durante a campanha de bill clinton a presidencia dos eua o estrategista james carville criou tres motes sobre os quais a candidatura devia se deter sistema de saude mudança e economia no ponto da economia um cartaz no comite fazia todo mundo se lembrar e a economia estupido o mote se popularizou e e usado hoje para chamar a atençao sobre uma serie de questoes especialmente sobre as que sao tao obvias que sao solenemente ignoradas nos vivemos no brasil uma situaçao que exige esse tipo de abordagem curta e grossa voce pega o metro ou o onibus lotado para voltar para casa todo santo dia se usa carro sempre fica preso no engarrafamento em mais de um normalmente espera sem muita paciencia na fila quilometrica do restaurante a hora de finalmente se servir no bufe do almoço no final de semana evita supermercado porque sabe que vai gastar mais tempo na fila do caixa do que comprando qualquer coisa so nao consegue fugir de passear tem de ir ao parque ou andar de bicicleta ou as duas coisas com as crianças e pega fila pra entrar no parque fila de bicicletas fila pra comprar alguma coisa no quiosque foto rico shen/creative commons pode escolher o vilao que voce preferir nada vai mudar o fato de que a culpa nao e do carro nem da bicicleta nem do onibus o problema e a quantidade de gente vivendo em um espaço pequeno demais a disputa por um espaço insuficiente seja atras de um volante de um guidao ou com os cotovelos armados as grandes cidades brasileiras sao inchadas e nada que e inchado funciona direito especialmente o transito que e o que nos interessa mais de perto em junho do ano passado contamos a voces um pouco sobre a demanda induzida recapitulando e a certeza de que novos produtos ou soluçoes acabarao convencendo as pessoas a utiliza las deste modo ampliar a malha viaria levara novos motoristas as ruas tornando as congestionadas do mesmo modo que as antigas ruas ficavam sem as novas alternativas sempre havera demanda por novas vias a soluçao para nao haver congestionamentos portanto nao passa por criar mais ruas nem por diminuir o numero de carros ja que a quantidade de pessoas que tera de se deslocar so mudara de um meio para outro lotando onibus ou trens e ciclovias em vez de automoveis passa isso sim por um planejamento urbano mais responsavel e bem feito em varias partes do mundo como em munique na alemanha so e possivel comprar ou alugar um imovel se voce trabalhar na mesma regiao algo que diminui a necessidade de grandes deslocamentos paris se manteve charmosa porque proibiu a construçao de predios com mais de 37 metros de altura o equivalente a 12 andares a lei foi revogada em 2008 mas so em julho deste ano foi aprovada a construçao de um arranha ceu na cidade alem de preservar o maior cartao postal da cidade a torre eiffel a medida evitou a chamada verticalizaçao fenomeno que quase todas as grandes cidades brasileiras vivem sem que suas prefeituras o combatam ou sequer um candidato a prefeito use como programa eleitoral do ponto de vista das administraçoes municipais o raciocinio e simples mais gente resulta em mais arrecadaçao a construçao desenfreada de novos predios como a que experimentamos no brasil nos ultimos anos permitiu cobrar mais iptu e itbi por isso de modo geral nao se ve açoes para conter o problema afinal ele transforma de quarteiroes onde viviam quatro familias por exemplo em terrenos para condominios que abrigam 80 familias ou mais mas este e um raciocinio estupido de curto prazo mesquinho foto paul beattie/creative commons sao paulo tem pouco menos de 1 523 km² de area onde se distribuem cerca de 12 milhoes de habitantes e uma densidade populacional de aproximadamente 7 900 pessoas por km² semelhante a de cingapura rio de janeiro tem 1 197 km² de area com quase 6 5 milhoes de habitantes ou 5 430 habitantes/km² algo intermediario entre hong kong e gibraltar nao parece haver uma densidade populacional mundialmente recomendada mas alguns estudos apontam que nao deveria haver mais de 100 pessoas por km² com isso a populaçao de sao paulo nao deveria passar de 152 3 mil habitantes considerando sua area a do rio de 119 7 mil favelas foto gates foundation/creative commons muita gente numa mesma area consome os recursos mais rapidamente as pessoas acabam invadindo areas de mananciais para viver desprotegendo as fontes de agua das cidades acabam despejando esgoto nos rios que tambem poderiam ser fonte de agua potavel o custo do metro quadrado em algumas regioes das grandes cidades mostra que nem sempre e possivel viver perto de onde se trabalha quem nao consegue mas tambem nao tem como ficar se deslocando para morar nas periferias acaba ficando em ocupaçoes ilegais tambem conhecidos como favelas mesmo nas areas de risco o que mais se ouve e gente da defesa civil relatando casos de pessoas que se recusam a sair de barracos em risco dos quais nao tem um titulo de propriedade legal para ir para uma casa que possa ser efetivamente deles por que porque a tal casa ou apartamento fica longe demais de tudo e morar longe do que interessa significa gastar mais tempo e mais dinheiro percebeu como a questao do crescimento desordenado das cidades e muito pior do que as pessoas costumam admitir sem direitos garantidos os mais desprotegidos correm risco maior de enveredar para a criminalidade como esse excelente artigo do site spotniks mostra bem por que um jovem carente respeitaria a propriedade alheia se nao tem direito a isso se nao tem a experiencia da propriedade assegurada olha so outro problema alem da i mobilidade que tambem deriva de nossas cidades superpovoadas foto ngo trung/creative commons uma coisa que se costuma dizer com frequencia e que e preciso se afastar dos problemas para poder enxerga los corretamente experimente fazer isso no metro na hora do rush na ciclovia lotada no domingo no congestionamento nosso de cada dia voce consegue talvez isso explique porque sempre insistimos em atacar coisas que nao resolvem as questoes em enxugar gelo exigindo mais leis novos governantes um carro blindado um plano de saude topo de linha que nao cobre aquela injeçao cara que voce precisou tomar porque o problema nao e o automovel que tira das pessoas as ruas nao e a bicicleta que tira dos pedestres as calçadas alem dos folgados que constroem muito alem do que deveriam nessa permanente invasao do espaço publico que por aqui nunca e de ninguem o problema e a quantidade de gente que vive nas cidades que lota os metros e onibus as filas de todo tipo as avenidas com seus carros e motos e o que mais houver para lotar como se resolve algo dessa magnitude talvez nao seja possivel talvez so seja possivel ameniza lo com jornadas de trabalho alternativas home office uma nova lei de zoneamento urbano etc mas reconhecer e enfrentar a verdadeira causa de todo o estresse que enfrentamos nas grandes cidades e certamente o primeiro passo todos os seguintes dependem dele errar o diagnostico e uma estupidez a que estamos nos acostumando perigosamente
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