meus herois nao salvam vidas eles constroem coisas ha uma diferença aqui basica as coisas criadas para melhorar a vida duram para sempre podem ser melhoradas por novas geraçoes mantidas pelas velhas como lembrança; sao ponto de partida e ponto de retorno salvar vidas e temporario; toda vida acaba o que construimos fica para a humanidade para sempre uma transcendencia que poucos percebem mas e definitivamente o mais proximo do divino que se pode chegar mas para ser um heroi nao basta apenas construir algo; ele tem que ter algo a mais em sua historia algo que o eleve a condiçao de mito de algo fora do normal e que valha a pena lembrar uma batalha gigante contra obstaculos imensos talvez uma quantidade de criaçoes enorme quem sabe um brilhantismo anormal no que faz quiça tudo isso pode elevar uma historia mundana para um patamar superior o da lenda mas nao ha uma historia mais epica e emocionante do que o heroi que morre jovem ao perseguir seus objetivos esses transcendem de verdade ainda mais se essa morte for gloriosa numa imensa bola de fogo metaforica visivel de fora do planeta a historia de hoje trata disso de herois largamente esquecidos criadores que trabalham escondidos para a criaçao de um mundo melhor de verdade nao pretendem mudar o mundo da forma que politicos os presidentes e os ditos grandes pensadores tentam fazer nao eles mudam o mundo de verdade por meio de suas criaçoes fisicas que ajudam as pessoas no mundo real fisico no caso aqui claro gente que cria automoveis nao ha como nao pensar nisso nesta historia dante giacosa e pio manzu criavam automoveis nao de alto desempenho e preço alto; apesar de fazerem isso tambem como bons apaixonados pelo que faziam seu campo de açao foi tornar o carro barato algo de qualidade superior e assim realmente melhorar o mundo carros mais estaveis simples baratos velozes e seguros mesmo custando pouco manzu e giacosa o jovem promissor e o veterano consagrado criaram apenas um carro juntos pelo menos apenas um que foi produzido em serie mas o fiat 127 aqui um pouco modificado se chamou 147 simplesmente e junto com o 128 do qual deriva o template para todo carro de volume moderno a traçao dianteira o motor pequeno e moderno transversal alinhado ao transeixo a suspensao mcpherson a direçao por pinhao e cremalheira os pneus radiais o monobloco o carro como conhecemos hoje começou aqui a incrivel culminaçao de uma jornada de inovaçao que começou em 1937 o ultimo carro tanto de giacosa quanto de manzu mas por motivos bem diferentes dante giacosa um teorico formado alto sempre bem vestido e de porte aristocratico dante giacosa era muito diferente do povo que existia na engenharia da fiat entao na maioria gente pratica que aprendeu o oficio em oficinas e nao na sala de aula claro que nao foi bem recebido mas nao demora para conquistar todos sua incrivel capacidade de desenhar mesmo a mao livre sua capacidade tecnica e sua simpatia logo o tornam famoso [caption id= attachment_299877 align= aligncenter width= 666 ] dante giacosa[/caption] giacosa era um tipo diferente de engenheiro era um amante das artes um estudioso nao somente das leis fisicas que regem a engenharia mas tambem o desenho artistico e o desenho industrial sim giacosa alem de projetar seus carros desenhava sua carroceria tambem algo que nao existe mais hoje tempo em que cada minuscula tarefa e dividida para ser realizada rapidamente por um especialista nela como em uma fabrica de desenhos novos uma fabrica de projetos giacosa nunca deixaria algo assim acontecer podia trabalhar com estilistas mas para ele o desenho era parte intrinseca do projeto de um carro indivisivel enxergava o carro sempre como um todo como se nao so seu desenho externo fosse uma obra de arte esculpida em argila mas ele todo uma obra completa bela e funcional em quantidades iguais belo como um todo por dentro e por fora quando observado por seus semelhantes [caption id= attachment_299878 align= aligncenter width= 999 ] o primeiro carro de giacosa fiat 500 1937[/caption] um parentese e incrivel notar que os desenhos realizados por engenheiros deste tipo com habilidade estetica sao ainda reeditados e reinterpretados em versoes modernas agora reinterpretados por designers que acabam criando caricaturas do passado amorfas decoraçoes em cima de chassis modernos que pretendem capturar uma gloria que so existia na obra completa e nao apenas na sua aparencia externa existe um fiat 500 moderno inspirado no minusculo carro que giacosa lançou em 1957 duas geraçoes de fuscas que imitam o trabalho de porsche e komenda de 1938 varias geraçoes de enormes mini que imitam o carro de issigonis de 1959 os unicos que acertadamente nunca cairam nessa cilada de criatividade reciclada como nova foram