Mesmo que já tenha seus quase dez anos de idade e sido substituído por uma nova geração, o Civic Si vendido no Brasil tem uma bela reputação. Não é para menos: é um dos carros de tração dianteira melhor acertados dinamicamente que se pode comprar, e ainda tem um quatro-cilindros naturalmente aspirado de 192 cv capaz de girar mais de 8.000 rpm. Não são poucos os entusiastas que deliram com este conjunto.
Mas você sabia que o motor K20 tem potencial para ser muito mais do que o motor de um sedã esportivo de tração dianteira? Olha só: se colocar um turbo nele e instalá-lo no lugar do motor V6 de um Honda NSX, você cria um monstro. Sério.
O carro foi feito por um cara chamado Brandon Wilbur. Existe a possibilidade de você já tê-lo visto por aí — um vídeo feito por ele, que mostra sua mãe pegando carona em um Honda Civic de 700 cv, ficou relativamente famoso na internet há alguns anos. Não é para menos: as reações da senhora são impagáveis:
Agora, se o cara tinha um Civic de 700 cv, a gente já imagina que ele entenda uma ou duas coisinhas sobre preparação de Honda. Em 2014, ele mostrou que é exatamente este o caso ao colocar um motor K20 turbo na traseira de um… Toyota MR2. Sim, é verdade!
O esportivo de motor central-traseiro da Toyota, que fez muito sucesso na década de 1990, tinha um quatro-cilindros turbo de dois litros e 221 cv como motor mais potente. O carro de Brandon, feito para disputar arrancadas, e é capaz de cumprir o quarto-de-milha em 9,7 segundos.
Ou melhor — era, pois em 2016 ele decidiu colocar o motor em um lugar mais apropriado — afinal, um Toyota com motor Honda, para muitos, é heresia. Foi assim que, no início desde ano, o K20 turbo foi parar no cofre de um NSX (Brandon é americano, o que significa que seu NSX é um Acura, mas isto é só um detalhe).
Também pode parecer heresia tirar o V6 naturalmente aspirado de um NSX e colocar nele algo com dois cilindros a menos e turbo, mas a verdade é que o ganho de potência nos faz esquecer disto rapidinho. Há também o fato de o motor K20 ser mais leve, pesando 180 kg contra quase 200 kg do V6 do NSX — melhor para a distribuição de peso.
A potência quase triplicou: com um turbocompressor twin scroll Precision 6870, válvulas Supertech, pistões forjados JE e bielas Eagle (também forjadas), o motor rendeu 933 cv (921 hp) nas rodas quando aferido em dinamômetro, ainda no cofre do Toyota MR2. E só parou porque acabou o combustível.
Com o NSX, Brandon espera conseguir elevar a potência para além dos 1.000 cv — a instalação recente de um corpo de borboleta de 90 mm e de um novo coletor de admissão deverão ajudar nisso. No fim de julho o carro foi ligado pela primeira vez e, mesmo em marcha lenta, mostra muita selvageria:
O detalhe é que Brandon nem foi o primeiro a ter a ideia de colocar um K20 no NSX. Em 2010, uma preparadora americana chamada STMPO, especializada no esportivo, fez um NSX de time attack usando um K20 turbinado. O carro entregava 700 cv e 69 mkgf de torque, e o motor foi instalado usando suportes feitos sob medida. Outros componentes, como os semieixos, foram feitos usando uma mistura das peças do K20 e do V6 original do NSX. Brandon não disponibiliza muitas informações a respeito de seu projeto, mas deve ter feito algo parecido.
Os caras até disponibilizaram um arquivo em PDF com todos os itens necessários para realizar o swap — o kit completo, com motor, câmbio, fiação e periféricos, mais mão de obra, custava US$ 17.650, ou cerca de R$ 56 mil.
Agora só falta alguém colocar o V6 do NSX em um Civic Si… sabe como é, só para igualar as coisas!