Parece uma bela foto de divulgação da geração passada do Audi R8, não é? Pois bem que poderia ser. Mas você notou algo esquisito com ele? É porque ele não é um Audi R8 de verdade. É uma miniatura!
A fotografia é de autoria de Felix Hernandez. Fotógrafo e designer gráfico, o mexicano de Cancún tornou-se especialista em fotografar objetos em miniatura e fazê-los parecer “de verdade” nas fotos utilizando uma interessante mistura de edição fotográfica e artesanato.
“Quando era criança, eu ficava horas brincando com meus brinquedos. Agora que sou um ‘adulto’, percebi que nunca parei de brincar. A única diferença é que tenho uma câmera nas mãos”, disse Felix ao site Crank and Piston. Mas, na boa? Dizer que ele “brinca” com os objetos que fotografa é subestimar seu trabalho. O que ele faz é arte, mesmo.
O Audi R8, por exemplo, é uma miniatura 1:18 que foi colocada em cenários feitos com espuma, pedrinhas, sacos de lixo (para formar as montanhas) e areia. Com ângulos bem sacados, aproveitando a perspectiva, Hernandez cria cenas realistas e, ao mesmo tempo, dramáticas graças aos efeitos digitais.
Para esta outra foto, ele aproveitou o céu real para criar uma composição em uma praia. O efeito é impressionante.
A iluminação e as lentes escolhidas também são de extrema importância: jogos luz e sombra aplicados sobre cada componente da miniatura causam a impressão de profundidade e de maior escala, assim como uma boa escolha de lentes com distâncias focais e aberturas.
Honestamente, se a gente não soubesse que se trata de um carro de brinquedo, nem mesmo os gaps gigantescos na carroceria da miniatura entregariam. Outro detalhe que passa facilmente despercebido é que as marcas de pneus estão finas demais – o Audi R8 V10 usa pneus 295/30 R19 na traseira.
As linhas arrojadas dos supercarros tornam mais fácil disfarçar uma miniatura de carro de verdade. Mas Hernandez também o faz com carros bem mais comuns, como estes dois Fiat 500.
A foto do carro vermelho foi feita usando uma miniatura, farinha e açúcar e pós-produção digital. Batizada de The Love Car, a fotografia retrata uma cena, digamos, romântica: repare na marca da palma de uma mão no vidro traseiro. Só não nos pergunte como alguém encontraria espaço para fazer qualquer coisa mais picante dentro de um 500 clássico…
Já este outro Fiat 500 é retratado em uma viagem pelo deserto. Os efeitos digitais se limitaram ao fundo e aos retoques finais da imagem.
O aspecto envelhecido do carro e a areia são de verdade. Hernandez lixou o carro e conferiu-lhe o aspecto gasto pelo tempo usando tinta e materiais de artesanato e decoração. Detalhes como o bagageiro também foram feitos por ele.
A mesma técnica foi utilizada nesta foto de uma Kombi, intitulada Inner Journey (“Jornada Interior”). A Kombi envelhecida, a areia e a vegetação são um diorama construído por Hernandez, que substituiu o fundo branco do estúdio por uma imagem da Via Láctea.
A descrição é dramática: o fotógrafo diz que a foto “conta uma história pessoal, mas também pode contar a sua”.
Talvez esta também seja a obra que melhor retrata a visão de Hernandez sobre sua própria arte: “Para mim, a fotografia não é simplesmente retratar o que existe, mas retratar o que existe em mim. O lado técnico é fácil de aplicar, o desafio de verdade está no coração e na mente. É preciso ser infantil, meio bobo e sonhador.”
Tanto é assim que Hernandez não fotografa apenas miniaturas de carros. Ele também já fez fotos de aviões de caça em combate e de Stormtroopers (os “atiradores de elite” de Star Wars, caso você tenha vindo de outro planeta) presos no deserto. Deste último, rolou até making of em vídeo!
Você pode conhecer melhor o trabalho de Felix Hernandez .
Sugestão do leitor Christian Reid