os franceses; nunca houve um novo 2cv e sim um original e novo twingo nos anos 1990 mas parece que o futuro eletrico da renault tera um novo r5 entao ninguem e imune a isso agora aparentemente [caption id= attachment_299879 align= aligncenter width= 999 ] fiat nuova 500 1957[/caption] mas divago; o fato e que giacosa e convidado a reinventar o automovel pequeno ja nos anos 1930; cria o fiat 500 topolino de 1937 um incrivel exercicio de package e minimalismo de extremo sucesso depois disso acaba por se tornar a mente criadora suprema da fiat com uma serie de carros extremamente originais com sua personalidade ascetica avessa ao luxo e ao muito elaborado nao acreditava que algo simples e barato deveria alterar nada quanto a funçao de qualquer maquina simplicidade era uma virtude que permitia justamente focar na funçao mas a vida nao era facil; numa empresa tradicionalista como a fiat suas inovaçoes tinham que passar por todo tipo de crivo; o que obrigou giacosa ser mais logico pragmatico com elas nada de liberdade total como lefebvre tinha na citroen para ficar no exemplo mais obvio [caption id= attachment_299881 align= aligncenter width= 800 ] fiat 128 o carro moderno de giacosa[/caption] por isso durante os anos 1950 seus fiat pequenos tinham motor traseiro mas lentamente vai conseguindo com seus estudos e avanços provar suas ideias e o lançamento do mini em 1959 que se mostra a maior oportunidade; de repente nao seria o primeiro a fazer algo o que reconfortava seus chefes a obra prima final de giacosa foi entao no fim de sua carreira; veio ao se substituir o fiat 1100 em 1969 chamado fiat 128 tinha um novo e moderno quatro em linha com comando no cabeçote projetado por aurelio lampredi antes da ferrari o motor que conhecemos como sevel aqui e esta por exemplo no uno 1 5r que vamos sortear aqui no flatout o esquema mecanico era o apice do carro de produçao em massa que nunca foi superado e ate hoje e copiado por absolutamente todo mundo ao redor do mundo traçao dianteira o motor pequeno e moderno transversal alinhado ao transeixo a suspensao mcpherson a direçao por pinhao e cremalheira os pneus radiais [caption id= attachment_299880 align= aligncenter width= 999 ] o fiat 128[/caption] giacosa contemplando entao aposentadoria tinha escolhido dois sucessores para si na fiat um o engenheiro ettore cordiano seu sucessor hierarquico obvio e sem concorrencia o outro estava mais dificil de consolidar giacosa queria alguem como ele para supervisionar o estilo um desenhista pois um engenheiro com esse talento como ele era impossivel de achar esse designer tinha que ter sensibilidades parecidas com a sua devoçao ao uso cuidadoso de materiais a ojeriza com ornamentaçao gratuita e excessiva a devoçao a simplicidade como virtude que nao impede a beleza pura tinha encontrado isso num jovem designer com toda pinta de woody allen filho do famoso artista plastico giacomo manzu pio manzu pio manzu e o 127 o proximo projeto na pauta era um carro pequeno baseado no 128; um supermini que deveria ser o carro chefe de vendas da fiat e portanto muito importante o numero de projeto era 127 e giacosa e o chefe do estudio da fiat paolo boano concordaram em da lo ao jovem pio manzu [caption id= attachment_299883 align= aligncenter width= 999 ] pio manzu[/caption] nascido pio manzoni era um arquiteto jovem mas de obvio talento disse giacosa de como o conheceu ele me fora apresentado em 20 de setembro de 1960 por carlo felice bona o diretor de pesquisa bona era um grande historiador e amante da arte o nome manzu o fez tremer de excitaçao manzu tinha vinte anos seu olhar era pensativo e intenso; seu rosto comprido e expressivo expressava sua sensibilidade sinceridade coragem e força de vontade ele estava estudando na alemanha na hochschule fur gestaltung em ulm o desenho industrial em seu verdadeiro sentido aplicado ao automovel era seu interesse dominante na verdade ele estava apaixonadamente interessado em automoveis escutei sua conversa fluente que revelou sua inclinaçao artistica instintiva e profundidade de sensibilidade naturalmente pensei que um dia ele poderia ingressar na fiat e trabalhar no centro stile [caption id= attachment_299885 align= aligncenter width= 999 ] a cadeira pio manzu[/caption] apaixonado pelo automovel ele era mas nao impediu de trabalhar em outras areas de design industrial ainda hoje suas criaçoes sao famosas a cadeira pio manzu o relogio chronotime e a lampada parentesi em automoveis destacou se inicialmente em 1962 quando juntamente com michael conrad ganhou o concurso internacional promovido pela revue automobile para a conceçao de uma carroçaria original a ser construida sobre um chassi austin healey 100 [caption id= attachment_299887 align= aligncenter