A Karmann-Ghia, responsável pela produção de alguns dos carros mais desejados na história da indústria automotiva brasileira, teve sua falência decretada nesta quarta-feira (23), pelo juiz Gustavo Dall’Olio, da 8.ª Vara Cível de São Bernardo do Campo/SP.
O pedido de falência foi feito em junho pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, motivados pelo abandono da fábrica pelos atuais proprietários, que deixaram cerca de 300 funcionários sem salários desde dezembro e outros 300 que haviam sido demitidos sem os direitos da rescisão de contrato. Para impedir a retirada do maquinário por credores da Karmann-Ghia, um grupo de trabalhadores estava acampado nos portões da fábrica na Via Anchieta desde maio.
A Karmann-Ghia vinha passando por dificuldades financeiras desde 2008, quando a família Karmann deixou o negócio. Desde então a fábrica foi vendida outras quatro vezes e se encontrava em uma disputa judicial entre o proprietário anterior e o atual. Nos últimos anos a principal cliente da Karmann-Ghia era a Fiat, que comprava entre 60% e 70% dos componentes ali produzidos. Contudo, com a crise e a queda na produção de veículos, os pedidos foram reduzidos e a fábrica paulista não conseguiu manter seu funcionamento.
Fundada em 1960 em São Bernardo do Campo, a Karmann-Ghia produziu entre 1961 e 1974 as duas gerações do esportivo da Volkswagen que levava seu nome, o Karmann-Ghia e o Karmann-Ghia TC. Após o encerramento da produção dos Volkswagen, a Karmann-Ghia continuou fabricando componentes para outras fábricas e montadoras.
Nos anos 1980 e 1990 ela fabricou o Escort XR3 Conversível em uma operação conjunta com a Ford, da mesma forma que fizera com o VW Karmann-Ghia. Além do Escort a Karmann-Ghia também produzia trailers e motorhomes, entre eles a famosa Kombi Safari. Após o encerramento da produção do XR3, a Karmann passou a produzir o Land Rover Defender entre 1998 e 2005.
Desde então a fabricante se mantinha apenas com a produção de peças e componentes. Em 2013 (quem acompanhava o Jalopnik Brasil deve lembrar) a fabricante passou a ser controlada pelo grupo ILP Industrial, que planejava produzir uma versão retrô do Karmann-Ghia. Para escolher o visual do novo esportivo foi feito um concurso de design entre universitários, que premiou o vencedor com R$ 100.000.
A fabricante tentou encontrar parceiros para produzir o esportivo e até chegou a comprar novas prensas para fabricar sua carroceria, mas o projeto não foi adiante.
Agora, com a falência decretada e a fábrica abandonada pelos proprietários, a massa falida será gerenciada por um administrador nomeado pela Justiça, que terá como prioridade o pagamento dos créditos trabalhistas. Enquanto isso, o prédio será lacrado pela justiça e, em breve, o belo logotipo que decora a fachada do imponente prédio às margens da rodovia Anchieta deverá ser removido, marcando o fim da Karmann-Ghia.