Segundo o ditado popular, o que separa os meninos dos homens é o tamanho de seus brinquedos. Nos 365 dias do ano o FlatOut fala sobre os brinquedos grandes (e grandes brinquedos) dos homens. Mas como o dia das crianças está aí, batendo à nossa porta, decidimos relembrar alguns brinquedos pequenos, que divertiam os homens de hoje quando eles eram meninos.
Eles provavelmente foram a primeira garagem dos sonhos de todo entusiasta brasileiro — e seu apetite voraz por pilhas e baterias foi a origem de nossas primeiras preocupações com consumo e eficiência energética. Foi com eles que aprendemos alguns conceitos básicos de tração, frenagem, aderência, potência e velocidade. E provavelmente foi por causa deles que você hoje está aqui lendo o FlatOut e curtindo carros.
Stratus
Foi o primeiro carro de controle remoto da Estrela. Lançado em 1979, ele era uma réplica exata do Lancia Stratos de rali com a pintura da Alitalia — mais tarde o brinquedo recebeu decorações diferentes, com patrocinadores brasileiros. Era o único carro de controle remoto de sua época com sistema de sete posições e marcha à ré automática.
Havia duas opções de cores, branco e vermelho, que tinham frequências diferentes para não haver interferência caso fossem usados juntos. Um de seus principais recursos eram os farois escamoteáveis que se levantavam e acendiam e o ronco de motor. O Stratus foi produzido até setembro de 1983, quando foi substituído pelo Pegasus.
Pégasus
O Pégasus foi o primeiro de uma série de três carrinhos de controle remoto lançada pela Estrela nos anos 1980 — mais exatamente em setembro de 1983 (e produzido até junho de 1989). Era uma réplica do BMW M1 Procar e tinha duas versões: prata e ouro, que eram as cores da carroceria. O controle tinha alcance de impressionantes 30 metros e o carro piscava as setas de acordo com a direção que virava.
A velocidade chegava aos 20 km/h… se as pilhas fossem alcalinas e estivessem novinhas. O desgaste das pilhas, aliás, não era apenas o terror dos sábados à tarde da criançada, mas também do bolso dos pais: o Pégasus usava cinco pilhas D no carrinho e seis pilhas AA no controle.
Colossus
Depois do Pegasus a Estrela lançou o Colossus em maio de 1984. Era uma picape GMC Sierra Grande inspirada na picape do seriado “Duro na Queda” (The Fall Guy) que fazia sucesso na época. Como seu nome sugere, o carro era colossal: tinha quase dois quilos e podia levar outros brinquedos na caçamba. O controle remoto era parecido com o do Pegasus, mas usava antena telescópica e tinha um botão para acender os faróis.
Seu maior atrativo era a tração 4×4, que podia ser ativada por um botão embaixo do carro — a um custo caro: com dois motores sugando a energia das pilhas, não demorava muito para esgotar as cinco pilhas D usadas para mover as rodas. Os faróis ainda usavam duas pilhas AA que também acabavam rapidinho se você os deixasse acessos durante toda a brincadeira. O Colossus deixou de ser fabricado em agosto de 1990.
Maximus
Foi o quarto carrinho de controle remoto da Estrela e o último da série dos anos 1980. Lançado em setembro de 1986, era um bugue estilo Baja e era um projeto original japonês. Sua principal diferença em relação aos antecessores é que ele já não usava as pesadas pilhas D para mover seu motor, mas sim uma bateria recarregável de 7,2 volts. O controle precisava de outras seis pilhas AA.
O Maximus tinha duas opções de cores, vermelho e prata, que tinham frequências diferentes para impedir interferências quando juntos. A tração era traseira e usava suspensão por mola central, enquanto a dianteira usava duas molas helicoidais independentes. Os pneus também eram diferentes: slick na frente e biscoito na traseira. Com piso seco e bateria cheia, o Maximus chegava aos 25 km/h e poderia ficar a até 30 metros de distância de seu controlador. A produção original do Maximus foi encerrada em 1990, mas ele continua produzido até hoje com uma série de modificações no visual e em sua eletrônica.
Jamanta Comando Eletrônico
Foto: AutoBlog.net.br
Foi o primeiro carrinho (ou caminhãozinho) da Estrela com controles de direção eletrônicos. Lançado em maio de 1975, ele era um caminhão cegonha que transportava quatro modelos nacionais bastante populares na época: um VW Passat amarelo, um Puma GT vermelho, um Ford Maverick verde e um Chevette branco. Curiosamente, o Chevette não era inspirado no original da GM, e sim em uma das preparações da Envemo.
Foto: AutoBlog.net.br
As direções do caminhão eram selecionadas por meio de seis botões no teto da cabine, que precisava de apenas duas pilhas C.
O Jamanta foi produzido até 1979 e depois produzido entre 1984 e 1990 sem nenhuma alteração.
Bate e Volta/Vai e Volta
Foto: Fred Cunha News
Como seus nomes sugerem, os carrinhos Bate e Volta e Vai e Volta eram uma série de carrinhos da Estrela e da Glasslite, respectivamente, que voltavam sozinhos para o ponto de onde foram lançados. Os modelos Bate e Volta da Estrela eram elétricos, e precisavam de duas pilhas D. Lançados em 1978, foram os primeiros modelos do tipo e andavam em linha reta até bater em um obstáculo. Quando isso acontecia o sistema direcional girava e o carrinho mudava de direção para seguir em movimento.
O Monza era um dos prêmios do Bozo!