width= 540 ] o austin healey 100 de manzu moderno [/caption] mas sua amizade profissional com giacosa que de tempos em tempos pedia para manzu participar de projetos especiais como o nsu autonova gt a nsu era ligada a fiat naquela epoca acaba por selar seu destino como desenhista de fiat em 1968 se torna consultor no centro stile; parte dos planos de giacosa para ele certamente ambos conversaram sobre eles; pio entra na fiat com vontade [caption id= attachment_299884 align= aligncenter width= 800 ] o taxi fiat [/caption] o primeiro projeto dele para a fiat provou que a confiança de giacosa nao foi perdida o prototipo city taxi baseado no fiat 850 era um design de ponta para sua epoca antecipando muitos recursos vistos posteriormente em minivans e veiculos utilitarios era certamente inovador e bem no espirito das criaçoes de giacosa [caption id= attachment_299888 align= aligncenter width= 999 ] autonova gt[/caption] o fiat 127 era seu primeiro projeto realmente importante um carro de verdade importante para a empresa uma responsabilidade imensa giacosa seu maior admirador diz de seu trabalho neste carro pio que amava automoveis simples modelos populares sem ornamentaçao e funcionais para pessoas comuns trabalhou com verdadeiro comprometimento no 127 seus projetos eram simples ao extremo levando o principio o mais longe possivel os desenhos passaram por um processo de refinamento progressivo e delicado que parecia transmitir uma autenticidade sutilmente sofisticada e intelectual auxiliado por uma equipe de primeira habil em modelar gesso fez a maquete do desenho que haviamos aprovado com as suas amplas superficies delicadamente alisadas e habilmente relacionadas entre si modeladas com carinho era muito atraente decidimos apresenta la ao board o carro ficou pronto e a apresentaçao final marcada e como sempre nesses casos pio manzu estava uma pilha de nervos se fosse bem recebida sua maquete seria aprovada e sua carreira na fiat impulsionada como planejado por giacosa se nao suas ambiçoes seriam bem mais dificeis de serem atingidas a data da apresentaçao foi fechada para uma segunda feira as 8 da manha o que significava mais angustia para o jovem designer durante o fim de semana inteiro segunda feira 26 de maio de 1969 pio decide visitar seu pai em roma antes da apresentaçao para conversar um pouco e acelerar o tempo naquele fim de semana em que ele parecia imovel por algum motivo decide deixar seu fiat dino cupe em casa e fazer a viagem de turim a roma mais de 600km com o pequeno fiat 500 de sua esposa para economizar combustivel talvez impossivel saber ao voltar domingo cansado acaba por resolver passar a noite na casa da familia nas montanhas em bergamo a coisa de 200km de turim acordaria de madrugada no dia seguinte com tempo suficiente para estar as 8h da manha na apresentaçao do fiat 127 mas nao era para acontecer perto de brandizzo chegando em turim perde o controle do pequeno carro que capota violentamente muito se especula sobre as causas do acidente que ocorreu com o carro sozinho na estrada deserta sem trafego nenhum perto a teoria de que teria dormido ao volante parece dubia; devia estar extremamente adrenado para o compromisso profissional talvez tenha tido algum problema de saude repentino giacosa especula que ele se distraiu ao chegar na cidade quando abria o teto de lona como gostava de fazer e acaba por perder o controle me parece a maior possibilidade; e sempre uma distraçao boba assim que ocasiona este tipo de acidente nada especial ou nenhum culpado; o acaso intervindo de qualquer forma pio manzu vem a falecer na ambulancia a caminho do hospital tinha 30 anos de idade seu carro foi aprovado sem sua presença; se tornou um dos maiores sucessos da historia da fiat inclusive aqui no brasil numa versao um pouco diferente chamada 147 dante giacosa perde a vontade de continuar depois desta tragedia a partir dai minha participaçao no projeto 127 acabou foi concluido sob a direçao de ettore cordiano disse ele em pouco tempo estava aposentado a filosofia de giacosa ainda evoluiria sem ele e manzu mais uma vez no uno de 1984 desenhado por outro genio giugiaro sobre a base mecanica do 128 novamente este e o real apice da ocupaçao maxima de espaço e economia de material mas com desempenho brilhante que foi impulsionada por dante giacosa em toda sua carreira uma filosofia que deveria continuar com um jovem que infelizmente morreu heroicamente antes de conseguir fazer isso e que nos deixou um carro somente; mas um cuja importancia conhecemos bem o nosso primeiro fiat [caption id= attachment_299889 align= aligncenter width= 800 ] 147 o 127 abrasileirado o primeiro fiat brasileiro [/caption]
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