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Car Culture

NISMO Stars: os carros mais icônicos da Nissan Motorsport nas pistas e nas ruas

Nesta semana, começamos a contar a história da evolução do Nissan GT-R — de suas raízes como Prince Skyline à criação do atual monstro com motor V6 biturbo e tração integral. Temos uma boa razão para ter feito isto: em setembro — mais precisamente, no dia 17 — faz exatamente 30 anos que a Nissan Motorsport International Limited, ou simplesmente Nismo, foi fundada.

Sendo assim, hoje vamos falar um pouco da história da divisão de automobilismo da Nissan, que acabou tornando-se, também, sua preparadora in-house, como a AMG é para a Mercedes ou a divisão M para a BMW.

A Nismo surgiu da fusão de duas divisões distintas que a Nissan mantinha desde a década de 1950: a Publication Division 3, que atendia a donos de equipes independentes, e a Special Car Testing Division, que tomava conta da equipe de fábrica no automobilismo. Na década de 1980, o maior objetivo da Nissan era ter carros competitivos nas categorias de turismo do Japão — e o fez, desenvolvendo versões de corrida do Skyline R32 que venceram virtualmente todas as corridas das quais participaram.

O sucesso do R32 nas corridas acabou inspirando a volta do Skyline GT-R para as ruas em 1989. Sendo assim, não demorou para que a Nismo lançasse algumas edições especiais para as ruas. Para dar mais detalhes desta história, vamos usar alguns dos carros mais importantes que tiveram o envolvimento da Nismo em sua criação.

 

Nissan Skyline GT-R R32

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Embora a Nismo tenha sido criada em 1984, foi 1990 o ano em que um carro preparado pela divisão se tornou um vencedor absoluto — o Skyline R32, que substituía o defasado R31 GTS-R no Grupo A da FIA, onde competia no Japanese Touring Car Championship. De 1990 a 1993, o GT-R R32 Calsonic venceu 29 das 29 corridas nas quais competiu — na categoria acima dos 4.500 cm³, visto que o deslocamento de 2,6 litros de seu motor seis-em-linha biturbo de até 650 cv era multiplicado por 1,7, por exigência das regras.

Mas o Skyline era tão superior a seus adversários que começou a sofrer punições — quase sempre a adição de um lastro para aumentar o peso do carro e tentar deixar as coisas um pouco mais justas. Para se ter uma ideia dessa superioridade, em 1993 o grid do JTCC se resumia a 16 exemplares do R32 em uma batalha que dezenas de milhares de pessoas pagavam para assistir.

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Mas isto só falando do Japão: o GT-R R32 competiu em corridas de longa duração na Europa, como as 24 Horas de Spa, ao lado de nomes como BMW M3 e Ford Sierra Cosworth; e na Austrália, dividindo o asfalto com os eternios rivais Holden Monaro e Ford Falcon na Bathurst 1000. Depois de três vitórias consecutivas em Bathurst, a imprensa australiana sacou o apeio pelo qual conhecemos o Nissan GT-R: Godzilla — o monstro que veio do Japão destruindo tudo e todos.

 

Nissan R90C

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Paralelamente ao Skyline, a Nismo  foi a responsável pelo retorno da Nissan aos protótipos Le Mans em 1986, o Nissan R85V, que deu origem a uma sequência de modelos crescente (R86V, R87V, R88 V/C e R89), mas foi só em 1990 que os resultados mais expressivos começaram a aparecer. E, por expressivos, estamos falando de três títulos no campeonato japonês de esporte-protótipos, o JSPC (1990-1992), que seguia as regras do Grupo C da FIA. Em 1990, o R90CP venceu três das seis etapas da temporada e ficou à frente do Porsche 962C, um de seus maiores rivais — situação que se repetiu nos dois anos seguintes.

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Fora do Japão, o R90C se chamava R90CK. Ele conseguiu a proeza de ser o mais rápido na reta Mulsanne do circuito de La Sarthe depois da instalação das chicanes ao atingir 366 km/h nas 24 Horas de Le Mans de 1990, além de ser o vencedor de sua categoria (e segundo colocado na classificação geral) nas 24 Horas de Daytona. O motor, um V8 de 3,5 litros biturbo, entregava cerca de 900 cv nas corridas, e mais de 1.100 cv nos treinos de classificação. Nos anos seguintes, o R90C daria origem a outros dois protótipos, o R91 e o R92, com leves modificações aerodinâmicas.

 

Nissan Skyline GT-R LM

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Em 1995 a Nissan decidiu que, em vez de um protótipo, levaria o GT-R usado no Campeonato Japonês de Turismo para correr nas 24 Horas de Le Mans. O resultado foi o Skyline GT-R R33 LM (de Le Mans), equipado com uma versão de 400 cv do seis-em-linha biturbo RB26DETT. O Skyline largou na 34ª posição, mas ao longo da corrida ultrapassou quase todo o grid (incluindo a Ferrari F40) e terminou em quinto, atrás de quatro McLaren F1.

O bom desempenho do GT-R LM encorajou a Nissan a voltar a La Sarthe no ano seguinte e, desta vez, a companhia encomendou à Nismo uma versão ainda mais potente do motor — com deslocamento aumentado para 2,8 litros e potência próxima dos 600 cv. Eram dois carros, e seu desempenho estava ainda melhor. Contudo, os concorrentes fizeram a lição de casa e o nível da competição estava muito mais alto, com os intimidadores Porsche 911 GT1, McLaren F1 GTR e Viper GTSR compondo o grid.

