Hoje em dia Tommi Mäkinen é o chefe de equipe da Toyota Gazoo Racing (afinal, ao menos a Toyota ainda participa e faz bonito no WRC, ao contrário da Mitsubishi), mas seu nome ficará para sempre ligado à era de ouro da Mit nos ralis. Afinal, Mäkinen conquistou quatro títulos consecutivos no WRC entre 1996 e 1999 – e ainda ajudou a Mitsubishi a ficar com o título das fabricantes em 1998.
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Tanto que um dos mais raros e desejados Lancer Evolution de todos é o Evo VI Tommi Mäkinen Edition, criado em 2000 como homenagem ao lendário piloto de rali. Ele é bem raro: só fizeram 2.500 deles. E, quando um exemplar todo original e preservado aparece à venda, o preço não é baixo – convertendo em reais, estamos falando de algo entre R$ 200.000 e R$ 300.000. Pode pesquisar.
Acontece que um entusiasta americano chamado Brent Coleman queria um Evo VI Tommi Mäkinen Edition. Quando percebeu que seria difícil demais comprar um exemplar – além do preço elevado, eles são bem difíceis de achar em países que não usam a mão inglesa – Coleman decidiu montar o seu próprio Evo VI TME usando um Mitsubishi Mirage 1998 como base. Mais bacana ainda: o Mirage em questão foi seu primeiro carro.
Aqui cabe um refresco: embora sejam modelos diferentes, o Lancer e o Mirage são carros intimamente ligados – eles usaram a mesma plataforma de 1988 a 2003. E a quinta geração do Mirage, lançada em 1995, era praticamente igual ao Lancer da mesma época: os dois tinham o mesmo monobloco, as mesmas portas, e várias peças de acabamento idênticas, como lanternas e piscas dianteiros e até mesmo o painel de instrumentos. Era tudo o que Brent precisava saber.
“Eu sempre quis um Evo 5 ou 6, e no momento em que descobri que ele usava a mesma plataforma com o Mirage, eu decidi que faria um”, Brent contou ao site The Drive. “Não importava o quão difícil fosse.” É assim, amigos que fala um homem determinado.
É preciso frisar, porém, que Brent não é nenhum noob. Quer dizer, ele era um novato quando teve a ideia, mas fez sua lição de casa e tornou-se versado em mecânica – e até já restaurou alguns clássicos como um Porsche 550 Spyder, um Lancia Delta Integrale e um Mazda AZ-1. Brent acabou virando um colecionador, e ganha a vida não apenas restaurando carros, mas também negociando clássicos que são raros nos EUA. De certa forma, talvez ele até conseguisse comprar um Evo VI Tommi Mäkinen genuíno. Mas Brent preferiu montar o seu com as próprias mãos. Até porque, de acordo com o próprio, todos seus conhecidos de fóruns e afins diziam que era uma tarefa impossível. Agora, não foi fácil – o projeto todo levou nada menos que 12 anos para ser concluído.
Fora o monobloco, as lanternas traseiras e o painel de instrumentos, quase tudo no Mirage deu lugar a peças genuínas do Lancer Evolution VI – a maioria delas vindas da versão JDM, para fins de maior autenticidade – o que já é impressionante por si só, considerando a dificuldade para encontrar componentes estéticos exclusivos do Evo VI TME, como o para-choque dianteiro ou os bancos concha, que têm acabamento diferenciado do que se via nos outros Evo VI. Mas não é só isto: a conversão também inclui, felizmente, toda a mecânica do Evo VI Tommi Mäkinen Edition, do motor 4G63 ao sistema de tração integral.
Como estamos falando de mais de uma década, o processo foi lento – menos pela mão de obra, e mais pelo garimpo de peças. Brent testou componentes de outras versões e gerações do Evo e teve bons resultados – os faróis, por exemplo, vieram de um Evo V mas são idênticos aos do Evo VI. Os freios usam discos e pinças Brembo vindas do Evo IX, e são até mais eficazes que os componentes originais do Tommi Mäkinen Edition. Já o quadro de instrumentos, o volante Momo e os bancos Recaro são realmente do Evo VI TME, assim como capô, para-lamas, para-choques e asa traseira.
O maior desafio não foi encontrar um motor 4G63 acompanhado da transmissão original do Evo VI – foi adaptar no monobloco do Mirage. Para isto, Brent teve de adaptar o assoalho completo de um Evo no carro para acomodar o sistema de tração integral, com cardã e diferencial traseiro.
Em compensação, a elétrica foi bem menos problemática que o esperado. Brent não teve muita dificuldade para fazer o motor conversar com a o sistema de transmissão, já que não foram realizadas modificações no conjunto mecânico em si, embora o mesmo tenha sido instalado em outro carro.
É claro que, falando assim, até parece que foi fácil. A verdade é que a maior parte do trabalho de conversão foi concluída após dois anos – os outros dez foram dedicados a resolver minúcias de funilaria, pintura e acabamento. Coisas que dão mais dor de cabeça que a mecânica bruta, e fizeram com que Brent até pensasse em vender o carro, de tão frustrado que ficou.
Mas felizmente ele nunca se desfez do carro, que ficou pronto há poucas semanas e, do jeito que está gora, parece ter nascido como um Evo VI Tommi Mäkinen Edition. Aliás, ainda faltam emblemas e adesivos da versão mas, sinceramente, depois desta transformação… é só um detalhe.