Minha história de fascínio pelos V8 americanos começou ainda pequeno, quando vi pela primeira vez a um capitulo da série “Dukes of Hazzard”. Aquilo me despertou uma paixão indescritível por algo que se tornaria um vicio dali em diante.
Quando me mudei para Jacarepaguá (no Rio de Janeiro) em meados de 2001, tive uma das mais felizes surpresas que poderia ter na época: seguindo o barulho dos roncos de motor, descobri uma oficina preparadora de clássicos V8 praticamente ao lado do colégio onde eu estudava. Todos os dias depois das aulas eu passava na oficina e babava nos Maverick, Mustang e outros clássicos que lá ficavam. Logo depois descobri também as provas de arrancada no autódromo, onde alguns daqueles carros corriam.
Depois de anos e anos prometendo a mim mesmo um dia dirigir meu próprio vê-oitão, conversando com proprietários para aprender mais sobre eles e conhecendo um pouco mais da história e da diferença entre eles, eu tive a certeza de que não me contentaria com outra coisa que não fosse um V8 americano.
Na época minha família tinha dois Fiat Siena 1.0 (um Fire e outro 6 Marchas), mas algum tempo depois meus pais decidiram trocar os dois por um Jeep Grand Cherokee Laredo 1998 (4.0, seis cilindros) e eu curti bastante o carro. Era confortável, espaçoso e robusto. Pouco tempo depois eu praticamente casei e saí de casa, e quando eu e minha patroa estávamos procurando um carro logo vi a oportunidade de juntar 3 coisas: a paixão pelos V8 americanos, a experiência que tive com o Grand Cherokee e a oportunidade de criar um projeto “sleeper” (afinal quem espera algo de um Jeep desses?).
Procuramos um Grand Cherokee V8 (até então eu só sabia sobre a 5.2 ) que não tivesse nem GNV, não fosse blindada e tivesse a manutenção satisfatória. Fiz essa procura por umas 2 semanas até que achei uma LX 5.9 de garagem e pesquisando sobre ela fiquei logo fascinado pois se encaixaria perfeitamente no projeto. Compramos aquela que se tornaria o xodó daqui de casa, sempre tratada com bastante mimo.
A partir daí começei a manutenção necessária pra deixar ela zerada e poder partir para o projeto, que até então era completamente diferente do que é hoje. A primeira coisa que fiz foi liberar o ronco dela mandando arrancar tudo e deixando só o catalisador, pois eu queria ver aquele sonho de criança se tornando realidade. De fato se tornou, mas eu ainda queria algo mais, em seguida consegui remapear o carro via “SCT tuner” com mapas personalizados para três níveis de octanagem do combustível, além do mapeamento original do motor e a mudança na programação do câmbio — tudo feito no exterior e mandado aqui para casa.
Porém, pouco tempo depois de pegar o carro e ir com todo carinho fazendo tudo que necessitava ser feito, pra minha infelicidade envolvi-me num acidente que até hoje eu não aceito, mas sou obrigado a engolir.
Eram seis da manhã de um domingo, e eu estava passeando e curtindo a caranga a 40km/h na Avenida das Américas quando um Peugeot 207 simplesmente não me viu, nem me ouviu, e entrou na minha frente como se eu não existisse. Para meu azar o asfalto acabara de ser refeito e estava cheio de piche. A foto abaixo fala por si.
Aí começou meu tormento. Achar as peças necessarias que não fossem “paralelas” para deixar o carro novo de novo. Foram quase dois anos esperando peças chegarem de todo canto (sabe como é a burocracia e a boa vontade pra entrar coisas no país né?). Depois do conserto eu precisaria pintar o carro, porque eu não confia na pintura local apenas — sempre dá diferença né?
Assim começou o projeto de transformar uma simples ZJ, numa ZJ temática ao estilo americano. Foram vários desenhos e montagens até chegar numa conclusão (queria combinar cada detalhe). Depois de concluída a montagem escolhida, fomos à pintura, que é a atual do projeto.
Logo depois fui atrás das rodas do projeto, que eu já tinha guardadas em havia quase um ano junto com os pneus, mas não havia testado se cabia tanto pela altura quanto pelo offset e largura. Foi um tiro no escuro mesmo movido pela empolgação. Será que sair dos 225/70 R16 para 255/55 R19 daria certo ou teria problemas? Fiquei com essa dúvida por um tempo, até que consegui montar as rodas. E não é que deu certinho?
Depois deste trato visual no carro, que deu uma nova vida ao projeto, agora é hora de partir para terminar a manutenção do motor e suspensão, e logo depois começar a preparação do carro em geral. É agora que começa a história mais longa, que vai desde a escolha de peças de performance, e também do objetivo final. Mas isso ficará para a próxima postagem.
Grande Abraço!
Por Colbert Bramont Loureiro, Project Cars #54