eu cheguei em sao paulo em 1988 vindo estudar e morar em uma republica em sao bernardo do campo perto da fei cheguei com um opala claro desde muito novo era tudo que eu queria e opala seis cilindros era algo realmente barato naquele tempo de gasolina cara vinha de niteroi no rj bem longe dali; ao contrario dos meus companheiros de republica que invariavelmente voltavam para a casa dos pais no interior paulista nos fins de semana ficava eu sozinho na casa de estudantes logo num dos primeiros fins de semana que fiquei na cidade fiquei sabendo por um poster na fei que domingo uma prova de stock car aconteceria em interlagos resolvi ir la e tentar assistir chegando la para minha surpresa a entrada era franca e mais parei meu opala pertinho da arquibancada ali perto da subida dos boxes lembre que ainda era entao o antigo traçado original com gloriosos 7 930 km e um belo retao la atras o que assisti ali foi algo que nunca mais esquecerei uma infinidade de opalas de corrida enchiam a reta na largada mas nao so a reta iam ate la embaixo na curva de subida dos boxes era algo realmente popular para pilotos; se nao publico mesmo de graça nao estava exatamente lotada a arquibancada mas o que aconteceu depois e que me deixou bobo quando aquele monte de opala bravo ligou seus motores o chao literalmente tremeu a vibraçao era visivel facil de sentir pelo corpo todo e os ouvidos mesmo tapados pelos dedos gritavam de dor quando a bandeira quadriculada desceu entao uma gigantesca parede sonora passou por mim com tanta força que quase me derrubou que espetaculo era aquilo opalas muito parecidos com o meu disputando cada posiçao com garra espalhados pelo imenso autodromo quase todo visivel da arquibancada para todo lado que voce olhasse uma disputa um opala de lado outro na grama um espetaculo incrivel e inesquecivel muito maior para mim que qualquer prova de formula o fato de que eram carros parecidos com o meu traziam para bem perto a experiencia ali de uma forma que nunca seria em competiçoes mais especializadas para mim competiçoes de carro de turismo sao as melhores e entre elas nenhuma e tao memoravel quanto mais de 30 opalas batalhando no interlagos antigo a stock car quando ainda tinha opalas nela era algo diferente e impossivel de reproduzir nao existe mais uma unanimidade como o opala nao existem mais pilotos e preparadores tao dedicados a ele a old stock moderna e sensacional nao me entendam mal; mas ali era a maior categoria nossa de competiçao era algo profissional serio mas ainda assim perto da gente inimitavel hoje em dia uma prova de carros eminentemente de rua o inicio da stock car a era de ouro do automobilismo nacional se deu mesmo nos anos 1960; uma epoca de grande entusiasmo pelo automovel e competiçoes a industria nacional recem instalada da um impulso ainda maior a esta atividade criando equipes hoje famosas como a willys e a dkw vemag de uma hora para outra eramos construtores tambem o que levou muita gente a tentar criar carros de corrida aqui no brasil esta epoca fez os irmaos fittipaldi que depois partiriam para a europa onde emerson acabaria campeao e depois construtor de carros de formula 1 com seu irmao wilson nos deu tambem o inicio da profissionalizaçao dos pilotos e chefes de equipe [caption id= attachment_302839 align= aligncenter width= 800 ] divisao 3 em 1973[/caption] aos poucos a atividade eminentemente amadora se tornava seria e profissional patrocinio se torna essencial e com ele transmissao pela tv e cobertura da imprensa impressa tambem nos anos 1970 tudo mudava a dkw vemag sumia absorvida pela vw a willys tambem agora ford emerson era campeao na f1 e nunca se via tanta gente entusiasmada pelas pistas mas as velhas batalhas com equipes de fabrica eram substituidas por equipes e preparadores independentes ao final dos anos 1970 duas divisoes da fia eram as categorias turismo mais disputadas aqui a divisao 3 e a divisao 1 a divisao 3 era o territorio dos penicos atomicos os fuscas preparadissimos com paralamas alargados e pneus slick os passat eventualmente passariam os fuscas na divisao 3 depois com nome mudado para hot car mas no fim dos anos 1970 ninguem podia com eles ja a divisao 1 era para carros bem menos preparados quase de serie com interior depenado com o tempo se consolidaram alguns veiculos em cada classe de cilindrada como vencedores nesta categoria os grids compostos praticamente so deles na classe a ate 1300 cm3 os fiat 147 na classe b