era um dia claro sem uma nuvem sequer no ceu em algum dia do verao alemao de 1997 este verao foi tao insuportavelmente quente que dizia aos meus colegas de trabalho alemaes que nao via a hora de voltar para o brasil; a alemanha era quente demais para mim mas dentro do fiat bravo alugado o clima era agradabilissimo o ar condicionado mantendo uma temperatura baixa estava extremamente feliz naquele dia; aproveitava uns dias de folga para ir novamente ao circuito de nurburgring desta vez para assistir o oldtimer grand prix um evento basicamente de carros antigos estava tambem chegando cedo o evento era no fim de semana mas aproveitava uma folga para chegar la ja na quarta feira o bravo se mostrava uma companhia agradavel para o dia seu motorzinho de 1600 cm³ de dezesseis valvulas era totalmente suficiente tinha feito a viagem ate la via autobahn sem limites de velocidade basicamente mantendo o carro a 170 km/h onde ele parecia feliz e contente com um ocasional passeio a sua maxima 200 km/h no velocimetro que diferença da primeira viagem que fizera quase um mes antes de golf diesel https //flatout com br/quando andei em nurburgring com o carro da firma/ e ali nas montanhas eifel chegando no famoso circuito ele alegrava ainda mais um comportamento benigno o motor alegre os controles precisos por um momento pausei minha cabeça e agradeci ao divino que dia tao perdido estava em pensamentos sobre o meu cavalo no fiat que nem percebi ele chegar nao sei quanto tempo estava ali atras mas estava querendo passar colado na minha traseira e o que era aquilo uma cunha certamente preto pretissimo ameaçador e o barulho parecia o de um mustang de um v8 americano grande mas ali colado na traseira nao conseguia determinar o que era nao dava para dar passagem nem ele me passar naquela estradinha de mao dupla mas com duas faixas continuas que pareciam nao acabar nunca e religiosamente respeitadas pela coxisse imutavel alema para ajudar apaguei o marlboro lights me ajeitei no banco e apertei o passo assim que uma pequena reta apareceu dei sinal pra ele passar e tirei o pe khamsin um maserati ate entao nunca tinha visto um maserati fora das paginas impressas de livros e revistas mas sabia exatamente o que era aquilo ao me passar o ronco grave de v8 virou um grito exotico de alta rotaçao que so poderia ter vindo de modena e como um dardo negro o carro passou por mim refletindo a luz clara do dia em sua pintura impecavel mas nao sumiu a estrada era realmente apertada e truncada por um tempo apertando o passo o acompanhei de queixo caido o carro tinha um teto baixissimo que acabava com a traseira cortada abruptamente neste corte de traseira nao estava metal mas outra janela com lanternas traseiras flutuando como se nada as segurasse dava para ver o interior do carro por ela e o motorista trocando marchas abaixo desta janela quatro enormes saidas de escapamento cromadas agrupadas em dois pares que despejavam uma sinfonia arrepiante na ultima curva que fizemos juntos o motorista do maserati acelerou cedo logo que viu que a curva culminaria em uma longa reta os altos pirellis cinturato posteriores guincharam em protesto e soltaram fumaça enquanto a traseira se deslocava para fora e o motorista contra esterçava aquela magnifica cunha negra terminou a curva atravessada mas na direçao correta marcando o asfalto com um grito demente do glorioso v8 foi como se eu tivesse pisado nos freios do bravo apesar de manter a aceleraçao total com a mao para fora o dono deu adeus e retribui piscando os farois e fazendo pam pam na buzina parei em seguida num mirante para mais um cigarro isso realmente acabou de acontecer ou eu estou na cama sonhando o maserati khamsin o estilo do khamsin e em minha opiniao desde entao algo nunca sobrepujado e talvez os mais belo e unico supercarro italiano de motor dianteiro algo que nem o lindo ferrari f550 maranello dos anos 1990 conseguiu superar o khamsin e tambem a ultima arma de marcello gandini na batalha com seu maior rival e predecessor na bertone giugiaro [caption id= attachment_330333 align= aligncenter width= 999 ] o primeiro khamsin 1972[/caption] veja bem o carro que o khamsin substituiu em 1972 era o famoso ghibli uma das maiores criaçoes de giugiaro gandini nao era um cara de linhas limpas sem adorno e proporçao como giugiaro e um homem de drama sim tambem acertando no basico como seu rival mas indo mais alem o carro de gandini e mais anguloso mais em cunha mais mais e de um desenho simples na verdade mas com toques de genio dois volumes basicos bem definidos por linhas quase