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NeGCon e Jogcon: os bizarros controles de corrida do PlayStation

Um sonho que tenho é ter uma bela estante cheia de consoles de videogame antigos. Não todos, não os mais obscuros, mas os principais da década de 1980 e alguns de seus acessórios. Na verdade, só de ter uma daquelas telas dobráveis para o PlayStation eu já ficaria satisfeito. Mas os preços que estes consoles e periféricos alcançam no mercado de colecionadores é proibitivo.

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De todo modo, um dos acessórios que eu com certeza iria querer na minha coleção imaginária é o Jogcon, um controle alternativo para o PlayStation original feito pela Namco. Ele foi desenvolvido especialmente para games de corrida – em especial, para a série Ridge Racer, também da Namco, e tinha como diferencial o fato de trazer uma espécie de “volante” na parte inferior, para ser operado com um só dedo. Detalhe: ele tinha até force feedback.

O controle foi lançado em 1998, como parte de um pack especial com o game Ridge Racer Type 4 (para mim, o melhor da franquia, como esmiuçado neste post). A ideia da Namco era oferecer uma experiência similar à de um volante, porém em um aparelho que tivesse o mesmo tamanho de um DualShock comum. Para isto, um botão em forma de dial foi instalado na parte frontal inferior do controle, quase na mesma posição dos dois sticks analógicos do DualShock.

Para falar sobre o Jogcon, porém, é preciso antes citar o NeGCon, seu antecessor – que era ainda mais curioso.

O NegCon era um controle que você literalmente torcia para jogar. Ele foi idealizado por Satoru Kuriyama, desenvolvedor da Namco que ganhou notoriedade pelo primeiro Ridge Racer. De acordo com relatos da época, Kuriyama teve a ideia ao ver um de seus colegas jogando um game de corrida no Super Nintendo enquanto fazia um gesto clássico – ele virava o controle na mesma direção do carro enquanto fazia curvas. Pois é, alguns tiram sarro quando vêem este tipo de coisa (guilty…), mas há quem prefira fazer algo produtivo.

O caso é que, ao enviar a ideia para a cúpula da Namco – que, de todo modo, já estava a fim de expandir sua atuação para acessórios –, Kuriyama foi prontamente atendido, e uma equipe foi formada para desenvolver o novo controle.

O NeGCon foi batizado com a inspiração na palavra neijuru, que em japonês significa “torcer”. Projetado por Kazumi Mizuno, que na época era o chefe do departamento de gráficos da Namco, o controle tinha um direcional do tipo cruz do lado esquerdo (mais parecido com o que se via nos controles da Nintendo do que com D-pad com botões da Sony), quatro botões do lado direito, sendo dois analógicos com 7 mm de curso; e uma articulação giratória no meio, unindo as duas metades. Dois potenciômetros mediam com precisão o ângulo de torção e enviavam as informações para o console para que o game reproduzisse os movimentos.

O NeGCon foi lançado em 1º de janeiro de 1995 e foi muito elogiado pelo design criativo, pela boa qualidade de construlção, e pela responsividade e precisão do controle. Todos os jogos de corrida da Namco lançados para o PlayStation a partir daquela data ofereciam suporte ao NeGCon, bem como outros títulos de outras empresas, como Gran Turismo, Wipeout e Destruction Derby.

O Jogcon foi uma espécie de evolução do conceito, adotando um formato mais tradicional e intuitivo – algo que foi conseguido com sucesso ao adotar o já citado dial. Com cerca de sete centímetros de diâmetro e um pequeno recesso na face, o elemento podia ser controlado apenas com o polegar. O controle podia ser usado normalmente ao toque de um botão acima do logo do PlayStation, da mesma forma em que se ativava ou desativava o modo analógico do DualShock.

O diferencial do Jogcon era que havia um pequeno motor elétrico que gerava resistência ao movimento de acordo com as ações do jogo – podendo simular até mesmo torque steer e variando o peso do dial dependendo da situação. E funcionava perfeitamente: a promessa da Namco de que, com a maior sensibilidade do controle, os jogadores conseguiriam tempos de volta menores em games como V-Rally 2 e Ridge Racer Type 4 mostrou-se verdadeira.

Mas havia um problema simples, perceptível só de olhar para o Jogcon: ele era muito desconfortável de usar – ergonomia não era seu forte, apesar da eficiência. E também não era muito barato.

Tanto o NeGCon quanto o Jogcon acabaram entrando para posteridade como duas curiosidades de uma época na qual a indústria de games era bem mais ousada do que hoje – ao ponto de oferecer soluções para problemas que tecnicamente não existiam. Quem procurava uma experiência de corrida mais autêntica, naquela época, recorria a simuladores de computador e a volantes tradicionais, não muito diferente do que acontece hoje.

Apesar disto, eles se tornaram cobiçados entre os colecionadores – especialmente o Jogcon, que pode ser encontrado novo, na caixa, por mais de US$ 150 (cerca de R$ 640) no mercado de itens de coleção. O NegCon, mais comum, pode ser achado por US$ 60 (cerca de R$ 260).