Há algum tempo, falamos aqui no FlatOut sobre dois projetos bem específicos: como o Porsche 928 que foi embrulhado em um Golf Mk1 e o Corvette que se transformou no Kadett mais largo (e provavelmente um dos mais rápidos) do mundo. No caso, ambos foram criados pela preparadora alemã Nordstadt, e sempre intrigam quem os vê pela primeira vez.
Pois é exatamente o caso deste Porsche 356. Trata-se, na verdade de um retrofit da carroceria do Porsche 356 sobre um Porsche Cayman 987, de segunda geração. E há um detalhe curioso: aparentemente, este carro foi feito para Justin Bieber. Sim, esse mesmo que você está pensando.
Bieber é cliente da customizadora californiana há algum tempo. Um de seus últimos carros a aparecer nas notícias foi uma Ferrari 458 Italia 2011.
O carro pertenceu a Bieber desde zero-quilômetro, e recebeu um envelopamento na cor azul “Frozen Blue” e um bodykit da Liberty Walk. O carro foi leiloado em janeiro deste ano pela agência Barrett-Jackson, e foi arrematado por US$ 434.000. Bieber devia gostar bastante do carro, pois até lamentou a venda de “seu bebê” durante uma entrevista.
As primeiras fotos do Porsche Cayman customizado apareceram na Internet no fim do ano passado, e desde então parece que ninguém foi capaz de confirmar se foi mesmo uma encomenda de Justin Bieber. De qualquer forma, isto acabou se tornando apenas um detalhe: a transformação em si é bem mais interessante. E, por coincidência, o mais recente episódio de Jay Leno’s Garage nos dá mais detalhes a respeito do projeto.
Leno conversou com com Ryan Friedlinghaus, o dono da WCC e responsável por coordenar o projeto. Ele contou a Leno que o carro foi um pedido especial de “um cliente”, sem revelar sue nome dele. Ele só disse que este cliente apareceu na oficina com um Porsche Cayman e o que havia restado de um Porsche 356 1959, e queria que os dois fossem unidos em um carro só.
Com o Porsche 356, a impressão que temos é que a mudança foi mais sutil, ao menos à primeira vista. No entanto, ao comparar as imagens do carro da West Coast Customs com fotos de um 356 original para ver a diferença, especialmente na largura. O Cayman provavelmente tinha algum dano feio na carroceria, mas sua estrutura e sua mecânica estavam boas. Já o 356… era praticamente um caso perdido.
Claro, há quem diga que sempre é possível restaurar nos padrões originais, e que esta sempre deve ser a primeira opção. Só que este nem sempre é o desejo de quem está bancando o projeto. E como dizem por lá, money talks, bullshit walks.
No caso, a solução desejada foi cortar a carroceria do Porsche 356 ao meio longitudinalmente, afastar as duas metades e acrescentar metal para completar o vão. Foi este o maior desafio para a equipe da West Coast Customs, que de acordo com Friedlinghaus jamais havia feito este tipo de modificação. Ele disse que foi mais complicado do que alongar o entre-eixos – um trabalho bem mais frequente na oficina. As dimensões do capô foram conservadas, mas a tampa traseira (que agora abriga um porta-malas, visto que o acesso ao motor é feito por dentro do carro) foi alargada, assim como o para-brisa. O pessoal da WCC precisou aprender a moldar vidro para dar forma à nova peça.
O mesmo foi feito com o vigia traseiro, que faz parte da capota rígida – único componente de fibra de vidro usado no carro. Quando instalada, ela integra-se perfeitamente às linhas da carroceria. Quando removida, verdade seja dita, as proporções do Porsche ficam meio estranhas, com uma área vazia enorme atrás dos bancos, sobre o motor. Para tentar mitigar o efeito, foi feita uma capota menor, de tecido, que é colocada sobre o deck traseiro.
O interior é original do Cayman de terceira geração, exceto pelo revestimento de couro bicolor e pelas forrações das portas, que precisaram ser adaptadas. A ideia era manter o aspecto “de fábrica”, embora o volante tenha sido trocado por uma peça de metal usinada in house, que deu ares de hot rod ao lado de dentro do carro. Talvez um painel feito sob medida, com formas mais clássicas e instrumentos analógicos retrô, caísse melhor ao projeto – apesar do bom acabamento o contraste entre formas modernas e clássicas pode não agradar a todo mundo.
Mecanicamente, o carro foi mantido original – assim quis o dono. No caso, trata-se de um Cayman de segunda geração básico, com motor flat-six de 2,7 litros e 240 cv acoplado a uma caixa automática Tiptronic de cinco marchas. É um conjunto bom o bastante para que o carro chegue até os 100 km/h em 7,6 segundos quando completamente original. Com a carroceria do 356, o desempenho não deve ter mudado muito.
Completam o visual do carro rodas usinadas em alumínio que imitam o design das clássicas, com calotas cromadas e tudo. No entanto, elas têm 17 polegadas – medida necessária para acomodar os discos de freio de 318 mm de diâmetro na dianteira e 299 mm na traseira.
Dito isto, uma das maiores dificuldades da adaptação foi invisível: depois de desmontar completamente o Cayman, redimensionar toda a sua carroceria e realizar adaptações na suspensão e nos freios, foi preciso reprogramar toda a eletrônica do carro para seus novos parâmetros. Foi um dos únicos aspectos do projeto que necessitaram de mão de obra externa.
A aparição no canal de Jay Leno foi a primeira em público desde que a West Coast Customs mostrou o projeto pela primeira vez em fotos. Agora, o Porsche 356/Cayman restomod está à venda: aparentemente, depois de encomendar o carro dos seus sonhos, o dono do carro mudou de ideia. Bem… estas coisas acontecem.
Mas e aí: acha que Justin Bieber tem bom gosto, ou você faria algo diferente?