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Car Culture

Já pensou encontrar um monte de Santanas 2012 zero-quilômetro?

Imagine você, VAGueiro convicto, fã incondicional dos modelos Volkswagen, abrir um galpão e dar de cara com um punhado de Santanas zero-quilômetro. Novinhos, nunca rodados. Ainda com a quilometragem de test drive. Pois aconteceu mesmo, mas não no Brasil, e sim na China. E os Santana, foram todos fabricados em 2012 — o último ano de produção do Santana na China e no mundo.

Quem assistiu o remake de Karatê Kid, com Jackie Chan e Jayden Smith, sabe que o Santana como conhecemos no Brasil foi produzido também na China. Na verdade, a China foi o país onde o Santana foi mais bem-sucedido, sendo produzido localmente entre 1983 e 2012. E ele deu origem a uma das linhas mais confusas da Volkswagen em todo o mundo.

O mais curioso destes Santana é que, apesar do visual dos modelos fabricados no Brasil a partir de 1987, eles foram sutilmente modernizados, recebendo novos bancos traseiros, um volante mais moderno semelhante ao do Golf de terceira geração, rodas e calotas de 15 polegadas, injeção eletrônica, embreagem hidráulica, ABS e EBD e rádio com tocador de CD e mp3.

E o mais louco de tudo é que ele foi vendido juntamente da geração seguinte, que teve dois facelifts enquanto esse modelo original continuou intocado. É claro que, no final da carreira, só taxistas e forças policiais o compravam — uma história que se repete em diferentes países com diferentes modelos —, mas ele transformou o nome “Santana” em uma marca tão forte na China que ele ganhou uma terceira geração, produzida por outros dez anos — o que significa que as três gerações chegaram a ser produzidas paralelamente na China.

Desta terceira geração vieram duas derivações mais improváveis de um carro chamado Santana: o Grand Santana — que era um hatchback, apesar do nome —, e o Cross Santana, que é exatamente o que você está pensando, mas na versão hatchback em vez do sedã.

A história do Santana na China começou em 1982, quando a Shanghai Tractor Automobile Corporation (STAC, antecessora da SAIC Motor) produziu um pequeno lote experimental com 100 unidades trazidas desmontadas da Alemanha. Em 1984 foi firmado o contrato entre Volkswagen e a STAC, juntamente da Corporação Nacional da Indústria Automobilística da China (CNAIC) e do Banco da China para formar a Shanghai Volkswagen Automotive e, no ano seguinte, a fábrica começou a produzir o Santana localmente. Em um ano, 10.000 unidades já haviam sido fabricadas.

Curiosamente, a Volkswagen tinha parceria com outra fabricante local, a FAW, que era uma das quatro grandes fabricantes chinesas, ao lado da própria SAIC, da Dongfeng e da Changan. O resultado é que a VW tem na China uma das linhas mais confusas do mundo, oferecendo carros com nome e visual diferentes baseados na mesma plataforma ou nomes trocados.

Para se ter uma ideia, por lá o Jetta se chama Sagitar (SAIC) e Jetta é uma marca (da FAW). Há um outro carro muito parecido com o Jetta, baseado na plataforma MQB, mas com motores EA211, chamado Bora (que é um nome usado para o Jetta mundo afora) e ainda há um outro com a mesma plataforma e mesmos motores que o Bora chinês, feito pela SAIC, com dimensões parecidas, mas com visual diferente, chamado Lavida, que é feito pela FAW.

E como se não bastasse, a SAIC ainda faz uma versão “cupê de quatro portas” do Jetta, ou melhor, do Sagitar, que é o Lamando.

O Passat também é um rolo: o último Passat (B8) é chamado de Passat na China (abaixo, sem placa) mas só quando ele é feito pela SAIC. Se ele for feito pela FAW, seu nome é Magotan (abaixo, com placa). Os dois têm a mesma plataforma, mas visual diferente

Por último, ainda há o Volkswagen Phideon, que parece um Santana, mas é um Audi A6 com cara de Volkswagen, baseado na plataforma MLB e equipado com motores EA-888 e o EA-837.