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Carros elétricos serão taxados com “imposto do pecado”, mas os caminhões não
Não se preocupem, FlatOuters. O Brasil não tem a menor chance de dar certo. Primeiro, a gente usa um combustível único no mundo, que exige uma calibragem de motor própria para nosso mercado. Custo adicional que é embutido no preço dos carros. Depois, temos o anacrônico IPI baseado na cilindrada dos carros em uma época na qual o downsizing é o padrão do mercado. Um carro médio paga o mesmo imposto que um carro supostamente popular.
Mas é melhor não discutir muito sobre isso, porque governos são sedentos por dinheiro de gente pobre, então, em vez de reduzir o imposto dos populares, é mais provável que eles subam o imposto dos outros. E eu não falo isso por suposição, mas por causa da mais nova peripécia do nosso Congresso Nacional: imposto seletivo para carros elétricos.
Imposto Seletivo é um imposto adicional para produtos que, supostamente, têm potencial de prejudicar a saúde e o meio-ambiente. Por isso ele foi chamado também de “imposto do pecado” — algo que os puritanos adorariam em 1920, mas que está sendo imposto (nos dois sentidos) em 2025. E aqui é o momento em que você pensa que faz sentido, por exemplo, tributar carros de passeio a diesel disfarçados de utilitários (o que chamamos de “SUV crossover”). Especialmente quando se discute políticas para combustíveis “mais limpos”, aquelas que pretendem criar a inédita E35 — a gasolina com 35% de etanol. Mas… aqui é Brasil, já diria Dom Toretto, então as coisas não seguem a lógica convencional do resto do mundo.
No texto que começa a ser votado nesta manhã no plenário da Câmara, os carros elétricos foram incluídos no Imposto Seletivo — ou seja: o imposto que visa desestimular o consumo de itens que podem ser prejudiciais à saúde ou ao meio-ambiente. O motivo? Segundo os parlamentares brasilianos, o carro elétrico tem “problemas ambientais vinculados ao ciclo de vida destes veículos” e também têm “gastos energéticos para sua manutenção”. Isso em um país que produz 80% de sua energia de forma limpa ou renovável.
Você pode até argumentar sobre as baterias, o que é verdade. Sua destinação final é preocupante e pode ser nocivo, mas como o texto fala em manutenção, os veículos a combustão usam lubrificantes que também podem ser nocivos em sua destinação final. E eles não foram incluídos no imposto do pecado. Ao menos não todos. Sabe quem ficou de fora? Os caminhões. Sim, os caminhões, que queimam diesel e emitem partículas finas. Ou seja, é prejudicial, mas como o transporte do Brasil é majoritariamente rodoviário, aí não é tão prejudicial assim.
Como disse mais acima, o texto será votado hoje. Com sorte, os parlamentares não deixarão essa estupidez ser aprovada. Mas… aqui é Brasil, Dom. (Leo Contesini)
Maserati parece ter gostado dos hipercarros… e agora quer mais
Lembra do Maserati MCXtrema, que foi lançado no ano passado? O modelo é, basicamente, um MC20 mais radical e mais potente, feito para as pistas. Foi um carro totalmente inesperado, mas que tinha uma mensagem muito clara: a Maserati ainda quer fazer esse tipo de carro.
Na verdade não é uma suposição minha, uma leitura semiótica. São palavras do chefe da própria divisão Maserati Corse, Giovanni Sgro, que conversou com o pessoal do site TheDrive recentemente. O carro foi desenvolvido em apenas oito semanas, praticamente todo digitalmente, e resultou em um produto de alto valor para a Maserati, segundo Sgro. “Acho que faz muito sentido explorar esse tipo de hipercarro de produção limitada no futuro. É um produto de imagem que representa a marca em seu máximo potencial. Nascemos nas pistas, então precisamos falar sobre alto desempenho”, disse.
“É um objeto incrível que realça nosso valor. Ele mantém o compromisso com pilotos, gentlemen drivers e colecionadores e indica que é esse tipo de coisa que nosso público procura. Acho que é importante continuar nesse caminho”, explicou.
Não parece, contudo, haver muito espaço para carros como ele, afinal, além do MC20, a Maserati terá apenas o atual GranTurismo para servir de base para mais carros como o MCXtrema. A menos que ela faça dezenas de derivações como a Lamborghini fez com o Aventador — ou que ela comece a desenvolver uma plataforma exclusiva para isso. (Leo Contesini)
Subaru “Project Midnight” é exemplo de WRX extremo
“Project Midnight” parece uma mistura de iniciativas do FlatOut, mas na verdade é um novo Subaru. Não, não um novo Subaru que você pode comprar; somente algo que mostra algumas das possibilidades perdidas de um WRX STi moderno.
Talvez seja justamente essa a ideia: mostrar o que poderia ser o STi 2025, em versão extrema. A empresa diz que é um “carro de corrida”, porém: criado pela Subaru americana, vem com um flat-four Subaru de dois litros turbo, com 670 cv e 94 mkgf, e um corte de giro a nada menos que 9.500 rpm. A tração é permanente nas quatro rodas, claro.
A carroceria é de fibra de carbono também ostenta todos os tipos de atualizações aerodinâmicas, incluindo uma enorem asa traseira e um proeminente spoiler dianteiro. As aberturas das rodas são agressivamente alargadas para um visual widebody. A asa traseira é uma versão significativamente modificada daquela usada no carro de rali da Subaru USA. As rodas são de 18 polegadas calçando pneus slick de competição.
O carro é na realidade um spin-off do Airslayer: um carro Gymkhana de 2020 famoso por vários recordes, incluindo um salto de 70 metros. O Project Midnight é aliviado e leve como um carro de corrida deve ser. Pesa 1120 kg, ou 136 kg a menos que o Airslayer e 454 kg a menos que um WRX de rua.
