O SEMA Show é o maior evento de carros preparados e componentes aftermarket do planeta. E, por isto mesmo, acaba sendo o local escolhido pelas fabricantes para apresentar alguns project cars que, de fato, não cairiam muito bem em um Salão do Automóvel comum — como os que acontecem todos os anos em Frankfurt, Paris ou Genebra.
Em que outro lugar, por exemplo, a gente veria um Chevrolet Nova 1967 todo restaurado, transformado em hot rod e equipado com um… quatro-cilindros turbo?
Calma! Vamos dar um tempo para você absorver o que acabou de ler. Pronto? Ótimo.
Pois sim, um dos destaques da Chevrolet no SEMA Show deste ano foi um muscle car com quatro cilindros a menos. O Nova começou a ser montado ainda no início deste ano, e foi criado para promover a mais recente adição à linha de crate engines da Chevrolet Performance: o 2.0 Turbo LTG. Com comando duplo no cabeçote, injeção direta de combustível e, claro, um turbocompressor, o motor entrega 276 cv a 5.500 rpm, com 40,8 mkgf de torque a 3.000 rpm — com 90% deste torque disponíveis já às 1.700 rpm.
É o tipo de motor que a gente imagina em um hot hatch ou outro carro menor (se você não imaginou um Chevettinho com este 2.0 turbo debaixo do capô, você tem problemas, cara), mas em um clássico americano com motor V8?
A Chevrolet se justifica dizendo que a potência do quatro-cilindros é comparável à do V8 que movia o Nova SS em 1967, que deslocava 5,3 litros (327 pol³) e entregava 277 cv. O resultado era um carro capaz de chegar aos 100 km/h em 6,5 segundos. Com quatro cilindros a menos, o restomod faz o mesmo em 6,2 segundos. O motor está disponível completo, na Chevrolet Performance americana, que também disponibiliza a transmissão manual de seis marchas usada no projeto e todos os componentes necessários para a instalação.
Se a mecânica downsized é irremediavelmente moderna, o visual do Nova LTG se deixa influenciar muito mais pelo estilo dos hot rods do passado — sem, no entanto, ser totalmente old school. A carroceria foi alisada e recebeu uma boa dose de detalhes cromados, mas as rodas de 17” são iguais às do atual Camaro Z/28. A suspensão é ajustável a ar nas quatro rodas, garantindo o stance colado no chão quando é hora de posar para fotos.
Não vamos emitir uma opinião a respeito — vamos passar a bola para vocês. De qualquer forma, a Chevrolet não deixou aqueles que fazem questão de um V8 chupando o dedo.
O outro restomod que a fabricante levou para o SEMA traz os devidos oito cilindros debaixo do capô: um Camaro 1970, de segunda geração, equipado com o mesmo V8 supercharged do Corvette Z06. O motor de 6,2 litros entrega 659 cv a 6.400 rpm e 89,8 mkgf de torque a 3.600 rpm. A Chevrolet não deu especificações técnicas mas, considerando que o Corvette Z06 leva 3,5 segundos para acelerar até os 100 km/h, dá para imaginar o quanto este restomod é rápido.
Naturalmente, o motor não foi a única modificação: por baixo da carroceria azul Hyper Blue (disponível para o Camaro 2016), o carro traz suspensão dianteira com amortecedores ajustáveis do tipo coilover e four-link na traseira. As rodas são de 19 polegadas com acabamento de alumínio polido, e abrigam os freios do Corvette Z06.
O interior foi mantido com aspecto quase original — apenas os bancos vieram de um Chevrolet Camaro de terceira geração e o cluster recebeu novos instrumentos, compatíveis com o motor mais moderno.
O Camaro atual também teve vez no estande. Para começar, a Chevrolet aproveitou o SEMA para mostrar o novo Camaro COPO 2016, o versão de arrancada de fábrica do muscle car.
Feito para as categorias Stock e Super Stock Eliminator da NHRA (National Hot Rod Association, responsável pelos principais eventos de arrancada dos EUA), o COPO Camaro 2016 traz diversos reforços estruturais na carroceria, que também usa materiais mais leves para reduzir 60,5 kg na balança quando comparada a uma carroceria de produção seriada. A Chevrolet diz também que a rigidez estrutural é 28% maior.
O carro vermelho em exposição no SEMA foi equipado com um motor V8 de 3,5 litros com supercharger Whipple de 2,9 litros. No entanto, a exemplo do COPO Camaro atual, a versão de produção contará com algumas opções diferentes de motor, compatíveis com diferentes categorias de arrancada. Em todos os casos, a transmissão é uma robusta Turbo 400, automática de três velocidades.
E o trabalho de preparação para a dragstrip foi completo: o carro em exposição tem pára-quedas, gaiola de cromo-molibdênio, bancos concha, cintos de cinco pontos e pneus de arrancada Goodyear calçando um jogo de rodas Weld.
Além do COPO Camaro 2016, a fabricante também apresentou alguns conceitos inspirados na nova geração do Camaro. O primeiro deles é o Camaro Krypton, que não foi inspirado pela fraqueza do Super-Homem, mas sim pelo gás nobre criptônio, que é usado na fabricação de materiais fluorescentes.
A tinta verde usada na carroceria, que leva criptônio em sua composição, é eletroluminescente — ela emite uma luz intensa ao sofrer uma leve descarga elétrica, que pode ser aplicada ao toque de um botão.
O Camaro Black é exatamente como o nome diz. De acordo com a Chevrolet, carros pretos com todos os detalhes de acabamento escurecidos são bastante populares entre os donos do Camaro de quinta geração, e eles quiseram “ser os primeiros a mostrar como fica no novo Gen Six”.
A carroceria é pintada de preto Mosaic Black Metallic, com as rodas de 20 polegadas, os emblemas e as entradas de ar devidamente escurecidos, bem como os detalhes do volante e do painel.
O único toque de cor são as luzes de LED vermelhas ao redor dos faróis. O carro também recebeu novos coletores de admissão e escape, freios maiores e suspensão ligeiramente mais baixa.
Já o Camaro Chevrolet Performance usa como base o novo SS e seu V8 LT1 de 6,2 litros 461 cv e adiciona diversos itens de preparação e personalização disponíveis no catálogo: suspensão rebaixada (com um kit oferecido pela própria Chevrolet) e freios Brembo; lanternas traseiras escurecidas, spoiler do tipo lip e grafismos vermelhos sobre a carroceria branca Summit White.
Agora, se o seu negócio são mesmo as grandes picapes americanas, a Chevrolet levou para o SEMA a picape grande mais americana que você já viu na vida: uma Silverado HD 3500 personalizada pelo músico Kid Rock, que faz uma mistura curiosa de rock sulista e hip hop.
A picape é uma dually (traz rodado duplo na traseira) equipada com um V8 Duramax turbodiesel de 6,6 litros, 402 cv e insanos 109 mkgf de torque e, de acordo com a Chevrolet, foi inspirada pela música Born Free, na qual Kid Rock homenageia os trabalhadores americanos. Isto explica a bandeira americana nas portas. Bem, na verdade isto não precisa de explicação, não é?
A Silverado também traz rodas cromadas de 22 polegadas, grade cromada, estribos cromados, saídas de escape cromadas e vidros cromados escurecidos, além de emblemas “Born Free” e adesivos que dizem “Kid Rock”. O rapper-hillbilly diz que queria “um visual ousado, porém usando itens que fossem acessíveis aos caras da classe trabalhadora”.