ate 2000cm3 os passat ts de 1600 cm³ e na classe c os opala seis cilindros na homologada versao 250 s de 1974; uma versao criada pela pressao de bob sharp entre outros pilotos para fazer frente aos maverick v8 esta versao vale a pena contar a gm disponibilizava ela teoricamente ja a partir de 1974 em todo carro de serie como opçao regular de produçao como mandava a regra das categorias de competiçao na realidade inicialmente somente pilotos conseguiram comprar carros basicos com este motor direto da gm depois apareceu nos ss e no resto da linha como opcional popular sempre esteve disponivel mas popular mesmo so depois consistia basicamente em um comando mais bravo tuchos mecanicos ao inves de hidraulicos e carburador de corpo duplo dfv 446 dava de fabrica 150 cv e na epoca pela mediçao sae vigente 171 cv os opala praticamente dominavam a sua categoria na divisao 1 na segunda metade da decada de 1970 por mais um motivo tambem o ford maverick seria descontinuado antes da decada acabar por volta de 1977 o investimento da ford nele minguava com esta situaçao naturalmente a divisao 1 evolui para tres campeonatos monomarca a copa fiat a copa passat e uma nova categoria exclusivamente de opalas a stock car era um projeto da gm uma categoria de carros de rua como originalmente era a nascar americana mas adaptada a realidade brasileira de opala e curvas para ambos os lados o plano da gm existia desde 1977 mas somente conseguiu ser realizado para a temporada de 1979 oficialmente a categoria era patrocinada pela associaçao de concessionarias chevrolet mas todo mundo sabia quem estava por tras dela os carros por exemplo eram produzidos e entregues com desconto ja sem acabamentos as equipes inscritas no inicio de 1979 a categoria pretendia deixar o comando de valvulas e pistoes livres desde que fabricados no brasil e preparaçao do cabeçote e carburador tambem livres mas no caso do carburador sem alteraçoes em diametro maximo dez por cento do peso total do carro poderia ser retirado e os pneus seriam slick com rodas de magnesio nacionais o cambio tambem deveria ser original e diferencial blocante nao era permitido os pneus slick foram os primeiros a morrer a maggion unica empresa nacional que produzia pneus deste tipo estava pronta para fornecer para esta categoria nova mas problemas politicos diversos impediram isso aparentemente a gm precisava que os pneus de sua categoria fossem os de fornecimento de serie goodyear pirelli ou firestone a maggion afinal de contas nao era fornecedor homologado no fim pneus de rua radiais pirelli cn36 que eram lixados pelas equipes para reduzir altura dos sulcos em rodas de magnesio de seis polegadas eram usados o comando de valvulas tambem permaneceu o original do 250 s no final era permitido o aumento da taxa de 7 8 1 originais para 9 3 1 trabalho no cabeçote sem alteraçao de diametro de valvulas e escapamento livre o carburador podia ser modificado desde que suas dimensoes originais fossem respeitadas na suspensao era permitido uso de cinta limitadora molas mais baixas e diferentes e amortecedores de qualquer marca ou procedencia os freios eram originais do opala a categoria foi um sucesso desde o inicio apesar de uma primeira prova com apenas 10 carros em taruma a 22 de abril de 1979 logo ninguem queria perder o espetaculo opalas derrapando para todo lado com seus pneus claramente bem abaixo da capacidade de velocidade do motorzao mesmo com preparaçao limitadissima os carros ja chegavam a 225 km/h no final do antigo retao de interlagos e tocavam em 200 km/h na frente dos boxes onde hoje fica a entrada do s do senna affonso giafonne depois de vencer em interlagos naquele ano deu uma entrevista entusiasmada a revista quatro rodas onde ja imaginava a stock se tornando nossa maior categoria mas reclamava de falta de pneus slick e o blocante traseiro esse segundo item certamente chatissimo num carro como o opala a cada curva a roda de fora devia subir e começar a girar em falso necessitando tirar o pe ou colocar o carro em derrapagem antes da curva no final do retao estamos a 225 km/h e frear ali e critico o carro fica dificil de controlar e corremos o risco de um pneu estourar se travar pois nos usamos pneus lixados quase lisos para maior aderencia e velocidade esperamos que as grandes fabricas de pneus fornecedoras da gm tenham interesse em fabrica los disse giaffone giaffone dizia mais os antigos opala divisao 3 com slicks mais largos e blocante viravam