Em 2008 a Lamborghini deixou o mundo de queixo caído e babando por seu conceito Estoque, um belíssimo sedã de quatro portas com o DNA visual e mecânico da marca. Apesar das reações positivas do público e da mídia, em março do ano a imprensa europeia divulgou que os planos para a produção do modelo haviam sido cancelados. A marca negou o cancelamento, dizendo que a decisão havia sido apenas adiada.
Mais tarde, no final de 2010, o então CEO da Lamborghini, Stephan Winkelmann, colocou um fim às especulações sobre a produção do Estoque dizendo que ele havia sido apenas um carro conceito. O mundo se conformou e continuou a girar até esta última quinta-feira (22), quando o atual CEO da marca, Stefano Domenicali, foi entrevistado pelos australianos do site CarAdvice em um evento no Japão e voltou a falar sobre a possibilidade de um sedã da Lamborghini.
A entrevista começou com uma conversa sobre o futuro dos motores V12 na marca. Domenicali foi direto e específico: “Como você sabe, a Lamborghini tem um DNA específico. Por isso, em curto prazo vejo – como exemplo específico – que o V12 irá permanecer em nossos carros do segmento superesportivo. Porque é isso o que nosso cliente procura. É isso o que as pessoas nos pedem. Em todo caso, ainda há um nicho que queremos ocupar neste mercado”.
Além da confirmação de que os motores V12 continuarão por algum tempo em seus supercarros, a declaração de Domenicali também significa que apenas os supercarros serão equipados com motores V12 aspirados. A marca já confirmou que o Urus, seu futuro SUV, será o primeiro modelo Lamborghini a usar um motor sobrealimentado — um V8 biturbo compartilhado com outros modelos do grupo Volkswagen.
Aqui é importante lembrar que o Lamborghini Estoque era equipado com o motor V10 do Gallardo e dos Audi RS6 e R8, algo que não tem mais espaço em um sedã de luxo moderno. Contudo, um motor V8 biturbo é algo mais condizente com o momento e com os próximos anos. Foi esse o raciocínio do pessoal do CarAdvice ao perguntar a Stefano Domenicali se o Urus pode abrir caminho para um sedã da Lamborghini — da mesma forma que o Cayenne abriu as portas para o Panamera (e depois o Macan).
A resposta não foi negativa e direta como a de Stephan Winkelmann em 2010. Em vez de negar, Domenicali disse: “Carros de quatro lugares são parte de nossa história. Precisamos ser humildes e não podemos dar um passo maior que as pernas. Precisamos fazer o melhor para lançar o Urus. Acho que não estou aqui para dizer sim ou não. Seria errado dizer sim ou não. Precisamos estar abertos para tomar a decisão certa. É um processo constante e precisamos estar prontos para tomar a decisão certa no momento certo. Hoje nossa linha é lucrativa, mas onde estaremos nos próximos anos?”.
Embora não seja uma confirmação de que o sedã da Lamborghini vai acontecer, a resposta de Domenicali mostra que a estratégia da marca para o futuro pode tomar o mesmo rumo da Porsche, que usa o Cayenne, o Macan e o Panamera para viabilizar (sob todos os aspectos) esportivos cada vez mais avançados e de acordo com as demandas de seu público.
Caso a Lamborghini realmente decida produzir um supersedã nos próximos anos, ele certamente não será uma versão de produção do Estoque (usamos a imagem do conceito como mera ilustração), uma vez que ele já foi cancelado e, afinal, tem quase uma década. O eventual sedã também não será o primeiro Lamborghini de quatro portas ou com quatro lugares. No passado a marca teve o LM002 com quatro portas e, desde os anos 1960, produziu uma série de modelos com quatro lugares convencionais ou 2+2, como o Islero, o Espada e o Jarama.