Hora de dar mais uma partida na história do Escortson, meu Mk4 preparado ao estilo dos antigos carros do Brasileiro de Marcas e Pilotos! Vamos nessa?
Peças, peças, peças e peças
“Se você ensinar o seu filho a ser viciado em carro, ele não terá dinheiro para ser viciado em drogas”
E nem para mais nada na vida. Se você tem um projeto, e, principalmente, se ele está sendo feito do zero, você sabe o prazer de comprar uma peça nova (ou velha) para o carro, a ansiedade de receber pelo correio aquela peça de fora, e o aperto no final do mês por conta do “investimento”. No meu caso, uma P*rrada de peças.
Coisas que eu nem sabia que existia, ou que eu precisaria, coisas que de início, você não tem a mínima ideia de onde achar, e coisas que exigem um pouco de estudo para serem compradas corretamente. O que eu aprendi e posso passar para os “projetantes” de primeira viagem como eu é: antes de qualquer compra, tenha o seu projeto definido e corretamente dimensionado com seu objetivo final. Resumindo, defina seu projeto, turbo/aspirado, preparação forte/leve, rua/misto/100% pista. Isso inclui definir uma potência desejada também.
O próximo passo é dimensionar seu projeto, o que você precisa para atingir a potência desejada? Ou a faixa de tempo que você quer atingir em determinado autódromo? Qual setup de suspensão que lhe trará o comportamento que você gosta? Enfim, essa é a hora de você decidir os detalhes da preparação do projeto, e as peças necessárias para isso.
Dessa maneira você não cai na tentação do “bigger is better”. Não compra aquela turbina .70 quando a melhor para você seria uma 42, não troca as ITB de 40mm que ficariam perfeitas no seu cabeçote quase original, com umas de 50mm que são capazes de engolir o gato da vizinha, não troca aquele comandinho 270 que deixaria a lenta do seu carro de dia a dia civilizada, por um 320 que deixaria sua lenta parecendo que quer assassinar todo mundo da vizinhança. Além de você economizar dinheiro, essa sensatez fará seu carro render muito melhor no seu tipo de uso.
Tenha em mente seu bolso sempre! Não adianta querer fazer um puta projeto da Nasa, se você não terá condições de terminá-lo. Várias escolhas do projeto do Escort foram baseadas no que eu poderia pagar.
Outra coisa que é inevitável na construção de um projeto, são os atrasos. No meu caso, foi um grande e feliz atraso. Para quem não lembra, antes de eu comprar o Fiesta (PC #31), o carro que eu queria era um Focus MK2.5 hatch 2.0 manual.
Pois é… um dia estava eu, vendo peças de escort na internet e o que me aparece? Um Focus do jeito que eu queria, com 16 mil km rodados, e do lado da minha casa. Aproveitei que poderia vender o fiesta por mais do que eu pagaria no focus e fiz o negócio! Até ai tudo bem… o verdadeiro problema foi a carne fraca. Não aguentei ficar com o carro stock, toda hora que eu olhava, andava, e lembrava do Focus original, me dava uma angústia, o estomago retorcia, tontura, azia.
Remediei com um coletor 4x2x1, escape completo de 2.5’’, rodas 17’’ do C30 T5, faróis de milha Hella, e mais uns detalhes… enfim, voltando ao que interessa, o dinheiro que tinha juntado para comprar peças para o Escort, gastei no Focus.
Bem… Depois de passar essas informações quase óbvias para alguns e nem tanto para outros, vamos as novas peças.
Uniballs – para ter o máximo de liberdade na hora de alinhar o carro, optei por fazer a suspensão toda com uniballs. Comprei o kit da JEGS de 3/4’’. São bem parrudos e acredito que vão conseguir aguentar bem o stress. Falarei mais detalhado sobre a suspensão em breve nesse mesmo texto.
Bomba d’água – não tem muito o que falar aqui, comprei o bloco sem ela, e comprei uma nova. Um detalhe interessante (que eu odiei), a polia da bomba d’agua é mais cara que a própria bomba d’água. Junto, comprei a correia dentada e o tensor da correia.