o antigo interlagos em 3 min e 20 segundos sua pole position foi com o tempo de 3 min e 32 segundos segundo ele o desempenho dos bravos divisao 3 estavam apenas quatro slicks e um autoblocante de distancia o maior rival dele nessa primeira temporada foi o incrivel paulao gomes que giaffone mesmo dizia ser o melhor piloto brasileiro de 1979 nem ingo hoffmann que seria o maior vencedor da categoria no futuro e ali acabava de voltar da formula 1 conseguiu segurar paulao em 1979 foi o campeao da primeira temporada a primeira de mais duas com opala e uma com omega em 1995 quando stock car era quase totalmente stock em 1980 com o aparecimento de uma nova geraçao de opala com frente mais baixa e farois retangulares e modificaçoes na suspensao para adequar o carro melhor ao uso de pneus radiais a categoria muda de novo mesmo por que agora as competiçoes brasileiras deveriam usar apenas o alcool combustivel soluçao brasileira para a crise de abastecimento de petroleo mundial ainda se usava pneus radiais normais de rua e nada de blocante porem mas o apoio da gm faria uma enxurrada de gente encher os grids o carro era vendido novo aos pilotos ja sem interior para choques ou farois e so banco do motorista por cr$ 197 000 menos que um chevette basico zero km cr$ 205 411 o preço era de um opala ss6 com quatro anos de uso em setembro de 1980 a revista quatro rodas faz um teste do carro de ingo hoffman um impecavelmente preparado carro da profissional equipe cera grand prix da johnson que seria campeao naquele ano o teste e hoje uma incrivel janela nesses carros de corrida dos anos 1980 o motor a alcool usava pistoes desenvolvidos pela propria gm dava taxa de 12 1 e sensivel aumento de potencia a preparaçao era limitadissima devia ser feita apenas com peças originais gm mas isso nao impedia as equipes de ponta a conseguirem vantagens ingo contou que por exemplo a concessionaria pompeia que o patrocinava pesava mais de 30 bielas para lhe fornecer as seis mais leves o carro tambem era retificado com 0 20 para ligeiro aumento de deslocamento escapamento feito pela equipe e cabeçote coletores e carburador trabalhados; nao existia filtro de ar na admissao e a curva de avanço e as velas eram alteradas com isso a revista estimou 225 cv e 35 6 mkgf de torque o carro agora era capaz de chegar a 240 km/h no fim do retao de interlagos segundo ingo a revista que como sabemos e famosa por numeros conservadores em seus testes fez o 0 100 km/h em 7 78 segundos 11 71 segundos para o ss6 250 s e chegou a 208 km/h na curta pista de testes da varga em limeira 173 9 km/h para o ss6 o consumo de alcool foi de 2 25 km/l para gastar menos com lanternas traseiras ingo usou as de chevette que nao saiam pelas laterais do carro o peso minimo era de 1 019 kg mas a revista encontrou 1 051 kg no carro testado talvez pelos itens de segurança exigidos para o piloto a novidade era o uso do santantonio que a revista teve que descrever o que era tubos montados por dentro em arco para ajudar em capotagens ingo conta que muitos pilotos usavam o banco original do opala e o cinto abdominal que vinha com ele mas ele vindo da europa e da f1 investiu em sua segurança e boa posiçao de dirigir banco concha e cinto de cinco pontos e mole [caption id= attachment_302853 align= aligncenter width= 999 ] o interior do stock car campeao em 1980 [/caption] na suspensao mais caster camber e convergencia na frente e molas e amortecedores acertados para cada circuito amortecedores originais ou koni importados e molas cortadas e temperadas dianteiras originais opala traseiras de chevette as rodas eram cruz de malta de magnesio com 6 polegadas de tala e aro 14 pneus goodyear 195/70 sr14 torneados ate ficarem com sulcos de 2mm de profundidade no molhado ingo usava pirelli cn36 com sulcos alterados para escoar mais agua era na verdade praticamente um carro de rua ainda que preparado minuciosamente para um desempenho de carro esporte de primeira linha disse ingo um carro muito bom de pilotar rapido e forte com muita estabilidade para seu peso mas e muito manhoso por nao ter nem slicks nem blocante faz com que estejamos sempre no limite com ele um carro de rua no limite sempre com os melhores pilotos brasileiros de seu tempo ao volante e velocidade suficiente para entreter e impressionar o publico nao e a toa que a categoria foi o sucesso que foi e algo impossivel de ser repetido hoje ou nao
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