I’m back! Aqui retorno para o segundo post do Project Cars #34 – quem perdeu minha apresentação e uma pequena parte de minha história confira neste link aqui.
Confesso que foi engraçado e divertido ver mais de 320 comentários no primeiro post. Realmente não esperava vir tanta coisa boa, discussões sobre a realidade da manutenção do Marea Turbo no Brasil e muito mais. Sim, ainda estou devendo um vídeo de minha banda e da Time Bomb…
Bem, não há como seguir falando de manutenção da mecânica e sobre como a faço em casa sem antes contar uma breve história. Quando ainda era um aborrecente de 16 anos comprei minha primeira moto, uma Yamaha TDR 180 cc que fiz o favor de transformá-la em uma moto de wheeling sem o mínimo de pudor. Isso tudo na garagem de casa. Lá me aventurei com a pequena e limitada caixa de ferramentas do Teixeira Senior, desmontei o motor dois tempos da Yamaha, e o remontei.
Estas fotos foram caçadas da internet
Naquela época eu nem sonhava com Engenharia ou qualquer tipo de profissão. Só queria saber como funcionavam as coisas e assim adquiri um pouco de experiência durante os anos, desmontei o motor do Pug, a suspensão do Chevette, restaurei uma Suzuki Bandit no quintal de casa (incluindo a pintura), entre outros tantos. Graças à minha curiosidade fiz coisas que poucos se aventurariam…
Passaram-se anos em que a manutenção básica era executada em casa: suspensão, freios, outros mimos. Com o tempo, as ferramentas foram ficando mais complexas, assim como os carros.
Fivetech em PMS (ponto morto superior) e os comandos travados – ferramentas recém chegadas à família…
Legislação x Preparados
Como alguns participantes do Project Cars já citaram, não é fácil andar de preparado no Brasil: a legislação brasileira é bem ultrapassada no que se refere a alterações, por isso mexer num carro turbo de fábrica faz com que a parte burocrática fique fora do jogo. Fica a dica!
Primeira Capital do Brasil
Salvador. A prefeitura gosta de bater no peito e dizer “a primeira capital do Brasil”. A terra é linda, o clima é maravilhoso, as praias são paradisíacas. Mas acho que para por aí… porque tem os mesmos problemas que as outras capitais, só é mais esburacada que Rio de Janeiro e São Paulo, acreditem!
Quando meu contrato com a Mercedes-Benz do Brasil (em São Bernardo do Campo) foi rompido de uma hora para a outra devido à baixa venda de caminhões EURO5, os mesmos que ajudei a criar, me deparei com um mercado estagnado, mas com muitos bons amigos na terra do Axé. Logo fui chamado pra voltar. Minha esposa, grávida de quatro meses, ficou em São Paulo – e amigos, foi um dos períodos mais difíceis que enfrentei na vida.
Eu vim de mala e cuia, sem carro. Depois do nascimento do pequeno grande Ian eu trouxe a Time Bomb rodando pelas estradas brasileiras, tentando trazer tudo dela (risos) pelo asfalto. A Pequena veio junto, nossa companheira Pit Bull…
Estou bem de ajudantes: pequeno grande Ian (esquerda) e Pequena (direita)
Estradas, Rock, Torque e Potência
Nessas horas nós somos felizes. Ou você acha que ultrapassar treze caminhões numa reta entre Vitória da Conquista e Feira de Santana, carregado, sem lidar com o carro resmungando ou sentindo o peso extra – e mais, com os caminhoneiros incentivando você a pisar, não é uma maneira de ficar feliz? Isso é pra poucos… estilo “show me how to live”! Não é todo dia que eles se deparavam com um Marea Weekend Turbo, bomba relógio, relógio suíço, rodando por aí!
Foram 2.100 km rodados em três dias com muita tranquilidade, apesar da Time Bomb carregada até o teto e do trânsito em MG por causa de um acidente…
Foram fabricadas apenas 1.047 Marea Weekend Turbo durante nove anos de produção, e estima-se que cerca de 600 ainda estejam vivas pelo Brasil. São raras de serem vistas, imagine cruzando o País do sudeste ao nordeste! Só não é mais raro que o Saab 900 do Valter e que quase veio pra garagem de casa. Que o novo dono cuide dele como merece!
Salvador, Meu Rei
Já saí de São Paulo sabendo que seria uma meta difícil manter a Time Bomb em funcionamento impecável em terras desconhecidas para ela. Eu sabia o que me esperava, ou pelo menos achava que sabia.
Com três meses de Bahia a Marea Weekend Turbo começou a dar sinais de que algo errado estava acontecendo: problemas na parte elétrica, mau funcionamento, falhas em geral, será que era a umidade relativa do ar de 86% dando seus sinais?
Este foi o pensamento inicial. O carro já estava com a turbina original babando e com os dias contados desde que saiu de São Paulo, mas a pane elétrica não tem nada a ver com a turbina… WTF? Milhões de dúvidas surgiram na cabeça, revisei alguns componentes elétricos e nada…
Turbina babando um pouco
Nesta época minha esposa e o pequeno grande Ian, já com seus seis meses de vida, estavam com passagens compradas para passar uma temporada de dois meses em São Paulo. Isso me daria o tempo para investir na graxa e descobrir o que raios estava acontecendo com a bomba. Será que alguém acionou o botão?
No período aguardando a ida dos dois para São Paulo, o carro começou a falhar demais e a não desenvolver. No dia em que os levei para o Aeroporto de Salvador (lembro da data: 14/09/2013), a contagem regressiva foi iniciada no trajeto de volta… tic-tac-tic-tac, de 3ª marcha e pé em baixo, o carro não desenvolvia. O certo seria ligar para o seguro e chamar o guincho, mas preferi ir daquele jeito mesmo.
Consegui chegar em casa. Desço do carro e… cade a Marea? Sumiu? Roubaram? Não: somente foi tomada por uma densa e espessa fumaça branca. Bob Marley se junto à Time Bomb, legalize (ao som de Peter Tosh).
Um pouco de óleo não faz mal a ninguém. Ou faz?
Com isso, no dia 15 de setembro de 2013 iniciou-se de forma forçada a saga da Time Bomb. Saga mesmo, porque carro antigo com alta tecnologia embarcada sempre dá pane. Hoje o carro está rodando e está sem todo o IP (instrument panel). É gostoso ver uma engenharia deste nível de complexidade, parabéns Fiat!
Foto tirada no 15 de setembro do ano passado: o começo da jornada
28 de março deste ano: IP completamente desmontado, Cross Car Beam de alumínio fundido! Qual fabricante faz isso hoje?
Escrever este segundo post foi mais difícil do que o primeiro devido a vários problemas que estou enfrentando na Empresa do Oval Azul – sem contar que comprei um Escort Zetec (e sem vê-lo, diga-se de passagem) para fazer de carro “tattooed”.
Eu sou todo tatuado, agora a Time Bomb não precisa disso: desde que cheguei em Salvador ela recebeu cinco novas tatuagens, motherfu**er – com certeza os Soteropolitanos que estão lendo isso sabem do que falo. Eles cuidam de seus carros pois são gearheads como eu, mas a maioria nem liga. Ontem mesmo tomei mais uma “tatuada” no para-choque, entendeu? Deixe eu ir tomar um banho de sal grosso…
Entrarei em detalhes de manutenção no próximo post, mas para aguçar o paladar da galera, as 17” modelo Turbo chegaram e toda a suspensão, as trizetas e tulipas também chegaram da Inglaterra. Tem muita coisa pra mostrar. Então até o próximo! See ‘ya.
Por Rodrigo Sublime, Project Cars #34