Em sua primeira versão o modelo era uma réplica do Fusca, e era oferecido nas versões Sedan, Camping, Polícia, Pronto Socorro e Bombeiros. Depois veio o Fiat 147 em 1981, e o Chevrolet Monza em 1984 — ambos eram oferecidos como Bombeiro, Ambulância e Polícia Rodoviária.
Mais tarde vieram os modelos Vai e Volta. O sistema era bem mais simples, porém dispensava pilhas. O carrinho tinha um eixo dianteiro rotativo de 180 graus. Você lançava o carrinho para longe e o movimento das rodas carregava um sistema de corda que girava o eixo ao contrário para trazer o carrinho de volta ao lançador.
O Vai e Volta teve duas versões: a primeira era um Mazda RX7 FB, do início dos anos 1980, e era oferecido em azul, amarelo e vermelho. Depois houve uma versão picape cujo modelo não identificamos. Mais tarde o Vai e Volta virou um Camaro de terceira geração também oferecido nas mesmas cores.
Trombada
Se você teve um desse certamente irá lembrar do cheiro da borracha que formava a dianteira desse carrinho que batia e deformava. Ele também foi produzido pela Estrela durante os anos 1980 e dispensava pilhas. Era uma réplica do Dodge Daytona Turbo Z dos anos 1980, e seu funcionamento era bastante simples: ao bater com alguma força em qualquer obstáculo firme, sua dianteira se retraía, e as portas se abriam, simulando um acidente de verdade. Para arrumar, bastava abaixar a tampa do porta-malas que a frente se consertava.
Pé-na-Tábua
O Pé-na-Tábua foi um dos brinquedos produzidos por mais tempo sem grandes alterações. Lançado no início dos anos 1970 para aproveitar o sucesso de Emerson Fittipaldi na Fórmula 1, ele foi produzido até meados da década passada, quando Felipe Massa estava em seu auge na Ferrari.
Trata-se de um carrinho de Fórmula 1 movido por um fole que, ao ser pisado, empurra o carrinho para a frente. Nos anos 1970 o Pé-na-Tábua era um Lotus 72D John Player Special e uma Ferrari 312. Ao longo dos anos o carrinho foi mudando de acordo com os pilotos brasileiros de destaque na Fórmula 1: Brabham-Alfa Romeo com as cores da Parmalat, Lotus Camel, McLaren Marlboro etc.
Aquamóvel
Em meados dos anos 1980 a Estrela substituiu os modelos Bate e Volta por um novo brinquedo: o Aquamóvel. Como seu nome sugere, ele era um carrinho movido a água, mais exatamente um Ford Corcel II. Ele era oferecido em três versões: ambulância, bombeiro e polícia rodoviária. Para movê-lo bastava completar seu tanque com água usando um mini-recipiente fornecido junto com o carrinho.
O sistema era simples: movido por duas pilhas D, o circuito usava a água do reservatório como condutora para fechar o circuito elétrico.
Anfibius
Outro brinquedo da Estrela terminado em “us”, o Anfibius era um Corvette C4 monster truck que podia andar dentro da água, apesar de usar pilhas. Suas rodas gigantes faziam ele passar sobre diversos obstáculos como bordas de tapetes, fios elétricos ou cabos de vassoura.
Quando entrava em poças seus escapes laterais disparavam jatos de água para o alto. Foi lançado em 1989, mas não ficou muito tempo em produção.
Elastikon
Este é um dos menos lembrados, porém um dos mais elaborados carrinhos elétricos da Estrela dos anos 1980. O Elastikon não é inspirado em nenhum carro real, bem como suas rodas de largura variável.
O conceito era bem interessante: com pista lisa seus pneus eram largos e planos. Quando o carrinho encontrava resistência de um obstáculo qualquer que impedisse suas rodas de girar, uma engrenagem secundária afinava suas rodas (que tinham formato telescópico), fazendo com que os pneus ganhassem uma forma que dava maior tração ao carrinho, podendo assim transpor os obstáculos. Foi lançado na mesma época que o Anfibius.
Dragão
Outro carrinho da série do Anfibius e do Elastikon era o Dragão, um monster truck de seis eixos independentes e dois motores V8 capaz de subir escadas ou qualquer outro obstáculo como nenhum outro carrinho elétrico anterior a ele.
Foi lançado em 1987 e, como o Elastikon, era operado por uma alavanca na traseira que selecionava a marcha à frente ou à ré.
No vídeo acima ele aparece em uma corrida com o Ponte Car, que era outro modelo capaz de transpor obstáculos, mas usava um sistema de ponteamento em vez de rodas tratoras. Como se vê no vídeo, ele passava sobre sua ponte mesmo sem obstáculos e era mais limitado em tração e altura que o Dragão.
Tomy Racing Cockpit/Turbo Drive
Um dos grandes brinquedos entusiastas dos anos 1980 foi o Tomy Racing Cockpit, vendido no Brasil a partir de 1991 pela Tec Toy com o nome Turbo Drive. Trata-se de um cockpit totalmente analógico com uma tela de projeção que exibe uma pista circular retroiluminada onde você precisa dirigir o carrinho sem bater ou sair da pista.
O câmbio à direita é, na verdade, o seletor de velocidade e o volante tem uma ligação mecânica direta com o carrinho exibido na tela. O brinquedo foi lançado em 1986 no Japão e logo ganhou o mundo. Usava quatro pilhas D e na parte de trás (ou da frente) lembrava vagamente um Porsche 911.
Havia ainda uma versão mais simples, o Video Driver Junior, que não tinha painel de instrumentos e o carrinho ficava fixo na tela mesmo com o brinquedo desligado. O funcionamento era o mesmo, mas o câmbio tinha apenas duas velocidades.