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Zero a 300

Motor V8 Mercedes tem “problemas de qualidade” nos EUA, o novo Toyota Prius a hidrogênio, o novo one-off da Ferrari e mais

Bom dia, caros leitores! Bem-vindos ao Zero a 300, a nossa rica mistura das principais notícias automotivas do Brasil e de todo o mundo. Assim, você não fica destracionando por aí atrás do que é importante. Gire a chave, aperte o cinto e acelere conosco!

O Zero a 300 é um oferecimento do , o site de compra e venda de veículos do Bradesco Financiamentos. Nesta parceria, o FlatOut também apresentará avaliações de diversos carros no canal de YouTube do Autoline – então, (e não esqueça de ativar o sininho)!

 

Motores V8 Mercedes têm “problemas de qualidade” nos EUA

Você talvez lembre que, há alguns meses, a Mercedes anunciou que deixaria de oferecer alguns de seus modelos V8 nos EUA a partir do ano-modelo 2022. A lista era relativamente extensa, e envolvia praticamente todos os modelos AMG e modelos de topo das Classes oferecidas por lá. Inicialmente pensava-se que a suspensão das vendas nos EUA se devia a problemas da cadeia de fornecimento, que foi afetada globalmente pelas quarentenas e lockdowns em todo o mundo. Agora, contudo, a própria Mercedes explicou que o problema não foi o fornecimento de componentes, mas “questões de qualidade”.

A declaração foi feita de forma sucinta pelo chefe da AMG, Philip Schiemer, à revista americana Road & Track. À publicação, Schiemer declarou que “não pode entrar em detalhes” e que é “um problema de qualidade”. “Estamos atualizando nossos veículos anualmente e não estamos satisfeitos com a qualidade. Para nós, a qualidade vem em primeiro lugar. Precisamos fazer novos testes e é neste processo que estamos no momento. Depende de modelo para modelo”, explicou ao ser questionado sobre o S580, que continua sendo oferecido com uma versão híbrida do V8 (M176) enquanto o SUV GLS580, equipado com o mesmo powertrain, teve suas vendas suspensas no país.

O discurso oficial da Mercedes faz parecer que o carro não estava à altura do que a marca achava ideal para o mercado, mas há algo suspeito em “problemas de qualidade” que “escolhem” o carro no qual o motor está instalado para acontecer. Veja: um motor é projetado, desenvolvido, testado e aprovado para diversas aplicações. Se ele apresenta um problema de qualidade em um carro, ele certamente apresentará em outro carro — especialmente se for um motor de mesma especificação, utilizado com o mesmo sistema de transmissão, em veículos com peso e porte semelhante. Por que o V8 apresenta problemas de qualidade no GLS580, mas não apresenta problemas de qualidade no S580, se o motor é exatamente o mesmo? Um mapa de gerenciamento do motor seria suficiente para causar problemas tão graves de qualidade?

Além disso, o M176 não é o único motor afetado. O M177, que é a versão AMG, também foi afetado, porém somente nos modelos Mercedes. Nos Aston Martin, onde o M177 usa gerenciamento desenvolvido pela fabricante britânica, não há “problemas de qualidade”. Além disso, a versão de cárter seco e altíssimo desempenho, o M178, também não foi afetada por “problemas de qualidade’.

Dito isso, e considerando os fatos sobre Aston Martin, S580 e o M178, tudo nos leva a crer que houve um problema com a certificação de emissões dos motores. Afinal, se eles foram desenvolvidos em conjunto, mas só apresentaram problemas nos EUA e em alguns modelos, não parece plausível que seja um problema de projeto ou de funcionamento do motor. Os modelos têm sua certificação de emissões aprovadas individualmente, e os EUA (Califórnia) têm uma legislação própria sobre emissões — os fabricantes costumam fazer uma calibragem para União Europeia, outra para EUA, outra para China, outra para o resto do mundo e outra para o Brasil (etanol na gasolina).

É possível, portanto, que a Mercedes tenha descoberto um erro ou uma falha nos testes de emissões para os EUA para os carros em questão, e, sem tempo hábil para corrigi-los até o lançamento da linha 2022, optou por suspendê-los até 2023. Aqui é importante notar, por último, que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) começou a discutir em agosto deste ano (quando a Mercedes anunciou a suspensão dos modelos) uma proposta de endurecer as regras de emissões para o quadriênio 2023-2026. (Leo Contesini)

 

Mercedes-AMG continuará usando V8 por mais dez anos, ao menos

Apesar da polêmica e misteriosa decisão de suspender os modelos V8 do ano-modelo 2022 nos EUA, do próximo Classe C AMG com motor de quatro cilindros e do futuro E63 AMG com motor de seis cilindros, o chefe da AMG, Philip Schiemer, disse que o motor V8 ainda tem mais dez anos pela frente na divisão esportiva da Mercedes.