sem curvas separados por um chanfro suave por toda sua extensao magnifico o painel de vidro traseiro porem bateu de frente com as novas legislaçoes de segurança americanas la para vender o carro as lanternas traseiras tiveram que descer para o para choque traseiro fazendo um desenho horrendo os donos compravam assim e imediatamente trocavam as peças pela traseira europa um carro com a traseira americana original hoje e praticamente impossivel de achar os que existem foram restaurados e retornam a traseira feia para efeito de originalidade [caption id= attachment_330323 align= aligncenter width= 800 ] o khamsin para os eua argh [/caption] em termos de engenharia o khamsin era tambem uma obra de giulio alfieri que desde que a citroen chegara podia financiar suas ambiçoes de engenharia sem medo de faltar dinheiro a marca francesa desde que comprara a maserati em 1968 era um mecenas generoso para a arte da empresa o motor do khamsin e o mesmo v8 grande que apareceu nas ruas no 5000gt de 1959 e o mais famoso motor maserati de rua se todo ferrari de verdade deve ter 12 cilindros em v um maserati so pode ter um v8 de no minimo 4 0 litros o do khamsin tinha 4 9 litros duplo comando no cabeçote lubrificaçao por carter seco e um glorioso quarteto de webers corpo duplo para produzir 320 cv a 5 500 rpm e um prodigioso torque de 49 mkgf distribuido generosamente em todas as faixas de rotaçao culminando a 4 000 rpm em relaçao ao ghibli o motor ficava ainda mais recuado no chassi situando se totalmente atras do eixo dianteiro e mais baixo via carter seco acoplado a ele a transmissao padrao dos supercarros italianos da epoca a caixa zf de cinco marchas opcionalmente uma automatica de tres velocidades era oferecida principalmente para satisfazer ao publico americano as suspensoes tambem eram mais eficientes finalmente se abandonava o eixo rigido traseiro e o khamsin tinha suspensoes independentes via duplo a sobreposto nos quatro cantos do carro tambem freios a disco e rodas de aluminio com pneus radiais pirelli cinturatto 215/70 vr 15 eram parte da especificaçao ambiciosa como no bora no khamsin alfieri usou o sistema nervoso hidraulico de alta pressao da citroen para realizar um sem fim de operaçoes os freios por exemplo eram operados por esse sistema respondiam apenas a pressao no pedal e nao ao movimento como usual exatamente como em um ds a assistencia de direçao tambem era feita por este sistema os vidros das portas os farois escamoteaveis e ate o ajuste dos bancos eram acionados por pressao hidraulica deste sistema somente as molas de suspensao convencionais diferenciavam este maserati de um citroen o interior do khamsin era a salada malfeita tradicional entao nos supercarros italianos dos anos 70 fechaduras de fiat botoes de lancia maçanetas de citroen e mais um monte de detalhes herdados de carros mais mundanos mas pelo menos o couro era de qualidade e o topo do painel era revestido de alcantara o carro tinha apenas dois lugares embora a maserati o considerasse um 2+2 os bancos traseiros na verdade bons apenas para bagagem nao era o mais rapido de sua epoca tambem; este era o ferrari 365 gtb/4 daytona era mais suave e para o lado gt como todo maserati de rua apesar da origem em pista nao era leve tambem pesava 1635 kg em ordem de marcha mas nao era nada lento 0 a 100 km/h ao redor de 6 5 segundos e 270 km/h de maxima a crise do petroleo sua relativa obscuridade e a falencia da maserati junto com a citroen em 1976 o fizeram ter vendas baixas apenas 430 unidades foram produzidas de 1972 a 1982 quando sua produçao terminou o mundo dos supercarros italianos era muito diferente de quando nasceu em 1982 a maserati ja estava imersa num curso de açoes totalmente diverso fazendo rivais de bmw serie 3 o biturbo sob a batuta de alejandro de tomaso o khamsin se mantinha em produçao como uma lembrança de um tempo em que as estradas tinham menos trafego os limites de velocidade nao existiam ou nao eram seguidos e os playboys europeus cruzavam o continente em velozes e extrovertidos cupes italianos e um tempo onde a gente podia encontrar um dirigido a moda numa estradinha sinuosa qualquer levando seu dono para um fim de semana memoravel em algum resort chique qualquer nas montanhas nao tem como nao ter saudade deste tempo mesmo que tudo isso estivesse longe de nossa realidade eu era comparativamente um pangare a bordo de um fiat mas compartilhar o asfalto com um deles nem que por um pouquinho de tempo so para sempre me fez uma pessoa mais feliz
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