Se você for ao Alabama qualquer dia desses e, por acaso, passar pela cidade de Anderson, há algo que você precisa ver se for fã de muscle cars, especialmente se for um maníaco pela Mopar. Há um lugar chamado que parece um cemitério de Dodge, mas na verdade é o paraíso para donos de Dodge.
Em vez de encarar o pátio com mais de 700 carros como o lugar onde os Dodge vão para morrer, preferimos enxergá-lo como um lugar onde eles renascem: é lá o primeiro lugar que qualquer um que esteja restaurando ou mantendo um Dodge clássico americano deve procurar peças. E provavelmente será o último.
Não estamos puxando o saco do cara, até porque ele não precisa disso — seu negócio é uma daquelas coisas que ninguém esconde, mas só conhece quem tem um mínimo de interesse por muscle cars, como uma verdade não dita. Só achamos meio impossível que alguém não encontre o que precisa para seu carro depois de visitar um “ferro-velho” que, visto de cima, é assim:
Como dissemos, são mais de 700 carros, sendo que quase todos são Dodge — a maioria é de Charger. E de onde vem toda esta lealdade a uma marca? Segundo o dono do lugar, que se identifica como Ted, há uma boa razão: em 1975 ele comprou com seu suado salário de cozinheiro do Burger King um belo Dodge Coronet Superbee, vermelho, com câmbio manual de quatro marchas e alavanca no assoalho.
Foram exatamente seis semanas e um dia de diversão ao volante — talvez até demais, porque o carro acabou abraçando um poste de luz em um dos acidentes mais clichê de todos os tempos. A descrição é do próprio Ted, que diz ter sido muito doloroso vender o carro peça a peça para conseguir dinheiro e comprar outro carro. Mas ele também diz que foi esta experiência ruim que o introduziu ao negócio de desmanches, e agora o seu é um dos maiores do estado sulista. Na verdade, eles se dizem “a maior operação de desmanche especializada em Mopar do planeta”.
Talvez uma olhadinha pelo Google Street view nos ajude a ter uma noção melhor da dimensão do negócio.
Se por alguma razão você não encontrar aquele friso, maçaneta ou comando de válvulas que você procurava, a Stephens também vende peças novas, originais, e algumas fabricadas in-house, como painéis de carroceria e itens de acabamento como emblemas e componentes internos — todos licenciados pela Chrysler. A maior atração, contudo, certamente é o pátio com os 700 muscle cars abandonados — algo fascinante até para quem jamais planejou restaurar, ou mesmo ter, um Dodge antigo.
Se você estiver fazendo exatamente, contudo, saiba que a Stephens é especializada em carros fabricados entre 1962 e 1974, o que significa que, se você tem um Dodge Challenger, Charger ou Superbird (sortudo!) ou um Plymouth GTX ou ‘Cuda, provavelmente vai encontrar o que precisa por lá.
Não é à toa que eles até já forneceram peças para produções hollywoodianas, como o filme inspirado na série “Os Gatões” (The Dukes of Hazzard) e “Velozes e Furiosos” — sim, é possível que o General Lee e os “Dojões americanos” do Dom Toretto usem componentes da Stephens.
De qualquer forma, poderíamos muito bem ficar admirando, com um misto de paz e tristeza, o descanso de cada um destes carros sem saber nada a respeito deles — é uma visão poderosa de qualquer jeito.