É bem comum que um certo modelo tenha nomes diferentes em países diferentes e até mesmo em anos-modelo diferentes — caso do Fiat Weekend, que não é mais Palio Weekend, ou do Renault Grand Tour, que perdeu o Megane nos últimos anos de produção. Na verdade são tantos exemplos que até fizemos um post sobre isso.
Mas igualmente comum é encontrar carros diferentes com o mesmo nome. Na semana passada vimos oito exemplos de xarás automotivos na primeira parte da lista. Agora chegou a hora da segunda parte, que conta com as sugestões dos leitores.
Volkswagen Pointer
Nos anos 1990, quando Volkswagen e Ford juntaram-se para formar a Autolatina, a parceria rendeu aos alemães dois modelos baseados no Escort: um sedã de duas portas e um hatch de quatro portas. O hatch era o Volkswagen Pointer, que ganhou o nome da versão esportiva do Passat nacional — talvez por sua traseira fastback — e teve até versão GTi, com direito a bancos Recaro e teto solar.
Mas se você falar em Volkswagen Pointer no México, as pessoas pensarão que você está se referindo ao Gol de segunda geração. Em 1997, quando o “bolinha” foi lançado por lá, a Volkswagen decidiu usar o nome Pointer, que havia sido abandonado na América do Sul um ano antes, com o fim do modelo e da parceria com a Ford.
Além do Gol, a Volkswagen também levou a Parati e a Saveiro, que foram batizados de Pointer Station Wagon e Pointer Pickup. O nome foi usado por oito anos, até 2008, quando a Volkswagen lançou a terceira geração do Gol com o mesmo nome que consagrou o modelo por aqui.
Ford Fusion
Em 2006 a Ford americana lançou o sucessor do Contour depois de um hiato de quase seis anos. Diferentemente do seu antecessor, o Fusion não era uma variação do Mondeo europeu, e sim um modelo totalmente novo baseado na plataforma CD3 da Ford, também usada no Mazda 6 da época.
Embora fosse diferente do Mondeo, que continuou vendido na Europa, seu nome já era bem familiar aos europeus. O Ford Fusion do Velho Mundo era um crossover compacto baseado no Fiesta de sexta geração — uma espécie de EcoSport europeu, porém com visual mais próximo do hatchback e sem o estepe pendurado na traseira.
Ferrari Testarossa
Já falamos dezenas de vezes da Ferrari Testarossa, de forma que é quase impossível não soarmos repetitivos. O que nunca falamos é que Testarossa era o nome de outro modelo da Ferrari, produzido entre 1957 e 1958, com apenas 34 exemplares.
Na verdade, o nome completo do carro era 250 Testa Rossa, assim separado mesmo. A origem do nome a mesma do carro de 1984: as tampas de válvulas pintadas de vermelho. “Testa” é a palavra italiana para cabeça e também para os cabeçotes do motor, enquanto “rossa” é a cor vermelha, daí o nome Testa Rossa. No modelo de 1984 o nome foi grafado sem espaço como forma de diferenciar da 250 Testa Rossa.
Jeep Renegade
O crossover pernambucano da Jeep tem o mesmo nome de uma versão do Jeep CJ5, produzida entre 1970 e 1971. Ela tinha motor V6, bancos dianteiros individuais e um banco traseiro inteiriço, santantônio, chassi reforçado, suspensão heavy-duty, diferencial blocante, skidplate, estepe pendurado na traseira, rodas 15×8 pintadas de branco e faixas pretas nas laterais do capô. Não há um número exato de produção, mas estima-se que foram feitas entre 250 e 500 unidades, todas pintadas de Wild Plum (roxo) ou Mint Green (verde).
Em 1971 veio o Renegade II, com rodas de liga leve pintadas de branco, uma faixa preta no centro do capô e uma nova paleta de cores, que passou a ter um tom de amarelo e dois tons de laranja além do verde. Ele também podia ser equipado com o V8 de cinco litros da AMC e o diferencial Trac-Lok, com deslizamento limitado.
Chevrolet Cobalt
Um dos Chevrolet preferidos dos taxistas chegou ao mercado brasileiro em 2011 como substituto do Astra (e mais tarde do Corsa Sedan), porém não tem nenhuma relação com o modelo que foi oferecido nos EUA entre 2004 e 2010.
Enquanto o nosso Cobalt é baseado no Aveo, de origem coreana, o Cobalt americano era baseado na plataforma Delta, adotada apenas em modelos americanos, como o Chevrolet HHR. Ele foi oferecido como cupê e sedã de quatro portas, e teve até uma versão SS que fazia jus à sigla com um motor Ecotec 2.0 turbo de 260 cv.
Volkswagen Vento
Desde os anos 1970 a Volkswagen usa nome de ventos para batizar seus carros, então é compreensível que ela tenha batizado alguns de seus carros com o próprio nome “Vento”.
O primeiro deles foi a terceira geração do Jetta na Europa, produzida entre 1992 e 1999. Depois, os Jetta de quinta e sexta geração foram rebatizados como Vento na Argentina e Uruguai, pois a sonoridade do nome “Jetta” é muito próxima de “yeta”, que significa “má sorte”.
Embora sejam carros tecnicamente diferentes, estamos falando de um mesmo modelo em gerações diferentes, o que não os qualificaria para esta lista. Contudo, Volkswagen Vento é o nome de um outro carro que não tem nada a ver com os Jetta além do logotipo na grade e o formato de sedã.
O Vento é uma espécie de Polo sedã alongado para proporcionar mais espaço no banco traseiro. É um típico sedã médio de baixo custo (como Cobalt e Logan), e por isso é oferecido em mercados emergentes, como o México e a Índia, com os motores 1.2 TSI e 1.6 MPI, além de uma versão a diesel também de 1,6 litro.
Maserati Ghibli
A Wikipedia em português diz que o Maserati Ghibli é um modelo com três gerações distintas, mas na realidade tratam-se de três carros completamente diferentes. O primeiro deles era um grã-turismo produzido entre 1967 e 1973 em forma de cupê 2+2 ou roadster, sempre com um motor V8 aspirado — um 4.7 de 310 cv na versão base, e um 4.9 de 335 cv na SS. Em 1974 ele foi substituído pelo Khamsin.
O segundo Ghibli foi lançado em 1992, e era um cupê de quatro lugares equipado com dois tipos diferentes de V6 biturbo (um 2.0 de 306 ou 330 cv e um 2.8 de 284 cv). O visual tinha as linhas retas típicas da Maserati nos anos 1970, 1980 e 1990, mais conhecidas no Biturbo e no Quattroporte, e ele foi produzido até 1998, quando foi substituído pelo 3200GT — o que faz dele o bisavô do atual GranTurismo. Impressionante, não?
Já o terceiro Ghibli é um sedã médio-grande de quatro portas, lançado em 2013, novamente com um V6 biturbo, mas agora projetado pela Maserati e fabricado pela Ferrari, e com dois níveis de potência: 350 cv e 410 cv.
Não viu a primeira parte? Clique aqui para ler.