Um dos Skyline sofreu um acidente na volta 209 e deixou a corrida, enquanto o outro carro conseguiu um 15º lugar na classificação geral e 10º na categoria GT1.

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Para homologar o Skyline GT-R LM, a Nissan precisou construir apenas um exemplar da versão legalizada para as ruas, cujo motor entrega 291 cv e leva a força apenas para as rodas traseiras.

 

Nissan R390 GT1

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Este com certeza tem um lugar todo especial na memória de quem jogava Gran Turismo 2: o R390 GT1, protótipo criado para das 24 Horas de Le Mans de 1997 e 1998. Como foi feito para a categoria de turismo, a exigência do regulamento era que uma versão de rua fosse construída e homologada — e esta foi desenvolvida primeiro. Só era preciso um exemplar, mas Nissan construiu dois deles.

O R390 GT1 de competição foi desenvolvido em parceria com a Tom Walkinshaw Racing, e era movido por um V8 biturbo de 3,5 litros e aproximadamente 640 cv (a versão de rua tinha “apenas” 550 cv).

A parceria com a TWR trouxe certas semelhanças com carros da Jaguar. Primeiro, o visual do carro ficou a cargo de ninguém menos que Ian Callum, designer-chefe da marca britânica — e, por isso, lembra muito o supercarro XJR-15. Segundo, vários componentes eram compartilhados com antigos protótipos da Jaguar — como o cockpit, que era bastante semelhante ao do XJR-9 que venceu a corrida em 1988.

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Na estreia em 1997, o R390 GT1 mostrou-se muito rápido, tendo um dos três exemplares se classificado para largar em 4º no grid (2º na categoria GT1), enquanto os outros dois ficaram com os 12º e 21º lugares. Contudo, apenas um dos carros terminou a corrida, em 12º — os outros dois sucumbiram a problemas no câmbio e abandonaram a prova na metade.

No ano seguinte, a Nissan colocou quatro exemplares na pista, com melhorias na aerodinâmica e no câmbio. Desta vez, todos os carros terminaram a corrida — e muito bem, diga-se: o R390 GT1 ficou com os 3º, 5º, 6º e 10º colocações, derrotados apenas pelo Porsche 911 GT1.

 

Nismo 400R

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Como já dissemos, a Nismo também começou a criar versões especiais dos modelos de rua da Nissan. Um dos primeiros foi o Nismo 400R, baseado no Skyline GT-R R33 mas com um novo kit aerodinâmico com asa traseira de fibra de carbono, suspensão mais rígida e 30mm mais baixa, freios mais potentes e controles eletrônicos recalibrados. As rodas eram de 18×10 polegadas, muito parecidas com a dos Skyline GT-R que competiram em Le Mans.

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O motor era uma versão de cilindrada ampliada do RB26DETT. Com curso de 77,7 mm e diâmetro dos cilindros de 87 mm (contra os 73,7 mm e 86 mm originais, respectivamente) garantiam um deslocamento de 2,771 cm³, ou 2,8 litros. O novo motor, batizado de RBX-GT2, produzia 400 cv a 6.800 rpm e 48,7 mkgf de torque a 4.400 rpm, o bastante para chegar aos 318 km/h e ir de 0 a 100 km/h em cerca de quatro segundos — além de se tornar o Skyline de rua mais potente do mundo na época.

O plano da Nismo era produzir 99 unidades, mas a divisão só teve tempo de concluir a fabricação de 44 carros antes do fim da produção do R33, em 1998.

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Nissan Skyline GT-R R34 Z-Tune

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Há 10 anos a Nismo comemorava seu 20º aniversário e, para celebrar, criou o Nissan Skyline GT-R R34 Z-Tune, edição especial limitada a apenas 20 unidades que também usava uma versão de 2,8 litros do RB26DETT — desta vez, batizada de RB28DETT e dotada de componentes dos motores dos carros de competição, como os GT-R LM.

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Sendo assim, comando de válvulas mais agressivo, pistões e bielas forjadas, um coletor de admissão de maior fluxo e turbocompressores maiores garantiam a potência de “mais de 500 cv” e o torque de 55 mkgf — suficiente para que o Z-Tune se tomasse o posto do Nismo 400R como Skyline de fábrica mais potente do mundo (legalizado para as ruas, claro), além de chegar aos 100 km/h em 3,8 segundos com máxima limitada a 250 km/h.

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Um dos aspectos mais legais do Z-Tune é sua construção essencialmente artesanal — cada um dos 20 carros foi feito com base em um GT-R R34 usado, pois o modelo já havia saído de linha havia dois anos. A Nismo comprou 20 Skyline GT-R R34 em bom estado, com menos de 60 mil km rodados, os desmontou totalmente e os reconstruiu aplicando os devidos reforços estruturais — na forma de soldas e componentes de fibra de carbono — além de modificar totalmente a suspensão, o câmbio e os freios — que eram da Brembo, com discos de 365 mm e pinças de seis pistões na dianteira, e de 355 mm com pinças de quatro pistões na traseira.

Os carros foram todos pintados na cor exclusiva “Z-Tuner Silver” e receberam rodas pretas da RAYS, desenvolvidas especialmente para o modelo, de 18×9,5 polegadas. Os pneus são Bridgestone Potenza, de medidas 265/35, também feitos especialmente para o Skyline GT-R R34 Z-Tune.