Ainda na revista Road & Track, ele foi questionado sobre o futuro destes motores, já que a Daimler diz ter encerrado o desenvolvimento de motores de combustão interna e menos modelos AMG serão equipados com eles. Schiemer então disse que vê os V8 em produção por mais dez anos. “Temos muitos clientes que adoram seus carros e acho que veremos estes clientes comprando os modelos V8 por muito tempo”, disse.

Além disso, Schiemer mencionou que os modelos de competição da GT3 e GT4 também usam motores V8, e completou citando a possibilidade de hibridizar o powertrain em aplicações futuras — o que certamente acontecerá em breve nos modelos AMG.

A declaração de Schiemer, além de representar um alívio para os fãs da AMG e de esportivos em geral, também pode ser interpretada como um certo ceticismo da própria indústria sobre o “fim dos motores de combustão interna”, algo que já mencionamos algumas vezes anteriormente e que parece menos provável com a atual crise dos microchips, que só terão sua produção plenamente reestabelecida em dois ou três anos, segundo os analistas de mercado. Para um prazo de 15 anos (2035 é o ano-chave), estes três anos com déficit de microchips representam 20% do período. Será que 2035 será como 2035? (Leo Contesini)

 

Ferrari pode revelar one-off baseado na LaFerrari em novembro

Você deve ter visto, nos últimos dias, a notícia de uma mula de testes da Ferrari flagrada pelos usuários do FerrariChat. Agora, novas informações a respeito de um suposto one-off baseado na LaFerrari aparecem no mesmo fórum.

Já faz algum tempo que protótipos obviamente derivados da LaFerrari – que foi um dos hipercarros que iniciaram a onda de eletrificação atual, bem como o McLaren P1 e o Porsche 918 Spyder – são flagrados em testes na Itália.

E o que uma coisa tem a ver com a outra? É simples: pode ser o mesmo carro. Fala-se que o hipercarro é o próximo representante da série Icona, feita para homenagear os ícones do passado da marca do cavallino rampante, da qual as primeiras representantes foram as Ferrari SP1 e SP2.

Agora, o pessoal do FerrariChat diz que tem novas informações. Um dos usuários é Marcel Massini, conhecido no meio como um dos principais historiadores a respeito da Ferrari – e uma fonte de informação tida como confiável pelos entusiastas da marca. E ele diz que o carro usará, de fato, o monocoque de fibra de carbono da LaFerrari. A mecânica, porém, não será híbrida: o hipercarro trará uma versão ainda mais potente do motor de 6,5 litros usado pela 812 Superfast – ou seja, com mais de 800 cv. O câmbio deve ser de dupla embreagem e oito marchas.

Juntando as peças divulgadas nos últimos dias, é possível que estejamos diante de um supercarro com visual inspirado no passado e o V12 aspirado puro mais potente da história. E, segundo o FerrariChat, um supercarro que deve ser lançado em novembro durante a Ferrari Finali Mondiali, competição que será realizada durante os dias 16 e 22 e reunirá participantes do Ferrari Challenge – a disputa monomarca para proprietários – no circuito italiano de Mugello. (Dalmo Hernandes)

 

Toyota Prius movido a hidrogênio será lançado em 2025

O Toyota Prius pode ser considerado o carro que trouxe os híbridos ao mainstream. Usando um motor elétrico para auxiliar o propulsor a gasolina, ele foi o responsável por mostrar que a tecnologia era eficaz na tarefa de reduzir drasticamente o consumo e a emissão de poluentes – especialmente em sua segunda geração, lançada em 2003.

Atualmente em sua quarta geração, lançada em 2015, o Prius deve ser renovado em breve. Relatos da imprensa japonesa, como o site Best Car Web, dizem que o híbrido passará por uma reestilização pesada no ano que vem – algo necessário após seis anos praticamente idêntico. Mas essa atualização será, na prática, um paliativo até que a Toyota possa introduzir uma novidade mais importante: um motor movido a hidrogênio para o Prius, previsto para chegar em 2025.

Diferentemente das células de hidrogênio, que na prática são utilizadas para produzir energia elétrica, o motor do Prius usará o hidrogênio como combustível da mesma forma que um motor a gasolina, porém com um nível baixíssimo de emissões. A eficiência energética, porém, deve ser comparável à de um motor a combustão tradicional. Uma prévia da tecnologia já pode ser conferida em abril, quando a Toyota apresentou um Corolla hatchback de competição com o motor a hidrogênio que supostamente será usado no Prius.

É claro que, a essa altura, isso ainda é considerado um rumor – e os sites japoneses costumam ser bastante ousados em suas previsões. Ainda assim, a janela de três anos que a Toyota precisa para transformar o motor a hidrogênio em algo viável para o mercado faz sentido. (Dalmo Hernandes)

 

BMW diz que seus carros elétricos não precisam de mais que 600 km de autonomia

Uma das maiores preocupações quanto aos carros elétricos diz respeito a dois elementos: o tempo de recarga das baterias e a autonomia total com uma carga completa. É consenso geral que o tempo de recarga precisa ser o menor possível e a autonomia, a maior possível – e isso precisa levar em consideração o peso das próprias baterias. É uma equação difícil de resolver: quanto mais capacidade as baterias têm, mais numerosas e pesadas elas são – o que acaba prejudicando a própria autonomia, pois o carro precisa gastar mais energia elétrica para se mover.

