas asas: uma na dianteira e outra, gigantesca, na traseira — que dão ao carro um quê de bólido de Pikes Peak. O plano inicial não incluía estes elementos, mas os irmãos Clark acabaram decidindo que fariam qualquer coisa para assegurar que o GS2 fosse o melhor de todos.
Primeiro, o carro foi todo escaneado a laser e passou por simulações aerodinâmicas em computador — assim, o formato, o tamanho e a posição ideais dos elementos foram determinados. Depois de prontas, as asas de fibra de carbono foram aperfeiçoadas com testes no túnel de vento da MIRA (Motor Industry Research Association) no Reino Unido — o lugar onde os fabricantes de automóveis vão para testar novos veículos, especialmente esportivos.
Agora, você deve estar querendo saber logo sobre o motor. Pois bem: sem surpresas, trata-se de um boxer de dois litros — contudo, boa parte dos componentes internos foi trocada por peças feitas pela própria RCMS, o que inclui virabrequim, pistões, vielas, cabeçotes, válvulas e corpo de borboleta.
O turbocompressor é um Garrett 4094, com wastegate externa da Turbosmart. O sistema de alimentação com oito bicos injetores também foi feito pela RCMS, bem como os coletores de escape, o sistema de lubrificação por cárter seco, o intercooler e o radiador de óleo. E quanta potência o motor entrega? Esta é uma pergunta sem resposta — a não ser que você entre em contato com a RCMS para encomendar um igual. Contudo, a julgar pelos 860 cv do GS1, só podemos imaginar que este carro tenha uma cavalaria semelhante.
A potência é moderada por uma caixa sequencial de seis velocidades com borboletas da Zytec, embreagem AP Racing e volante aliviado. Já o sistema de suspensão deriva dos carros do WRC — independente com braços sobrepostos na dianteira e na traseira —, porém teve toda sua geometria retrabalhada para deixar o centro de gravidade do carro o mais baixo o possível, e também para garantir um comportamento dinâmico adequado ao asfalto dos circuitos britânicos, como Silverstonee Brands Hatch.
Completam o chão do carro rodas de 18×10 polegadas da Team Dynamics, forjadas e projetadas especialmente para o GS2, calçadas com pneus Pirelli. Os freios são AP Racing de carbono-cerâmica com discos de 380mm na dianteira e 340 mm na traseira.
Mas, afinal de contas, como tudo isto se comporta na pista? Este onboard no estreito circuito de Cadwell Park, conhecido como “mini-Nürburgring” (que foi feito originalmente para corridas de moto, como já contamos aqui) dá uma ideia.
O carro foi, simplesmente, o mais rápido da história do circuito em provas de Time Attack, ao virar 1:25,833. Contudo, aparentemente, a volta não valeu porque o carro excedeu os limites da pista — embora isto ainda precise ser confirmado. E, segundo Olly, o GS2 é um carro mais complacente que o GS1 — “o GS2 é seu amigo… o GS1 tenta te matar!”.
Nós não ficaríamos nada tristes se tivéssemos que escolher entre um ou o outro, mas o ideal seria ficar com os dois.
[ Fotos: Roger Clark Motorsports, Bryn Musselwhite/Speedhunters ]