Se hoje o Porsche 911 ainda existe, agradeça ao Cayenne. Foi o SUV lançado em 2003 que segurou as pontas em Stuttgart e permitiu que a companhia seguisse investindo pesado no desenvolvimento de seu esportivo. Sem o Cayenne, talvez o Porsche 911 não fosse tão bom quanto hoje.
Isso porque o Cayenne é o carro-chefe da Porsche, financeiramente falando: enquanto o Porsche 911 levou mais de 50 anos para vender 1.000.000 de unidades, o Cayenne vendeu 760.000 exemplares desde 2002. Sendo assim, é natural que a Porsche tenha dado tanta atenção à terceira geração do SUV – que está “mais Porsche do que nunca”, segundo a própria Porsche.
A primeira coisa que chama a atenção ao olhar o novo Cayenne é sua postura. O carro não tem mais proporções típicas de um SUV, lembrando bastante uma perua mais alta e robusta. Talvez um Panamera Sport Turismo anabolizado, especialmente pelo formato dos faróis, das lanternas e da linha do teto, que ficou mais suave e baixa. A dianteira também ficou mais afilada como um todo, o que definitivamente amplifica o caráter esportivo da nova estética do Cayenne. Há quem diga que ele ficou parecido demais com o Macan, seu irmão menor, mas isto tudo é uma questão de identidade de marca. Para nós, a mudança de personalidade fez bem ao Cayenne.
E a transformação foi profunda. Para começar, o Cayenne ficou mais comprido, passando a 4,92 metros em vez de 4,84 metros. Já o entre-eixos permaneceu em 2,89 metros – o que talvez ajude a explicar por que o Cayenne fica melhor com os pneus mais gordos da versão básica. Com isto, o espaço para bagagem aumentou em 15%.
Por outro lado, a Porsche diz que o novo Cayenne pode ser até 64 kg mais leve que a geração anterior, dependendo da versão. Sozinha, a bateria polímero de lítio é responsável por dez quilos a menos. A fabricante ainda diz que a carroceria é “quase inteiramente feita de alumínio”, assim como o assoalho, a seção frontal e “virtualmente todos os componentes estruturais”.
Dizendo assim, 64 kg a menos até parecem pouco, mas a Porsche afirma que isto se deve à maior quantidade de equipamentos de segurança instalados no SUV – que, pela primeira vez, recebeu rodas de diâmetros diferentes nos dois eixos: 19 polegadas na frente e 21 polegadas atrás. De acordo com a companhia, tal configuração favorece o comportamento dinâmico do Cayenne no asfalto. Que, convenhamos, é onde quase todo Cayenne passa 100% do tempo.
E, sabendo disto, a Porsche também deu ao Cayenne a possibilidade de receber um sistema de esterçamento nas rodas traseiras (4WS) e PASM (Porsche Active Suspension Management) semelhante ao de outros modelos, não-SUVs inclusos. Os amortecedores agora têm três câmaras de ar (antes eram duas), que ajudam recalibrar ativamente a carga dos mesmos com mais eficiência.
Além disso, novas barras estabilizadoras ajustáveis eletricamente foram adotadas. Todos os sistemas eletrônicos do carro são controlados pelo Porsche 4D Chassis Control, que estreou no Panamera, que lê as informações fornecidas pelos sensores e administra tudo em tempo real.
O Porsche Cayenne será vendido em três versões. A primeira, chamada simplesmente “Cayenne”, é movida por um motor V6 de três litros com turbo, 340 cv e 45,9 mkgf de torque, capaz de chegar aos 100 km/h em 5,9 segundos (ou 5,6 segundos com o pacote Sport Chrono), cumprir o quarto-de-milha em 14,4 segundos (14,2 segundos com o mesmo pacote) e de atingir a velocidade máxima de 245 km/h.
O Cayenne S tem um motor de 2,9 litros com dois turbos, 440 cv e 56,1 mkgf de torque. Seu o-100 km/h é de 4,9 segundos (ou 4,6 segundos com o pacote Sport Chrono) e o quarto-de-milha, cumprido em 13,3 segundos (Sport Chrono: 13,2 segundos). A velocidade máxima é de 264 km/h.
O Cayenne que pode chamar a atenção dos entusiasts, naturalmente, é o Turbo: seu motor V8 biturbo de quatro litros entrega 550 cv e 78,4 mkgf de torque. Seu 0-100 km/h é de 3,7 segundos com o pacote Sport Chrono (3,9 segundos sem ele), a velocidade máxima chega aos 285 km/h.
Esteticamente o Cayenne Turbo diferencia-se pelo conjunto aerodinâmico de visual mais agressivo, pelas entradas de ar maiores na dianteira e pelos pneus mais largos, de medidas 285/40 na dianteira e 315/35 na traseira. Diferentemente das outras versões, o Cayene Turbo S tem rodas de diâmetros iguais nos dois eixos: 21 polegadas.
Independentemente da versão, todo Cayenne usa uma nova versão do câmbio automático Tiptronic S, de oito marchas, que foi pensada para o asfalto e para a terra. As marchas mais altas são longas, apropriadas para pegar estrada, e diferentes modos são oferecidos para cada tipo de situação e terreno. O modo padrão é o “on-road”, segundo de “Mud” (lama), “Gravel” (cascalho), “Sand” (areia) e “Rocks” (pedras). Os modos alteram como os atuam os blocantes dos diferenciais, enquanto o sistema PTM (Porsche Traction Management) varia continuamente a distribuição de torque entre os eixos.
Opcional para todas as versões é um conjunto de freios com discos de aço revestidos por uma camada de carbeto de tungstênio, os chamados Porsche Surface Coated Brakes (PCSB). De acordo com a fabricante, o material melhora a fricção dos freios e ao mesmo tempo reduz o desgaste e a produção de resíduos. A tecnologia, por enquanto, é exclusiva, e os carros equipados com ela trarão pinças de freio pintadas de branco.
Por dentro, o Cayenne tomou inspiração no Panamera, o que significa que o interior tem formas mais limpas e sofisticadas, além de uma gigantesca tela sensível ao toque no console central, com 12,3 polegadas (nota: é maior que a do meu laptop). A ideia é oferecer um carro mais sofisticado e interativo, deixando os comandos físicos abaixo da tela encarregdos das funções mais básicas do carro.
Como em um bom Porsche, o conta-giros analógico fica no centro do cluster, flanqueado por duas telas full-HD de 7 polegadas cujos dados exibidos podem ser configurados pelos comandos do volante. Elas podem até mesmo exibir imagens da câmera térmica de visão noturna – útil para quem anda em estradas mais afastadas e não quer acertar nenhum animal ou pedestre.
O Cayenne e o Cayenne S já podem ser encomendados com a Porsche lá fora, enquanto o Cayenne Turbo começara a aceitar encomendas em dezembro. No Brasil, os três modelos deverão começar a chegar a partir do segundo semestre de 2018, já como modelo 2019.