A maior parte das fabricantes, por isso, aposta em aumentar a autonomia dos veículos – quanto maior a distância que puder ser percorrida com apenas uma carga, melhor. Mas a BMW, de acordo com uma entrevista concedida ao site australiano Which Car, não está tão preocupada com isso.

Quem falou com a publicação foi o chefe de projeto do BMW i4, David Ferrufino. Segundo ele, a autonomia fica em segundo plano – importante é reduzir o tempo de recarga e investir em infraestrutura. Por conta disso, a meta de autonomia para um carro como o i4 é de 600 km, enquanto os veículos voltados a uso urbano, como o BMW i3, não precisam de mais que 100 km de autonomia.

Ferrufino acredita que no casso do i4, a autonomia de 600 km é mais que suficiente até para permitir viagens por toda a Europa. “Não temos apenas avanços na tecnologia das baterias, mas também a rede pública de recarga – que está crescendo rapidamente”, afirma o executivo. “Atravessar a Europa da Noruega até a Itália com um carro elétrico já é uma ótima experiência.”

Pelas contas da BMW, com a autonomia de 590 km e uma bateria capaz de recuperar 80% da capacidade em 31 minutos usando um carregador rápido de 200 kWh, é possível fazer uma viagem de 1.000 km com o BMW i4 com apenas uma parada de meia hora. Em teoria, claro.

Na prática, nota-se que esta realidade ainda está reservada a países desenvolvidos, nos quais a indústria dos automóveis pode contar com infraestrutura de qualidade e relativamente confiável. Por aqui, o buraco é bem mais embaixo. (Dalmo Hernandes)

 

Projeto de lei quer suspender CNH de motorista que gravar e publicar infrações de trânsito na internet

Há um famoso ditado sobre boas intenções que me veio à mente quando soube do projeto de lei da deputada Christiane Yared que pretende suspender a CNH de motoristas que gravem vídeos de infrações de trânsito e os publiquem na internet com a intenção de gerar receita.

Segundo o texto do projeto de lei, “tem sido constatado o aumento considerável de canais nas redes sociais, especialmente no YOUTUBE, de pessoas que divulgam vídeos praticando condutas condenáveis no trânsito e de alto risco para a vida das pessoas […] com o agravante surpreendente de que divulgam isso publicamente auferindo receitas que podem chegar a valores superiores a R$ 40 mil mensais, conforme um deles demonstra.”

Diante disto, a deputada propõe que “o condutor que praticar infrações de circulação de natureza gravíssima e divulgá-las por meio de redes sociais ou quaisquer outros meios de divulgação digitais, eletrônicos ou impressos, ainda que não tenha havido a lavratura do respectivo auto de infração” seja punido com suspensão do direito de dirigir por “12 meses e, no caso de reincidência, a cassação do documento de habilitação”.

Na prática, o que o projeto está propondo é que infrações de trânsito possam ser baseadas em vídeos obtidos por outros meios que não os meios oficiais, regulamentados pelo Estado. É por isso que o ditado me vem à mente. Aprovado, o projeto permitiria que qualquer vídeo gravado em qualquer circunstância e contexto possa ser usado como evidência de infração de trânsito. Esse é o problema.

Os meios oficiais de obtenção de imagens de infrações de trânsito são homologados pelo poder público porque eles têm regras a seguir para que a fiscalização ocorra de forma justa — e realizada por quem tem a autoridade legal para fazer isso.

Quando se aprova uma lei que permite o uso de qualquer vídeo para embasar infrações e penalidades, não se cria apenas a base legal para penalizar e coibir a ação de pessoas mal-intencionadas, que cometem infrações com o objetivo de gerar receita na internet, mas também e abre um precedente que permitiria, por exemplo, o uso de um vídeo manipulado para acusar um motorista inocente. É por isso que, mesmo o Estado, tem limites legais para fiscalizar os motoristas — no mundo todo.

Tudo o que é citado pela deputada no projeto de lei — os rachas, o desrespeito aos limites de velocidade etc — já é considerado infração de trânsito. Se chegamos ao ponto em que esse tipo de infração se tornou tão recorrente e abundante para se tornar conteúdo de “entretenimento”, significa que o Estado falhou ao coibir estes infratores. Se um cidadão comete uma irregularidade, a torna pública, volta a cometê-la e segue impune, parece claro que o problema não é o que ele faz com a irregularidade, mas a viabilidade de fazê-la recorrente a ponto de transformá-la em fonte de renda. (Leo Contesini)

Esta matéria está em edição. Atualize em instantes!