Lavida, Magotan, Sagitar são palavras que talvez você nunca tenha lido, ou ao menos não em um site de carros. São os modelos que a Volkswagen vende na China. Mas se apenas os nomes fossem diferentes, as coisas até seriam mais fáceis. É sério: a gente quase ficou louco tentando decifrar tudo, mas conseguiu explicar a identidade dos Volkswagen chineses.
A confusão começa porque não existe apenas uma Volkswagen na China, mas duas. A mais antiga é a SAIC Volkswagen, joint venture formada em 1985 pela VW e pela antiga Shanghai Automotive Industry Corporation (SAIC), empresa estatal que hoje se chama SAIC Motor.
A outra Volkswagen é mais recente, e é outra joint venture. A FAW-Volkswagen foi formada em 1991 pela Volkswagen em parceria com a FAW Group, uma das “quatro grandes” chinesas ao lado da Changan, da Dongfeng e da própria SAIC Motor.
Ambas as companhias atuam simultaneamente e até emprestam modelos uma para a outra mas, para todo efeito, são independentes e não compartilham fábricas nem concessionárias. Além dos VW, a FAW-VW fabrica modelos da Audi, enquanto a SAIC Motors produz modelos da Skoda. Isto sem falar que elas também oferecem carros vendidos no resto do mundo, como o atual Fusca, o Polo, o Golf e a VW Transporter. Mas, se formos falar disto também, ficaremos aqui a semana toda. Vamos nos concentrar apenas nos Volkswagen que são exclusivos da China.
Começando pelos mais fáceis. O cara aí em cima, no resto do mundo, é um Volkswagen Jetta. Na China, porém, seu nome é Sagitar, e ele é vendido tanto pela SAIC VW quanto pela FAW-VW.
Ele segue o visual do nosso Jetta, mas tem uma versão de visual bem interessante chamada GLI. O motor, aliás, também é o mesmo 2.0 TSI de 211 cv encontrado no Jetta vendido aqui. Que, curiosamente, também equipa o Golf GTI chinês.
Mas não acabou ainda: o Sagitar deu origem, em 2015, ao Volkswagen Lamando. A plataforma e a mecânica são exatamente os mesmos, mas o Lamando tem visual mais agressivo e linhas mais esguias, com caimento mais suave no teto. É como se fosse um Jetta CC. Ou melhor, Sagitar CC. Ah, você entendeu.
Detalhe para a sigla: GTS
De qualquer forma, há um VW Jetta, com este nome, vendido na China. Até alguns anos atrás, ele era baseado na segunda geração do Jetta europeu, lançada em 1984.
Em 2013, ele foi substituído pelo New Jetta, que usa uma nova plataforma (na verdade, uma evolução da PQ25, usada no Polo de quinta geração), compartilhada com o…
… Santana. É verdade! Como você deve saber, até 2012 a Volkswagen vendeu na China a primeira geração do nosso querido Santana mas, em 2012, decidiu manter o nome e substituir o carro por um sedã compacto desenvolvido localmente. Falava-se até em trazê-lo para o Brasil para concorrer com Chevrolet Cobalt e Renault Logan, mas a Volkswagen decidiu priorizar a nacionalização do Up. O que, honestamente, é compreensível.
Como se não bastasse, a VW chinesa lançou no ano passado o Gran Santana, hatchback de cinco portas que lembra bastante o Audi A3 Sportback. Na verdade, consta que os chineses se inspiraram nele para o Gran Santana.
… but wait, there’s more! Neste ano foi lançado o Cross Santana, que é exatamente isto o que você está pensando: um Santana “aventureiro”. E hatchback. Fãs do Santanão devem estar sofrendo agora.
Mas vamos continuar. Lembra do Volkswagen Bora, sedã do Golf Mk4 vendido no Brasil na década passada? Pois ele ainda segue firme e forte na China. A versão da FAW-VW se chama Bora, mesmo, e tem visual completamente diferente daquele que conhecemos, com todos os painéis da carroceria substituídos. A plataforma, porém, é exatamente a mesma.
Já a SAIC VW oferece o Lavida, que é exatamente a mesma coisa: um Bora de quarta geração com outra carroceria.
Aí as coisas ficam um pouco mais complicadas: até 2012, o Lavida tinha esta cara:
Depois disso, em 2012, ele ganhou uma nova geração, ficando mais largo, mais baixo e mais curto, mantendo o mesmo entre-eixos. Ele era assim:
Então, em 2015, a Volks decidiu fazer um facelift no Lavida, que adotou um visual mais próximo dos VW de luxo, como o Passat, que você pode conferir na foto acima. O modelo anterior, pré-facelift, continua à venda como Lavida Classic.
Quer ficar um pouco mais confuso? Assim como existe o Gran Santana, há o hatchback de cinco portas Gran Lavida, que segue a mesma receita.
E, se você quiser algo mais “aventureiro”, não vá achando que os modelos Cross são exclusividade do Brasil: o cara aí embaixo é o Cross Lavida.
Já se perdeu? Então aguente firme porque fica pior.
A gente acabou de falar do Passat, não é? Na China, ele é vendido em três versões. O Passat é o modelo feito para mercados como os EUA e a própria China, que usa uma plataforma mais antiga, porém tem visual atualizado para se alinhar com o design que a Volkswagen vem adotando desde o fim de 2015.
Então há o Volkswagen Magotan, que é o Passat da geração passada, igual ao vendido no Brasil e na Europa até 2014.
O Passat B8, atual geração vendida no Brasil e na Europa, também está disponível na China como Volkswagen New Magotan. Por que eles não os usaram “New Passat”? Bem… não sabemos.
Também não sabemos por que os chineses decidiram criar um modelo de luxo intermediário entre o New Magotan e o Phaeton, seu topo de linha. Mas ele existe, se chama Phideon e é movido por um V6 turbinado de três litros e 300 cv.
Aliás, também não sabemos de onde os chineses tiram inspiração para o nome de seus Volkswagen. E por que eles gostam tanto de carros marrons? E qual é a desta vibe anos 1990 nas fotos?
Sabem do que mais? A esta altura, não sabemos de mais nada.