Radiador de óleo – 30 voltas seguidas em caruaru ao meio dia, até um freezer precisaria de radiador de óleo. Consegui um kit universal da Mishimoto, um radiador pequeno, com todas as mangueiras, conexões e adaptador.
Distribuidor – Fiquei na dúvida como seria essa questão da preparação. Aconselhado pelo preparador que vai instalar e acertar a injeção do carro, eu teria duas opções: Bobina do EA111 ou distribuidor. Ele teve experiências anteriores onde os carros com comandos muito graduados se deram melhor com distribuidor. Confio nele e distribuidor será. E detalhe, esse foi presente da namorada!
Peças desenterradas do fundo do baú – Fazendo uma busca o meio da garagem do meu avo, achei algumas peças do Escort de marcas que foi do meu pai.
Alternador – Em perfeito estado dentro da caixa!
Bomba de combustível Holley — Ainda irei comprar mais uma bom para deixar de stand by.
Trava de capô – será usada no porta malas.
Manômetros – pressão de combustível e óleo da Auto Meter.
Wing nuts – Erson Cams, nunca usados.
Alívio de peso e detalhes da carroceria
Mais algumas coisas foram feitas por aí. Portas cortadas, mecanismo e vidros retirados, apenas a maçaneta foi deixada, e será rebitada uma folha de alumínio para servir de acabamento. Na mala, toda a estrutura de reforço foi cortada fora, junto com o compartimento do estepe, a sobra da carroceria que fica por traz do para-choque, e a chapa que fica entre as duas lanternas traseiras.
Os buracos entre as lanternas, além de aliviar um pouco de peso, ira ajudar na circulação de ar na cabine. Geralmente é feito saídas de ar pelo “acrílico” (que substitui os vidros), porem isso sairia mais caro e mais pesado.
Como já avia citado, o fundo do carro será liso e contará com um difusor de ar. Esse esquema funciona como uma câmara de expansão, onde é formada uma área de baixa pressão por debaixo do carro, onde esse ar passa pelo difusor, que por sua vez trabalha para suavizar a transição desse fluxo com a área de alta pressão atrás do carro.
Isso cria um efeito de sucção no fundo do carro e mais pressão passa a atuar nos pneus. Tem vários fatores que influenciam esse efeito: principio de bernoulli, “rake” (frente mais baixa que a traseira), localização do escape, ângulo do difusor, etc.. o ponto é melhorar a eficiência aerodinâmica do carro.
Também foi desenvolvido um novo aerofólio, na mesma ideia do Gurney. Porém, agora com menos ângulo e com uma área funcional maior. Foi usada uma chapa de carroceria de ônibus, cortada de acordo com a curva do porta-malas, e para acertar o ângulo, foram usados dois cepos de madeira. Com uma tecnologia que não chegou nem na F1 ainda (porque a crise não chegou lá), moldamos a chapa de alumínio para ficar no formato perfeito, respeitando as curvas da carroceria, tamanho desejado, ângulo necessário, e acabamento.
Suxpênxon sétâp
Depois de pesquisar um bocado, finalmente resolvi o que farei com a suspensão. Na traseira, as bandejas irão ser substituídas por braços com uniballs, dessa forma poderei acertar a divergência das rodas traseiras, na hora do alinhamento. Os amortecedores vão ser substituídos por coilovers com camber plates no topo da torre, dessa forma consigo acertar a cambagem.
Também entrará uma barra estabilizadora ligando os braços à carroceria. Na dianteira, coilovers com camber plates, barras anti torcao inferior e superior, barra estabilizadora mais grossa, e TCA (control arms) ajustáveis com uniballs.
Thats it
Aqui termina esse texto galera, qualquer crítica construtiva é bem-vinda! Vou encerrar dessa vez de uma maneira mais descontraída. Réplica Americar XK120 com 4100 injetado e caixa manual de 5. Um Burnout sempre faz bem para a alma. Abraço!
PS. Sim, merece um diferencial blocado!
Por Luiz Leão, Project Cars #294