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Mountune M520: como transformar o Focus RS em um monstro

O Ford Focus RS de terceira geração, ao que tudo indica, foi o último. O hatchback sobrevive apenas na Europa, e a versão mais potente da quarta geração será mesmo o Focus ST, com seu motor 2.3 turbo de 280 cv e tração dianteira.

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Por mais que o Focus RS Mk3 já tenha saído de linha, porém, isto não quer dizer que ele tenha ficado ultrapassado. Mesmo totalmente original, não lhe falta potência com seus 350 cv, e seu sistema de tração nas quatro rodas sendo uma das coisas mais interessantes que a indústria automobilística concebeu nos últimos anos. O diferencial traseiro eletrônico da GKN, com duas embreagens que transmitem o torque para as rodas traseiras de forma independente, permite vetorização de torque dinâmica por toda a faixa de rotações e ainda pode enviar torque extra para as rodas de trás, possibilitando o divertido “modo drift”.

É por isso que a Mountune, preparadora britânica que trabalha em conjunto com a Ford UK para oferecer pacotes de performance para seus modelos, dedica-se bastante a dar uma sobrevida ao Focus RS através de seus kits de preparação.

O mais radical deles é o chamado M520 – que, como o nome sugere, eleva a potência do motor 2.3 Ecoboost a 520 cv. Considerando que alguns hatchbacks mais extremos já vêm de fábrica com mais de 400 cv (Mercedes-AMG A45, estamos falando de você!), este número pode não impressionar tanto. Mas lembre-se: estamos falando de um acréscimo de 170 cv em relação à potência de original do Focus RS.

Números exatos: 520 cv a 5.500 rpm e 71,4 kgfm de torque entre 4.000 e 4.700 rpm. Originalmente a potência máxima de 350 cv aparece às 6.000 rpm, enquanto o pico de torque (44,8 kgfm em condições normais e 47,9 kgfm no modo overboost) aparecia entre 2.000 e 4.500 rpm. O Ford Focus RS M520 da Mountune, mesmo pesando 1.599 kg em ordem de marcha, é capaz de acelerar de zero a 100 km/h em quatro segundos cravados – 0,7s mais rápido que o original.

O kit M520 inclui um turbocompressor BorgWarner EFR 7163 roletado, com todos os periféricos necessários para instalação (juntas, tubulação, abraçadeiras), nova bomba de combustível, válvulas maiores, comandos de graduação mais agressiva, e toda a reprogramação necessária.

Não estão inclusos no pacote os componentes internos forjados para o motor e nem o intercooler feito sob medida pela própria Mountune mas, de acordo com a preparadora, estes itens são indispensáveis (existem kits menos extremos, como o M400, que dispensam a abertura do motor). Da mesma forma, eles recomendam fortemente a instalação de freios melhores e suspensão ajustável, ambos também disponíveis em seu catálogo.

De acordo com a Mountune, uma das vantagens de seu kit é o aproveitamento da potência em todas as faixas de rotações, ao mesmo tempo em que, abaixo das 2.500 rpm, o Focus RS M520 não apresenta comportamento muito diferente de um exemplar totalmente stock. É quando se pisa fundo que toda a fúria aparece.

Segundo alguns jornalistas que dirigiram o carro, como Tim Rodie do Drivetribe e Matt Robinson do Car Throttle, o M520 traz de volta a selvageria dos carros turbinados da década de 1980 – você pisa fundo e tem um breve período de calmaria antes de sentir aquele impulso que te faz grudar no banco e ficar até meio assustado. É proposital – assim como o perceptível torque steer.

Você deve estar se perguntando como o avançado sistema de tração 4×4 do Focus RS lida com tanta potência e torque. Curiosamente, não há reforços na transmissão, e o carro utiliza o mesmo câmbio manual de seis marchas com o qual o Focus RS sai da fábrica. As semi-árvores traseiras não são reforçadas, e nem o diferencial traseiro eletrônico. Isso, porque a Mountune acerta o carro de modo a fazer com que todo o torque extra seja direcionado para o eixo dianteiro – o que causa o torque steer mencionado acima.

Se você quiser realmente ir à loucura, a Mountune oferece até mesmo uma transmissão sequencial de seis marchas da Quaife, acertada especificamente para o M520 – o kit completo, incluindo alavanca e trambulador.

A Mountune adota uma abordagem interessante ao admitir que está completamente ciente de que o M520 pode ser um tanto extremo demais. Trata-se de um produto assumidamente de nicho, para clientes que desejam simplesmente um carro absurdamente potente, agressivo e barulhento. A Mountune garante que seus kits mais moderados, como o M400, são mais adequados para quem quer uma performance equilibrada. Mas aí… qual seria a graça?