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Car Culture Sessão da manhã

Lado B: os carros e cenas rejeitados dos três primeiros “Velozes e Furiosos”

Você pode criticar a franquia The Fast and The Furious (também conhecida como “Velozes e Furiosos”) o quanto quiser, mas uma coisa é certa: os primeiros filmes já são clássicos do cinema automotivo e todos os seus exageros, carros customizados com gosto para lá de duvidoso e diálogos cheios de clichês trazem uma nostalgia gigantesca em qualquer um que tenha assistido aos filmes, especialmente os três primeiros. Agora, fique sabendo que poderia ter sido ainda pior.

Matt Farah, apresentador do The Smoking Tire e do programa Tuned do canal /DRIVE, foi conferir de perto o que estamos falando. Ele bateu um papo com Craig Lieberman, consultor técnico dos primeiros filmes. Ele ainda têm os scripts originais de “Velozes e Furiosos”, de 2001; “+ Velozes + Furiosos”, de 2003 e “Desafio em Tóquio”, de 2006. Seu trabalho era analisar os scripts, melhorar as cenas que já eram boas e eliminar cenas ruins e surreais demais. Não precisamos dizer que nem sempre ele era ouvido…

Ele também aprovava ou reprovava rascunhos dos carros que seriam usados pelos personagens — e, pelo jeito, era ali que seu trabalho ficava divertido. Vamos dar uma olhada no que nos livramos de ver nas telonas e telinhas no início da década passada?

Você deve lembrar do Supra laranja, do Lancer Evolution VIII verde-limão (ou seria amarelo-limão?) com grafismos roxos e do Honda S2000 cor-de-rosa e provavelmente até os achava legais na época. Hoje, felizmente, você tem noção de como aquilo era, digamos… extravagante demais. Mas, como já dissemos, poderia ter sido pior:

orangejulius

Esta belezinha aí em cima é o “Orange Julius 01”, e talvez você lembre que o RX-7 do personagem de mesmo nome em “+ Velozes + Furiosos” não ficou muito diferente. Mas era um RX-7, o que ameniza os grafismos “eletrônicos” que, na foto acima, estampam um Opel Speedster, que é um carro bacana (basicamente, é uma versão da Opel para o Lotus Exige/Europa S) mas definitivamente não se safaria desta pintura forçada como o RX-7 fez. Mas fica pior…

slapjack01

Este é o Supra do personagem Slap Jack, que também apareceu no segundo filme. A pintura do carro foi inspirada “nos álbuns de Stevie Wonder na década de 70” — talvez Innervisions, de 1973 — e, bem, deu para notar que os produtores não viam problemas em trabalhar com estereótipos. Agora, se você acha que o Toyota Supra marrom e dourado é feio, é por que você não viu como ele quase foi:

slapjack02

Pois é… nos livramos de uma boa com esta. E o que falar deste S2000 turquesa com um foguete nas laterais?

rocket

Segundo Craig, esta foi “a interpretação do ilustrador pra a expressão pocket rocket (“foguete de bolso”). Para nós, quer dizer um carro pequeno e rápido, mas ele preferiu colocar um foguete na lateral de um Honda conversível que nem é tão pequeno assim. Felizmente este carro jamais apareceu nos filmes…

Obviamente, precisamos lembrar que este filme foi feito há quase uma década e meia — gostos mudam, noções de estética também, e mesmo que hoje a gente ache estes carros “feios”, na época eles eram bem legais. E, se pararmos para pensar, hoje também, por tudo o que eles representam. Muita gente começou a gostar de carros por causa deles! E temos certeza de que muita gente que os critica hoje os achava animais na época. A gente, inclusive.

velozes

Se Craig era consultor técnico, é com ele que deveríamos reclamar a respeito de algumas das “imprecisões” dos filmes, como os câmbios com 38 marchas:

Pois saiba que, na verdade, ele não se incomodou com isto. Há uma boa explicação: “as pessoas precisam lembrar que este filme foi feito para moleques de 16 anos. São caras que não entendem m***a nenhuma de carros… são os caras mais velhos que reparam e apontam erros em tudo”. Só que estes caras não são eram o público-alvo do filme, então… paciência.

De qualquer forma, Craig também se orgulha de algumas cenas, como a clássica em que Roman Pearce aperta um botãozinho instalado no Dodge Challenger 1970 laranja que desacopla as dobradiças da porta do carona, empurra um dos vilões para fora do carro em movimento e grita “EJECTO SEATO CUZ!”. Clássico — que não mudou quase nada do script para a gravação.

Sobre “Desafio em Tóquio”, Craig mostra algo interessante: há uma lista com todos, absolutamente TODOS os carros usados no filme, e cada nome fica em uma célula colorida. Se a célula está preta, significa que o carro foi devolvido ao seu dono exatamente como era. Se a célula está vermelha… quer dizer que houve algum tipo de dano. Mas se você acha que as avarias aconteceram em cenas com esta…

… está enganado. A maioria delas aconteceu durante cenas com os carros parados: algum dos atores tropeçava em algo e esbarrava no carro, riscando a pintura ou quebrando algum item do interior, como a tela de um alto-falante. Os carros que eram destruídos, em sua maioria, já seriam levados para o ferro-velho de qualquer jeito.

É por esse tipo de coisa que os primeiros filme da saga Fast and Furious são tão legais e nostálgicos. Eles nos lembram de uma época mais inocente e mais divertida e, mesmo sendo ruins no sentido tradicional da palavra, são muito bons para oferecer entretenimento sem compromisso e com carros, mesmo quase 15 anos depois. Não é toda franquia que consegue fazer isso.