Passava poucos minutos da sete da manhã quando embarquei no Camaro 305 de terceira geração que você vê aí embaixo – uma das poucas unidades com câmbio manual original de fábrica no Brasil – do Denis, um dos idealizadores do Muscle Tour. O que começou com um encontro informal de amigos evoluiu para uma road trip que têm acumulado cada vez mais participantes.
Neste último domingo, contudo, a coisa adquiriu proporções épicas, praticamente dobrando em relação aos eventos anteriores: foram quase 100 muscle e pony cars de todas as épocas desfilando – e acelerando – na rodovia Ayrton Senna.
O Muscle Tour é um evento direto e reto: são dois pontos de encontro – um intermediário, apenas para reunir todos os V8, e um destino final –, um breve café da manhã, conversas, risadas, admiração mútua ao carro vizinho e pé na estrada novamente. Não era nem onze da manhã quando os primeiros muscle cars começaram a sair do Graal Market (quilômetro 67 da rodovia) rumo aos seus lares, mas não antes de deixar longas marcas de pneu queimado sobre o asfalto! Não importa se é um Mustang GT Hardtop 1968 placa preta ou um Dodge Charger R/T 1978 preparado: smoke’em!
Do começo ao fim, a sensação era de estar em um evento gringo. Já no primeiro ponto de encontro, que rolou no posto Petrobrás BR no quilômetro 29 da Ayrton Senna, a sensação era de overdose: Corvette, Mustang e Camaro de quase todas as gerações, Mercury Cougar, Chevy Impala, Pontiac Trans Am (Burt Reynolds mandou saudações!), Maverick, Dodge Dart, Porsche 911, S10 SS V8, diversas picapes Ford e o já famoso 356 1951 “rusty” de Mau Marx.
Placas pretas, survivors, restaurados, preparados, customizados, Pro Touring, Drag, Street, aspirado, biturbo, nitro, supercharger… tinha para todos os gostos. Do ronronado abafado dos V8 com coletores de ferro fundido aos estalados embaralhados dos canhões com comando mecânico, escapes dimensionados e carburadores quadrijet com vazão suficiente para causar um pequeno vortex temporal dentro do cofre do motor! Saboreie as fotografias abaixo, tiradas no primeiro ponto de encontro – e não se esqueça de clicar nas fotos para ampliá-las.
Na falta de um Mustang caracterizado à la Frank Bullitt, que tal dois deles – um 1967 e outro 1968? Mais ainda: para completar o casting automotivo do clássico filme policial, um Dodge Charger R/T 1968 – verde, em vez de Tuxedo Black, e sem as calotas voadoras, claro. Quando eles se encontraram na estrada, foi algo deliciosamente nostálgico. Aliás, se você ainda não leu nossa reportagem especial detalhando os bastidores e os carros de uma das perseguições mais épicas do cinema, clique aqui e leia agora mesmo.
Perto das nove da manhã, os primeiros carros começaram a chegar na entrada do Graal Market, que rapidamente ficou completamente congestionada com uma fila de V8s de altíssimo nível. Embora toda a parte de trás do local estivesse fechada exclusivamente para o evento, não foi suficiente: as vagas esgotaram com pouco mais da metade dos antigos ainda esperando a sua vez. Com isso, os carros se espalharam em todo o local, deixando os turistas e seus smartphones mais perdidos que velocímetro com cabo velho.
Aliás, não foram apenas eles: com pouco tempo entre a chegada dos últimos V8 a entrar no Graal e os primeiros a sair, vários clássicos acabaram fugindo das minhas lentes. Mas, como vocês verão na imensa galeria abaixo, isso não chega a ser exatamente um problema. Não se esqueça: clique nas imagens para ampliá-las!