Criado sob encomenda pela equipe da Vermont SportsCar, o Project Midnight vai estrear amanhã no Goodwood Festival of Speed, subindo o morrinho do famoso circuito na frente da casa do Duque de Richmond. (MAO)
Conheça o Ariel Nomad 2
Muita gente tentou, mas até hoje, a tentativa de maior sucesso de se criar um Lotus Seven moderno é a da Ariel, com seu Atom. Em 2015, lançou mais um modelo: o Nomad, uma gaiola off-road legalizada para o uso na rua, aparentemente ainda mais divertida que o Atom. Agora, é hora de conhecer sua segunda geração.
Diferente de toda companhia normal, onde o “novo” é na verdade um design externo diferente, com algumas evoluções pequenas, mas essencialmente o mesmo de antes, este novo Nomad parece idêntico ao anterior, mas não é. É realmente um veículo totalmente novo: segundo a empresa, apenas três peças são as mesmas de seu antecessor. A mudança inclui até um novo motor.
O Nomad original usava um Honda K24 de 2,4 litros com um supercharger. O Nomad 2 vem agora com uma unidade também de quatro cilindros em linha, mas da Ford: o motor de 2,3 litros turbo usada no Ford Focus ST. Tem, nesta versão especial para a Ariel, 305 cv e 53 mkgf. Há configurações menores com 302 cv e 260 cv por meio de mapas diferentes para a injeção.
Como este é um carro pequeno com quase nenhum painel de carroceria, ele pesa praticamente nada. São apenas 715 kg, e com isso, o desempenho é espetacular: apenas 3,4 segundos no 0-96 km/h, e velocidade final de 215 km/h.
Continua sendo um carro pequeno: 3400 mm num entre-eixos de 2395 mm. Relativamente á isso, os pneus off-road são grandes: em rodas de 16 polegadas com pneus Yokohama Geolandar A/T 235/70R16. As suspensões são de longo curso, independentes nas quatro rodas por duplo-A sobreposto, e usa molas helicoidais Eibach.
Agora existe a opção da caixa manual de seis velocidades do Focus ST; opcionalmente vem com uma transmissão sequencial Quaife derivada do Atom 4 e Atom 4R. Há até uma alavanca de freio de mão hidráulica que permite, como em carros de rali, ajudar a rotacionar a traseira.
Com maior potência vem maiores freios: são 40% maiores que os do Nomad original. Opcional são as pinças AP de quatro pistões e os discos ventilados de 290 mm do Atom 4. A rigidez estrutural foi melhorada em 60%.
Há uma lista de opcionais enorme na verdade; é um carro praticamente sob encomenda, altamente customizável. Rodas forjadas de 18 polegadas, rodas com beadlock de 16 polegadas, e o ABS ajustável pelo motorista são algumas dessas opções. Uma “capa de teto biquíni” fornece proteção UV, enquanto o rack montado na traseira faz as vezes de um porta-malas. Não é barato, porém: o novo Nomad 2 começa em £ 67.992 (R$ 469.824) no Reino Unido, sem nenhum opcional. (MAO)
O novo Ford Capri será SUV e elétrico
Ford Capri. Até ontem a sua definição seria a de um cupê de sucesso da Ford Europa no passado. Um cupê fastback que usava os componentes mecânicos do Ford Cortina Mk2, e que foi concebido como o equivalente europeu do Ford Mustang. Foi lançado em 1968, e os últimos deles, de terceira geração, saíram de linha em 1986, dois anos depois do planejado, devido ao surpreendente sucesso da versão 2.8i, um carro muito legal que usava um V6 OHV de 2,8 litros injetado e 160 cv.
A Ford agora vai reviver o antigo nome, que traz tantas boas lembranças aos entusiastas europeus. Mas é claro que não os fará felizes: como já fez com o Mustang, a Ford vai tacar o nome amado em mais um SUV-Crossover elétrico. Pense num Mustang Mach-E, versão Europa, que você não vai errar muito.
Na semana passada, a Ford publicou um teaser no Twitter X mostrando um sujeito, por algum motivo, tentando conectar um Capri antigo em uma estação de recarga elétrica. A maluquice sem sentido acaba com o cara indo embora, e uma mensagem: “A lenda está de volta 10.07.24”. Uma foto supostamente vazada foi também postada no Instagram pela página Car Design World na terça-feira, e mostra o sujeito do filminho na frente do novo Capri. A lenda está de volta? Nada está de volta, a não ser a sanha de se capitalizar em um antigo modelo de sucesso, e nas memórias dos que viveram sua época.
Não é assim uma surpresa: boatos disso existem já há algum tempo. O carro nem Ford vai ser de verdade: deve se tornar o segundo modelo construído na plataforma MEB da Volkswagen. A Ford lançou um Explorer totalmente elétrico para mercados no exterior este ano, baseado no VW ID.4 e produzido em Colônia na Alemanha. Assim como o Explorer EV tem pouco em comum com seu equivalente americano, e o Mach-E é Mustang só em nome, assim será também o novo Capri.
Não dá nem para ficar surpreso com isso. O nome Mustang é muito mais importante, e já foi colocado num SUV elétrico pela Ford; um carro até ok para um elétrico, mas com zero de conteúdo Mustang. Não dá para esperar algum pudor com o pobre Capri, um nome bem menos importante. Só os fãs dele devem estar bem chateados, e eles não são poucos: o cupê original foi um grande sucesso, e não só na Europa, onde foi concebido como mini-Mustang: chegou até a ser vendido nos Estados Unidos, e foi exportado também para a Austrália e África do Sul, entre outros mercados. Deveria reclamar aqui, mas nem vou: se nem os pais desses carros se importam com eles, por que motivo eu faria isso? (MAO)