E a história se repete outra vez: menos de 24 horas depois que de as imagens do carro “vazarem” na Internet, a BMW levantou as cortinas que estavam sobre o novo BMW Série 3, código G20. A sétima geração do modelo apresentado em 1975 tem a missão de colocar o Série 3 de volta como referência entre os sedãs esportivos premium de médio porte e, para isto, fez dele um carro maior, com novas tecnologias de chassi e suspensão e visual que é uma evolução da geração anterior, a F30. Além, é claro, de um interior totalmente reformulado e novas opções de motor. E, infelizmente, na prática sem a opção pelo câmbio manual. Ele existe, mas… não para nós.
Todos os detalhes do BMW Série 3 já foram revelados pela fabricante, e o carro já está no Salão de Paris – que já está aberto à imprensa, mas só será aberto ao público no dia 4 de outubro. Até lá, porém, você pode ver tudo a respeito da nova geração do BMW mais importante da linha com a gente.
Uma boa forma de começar a falar sobre o novo Série 3 é comentar seu visual. Não por conta de uma transformação radical, pois não é esse o caso: de cara percebe-se que a fabricante decidiu conservar a silhueta da geração anterior, imediatamente reconhecível como um Série 3, e adotou uma postura evolutiva, e não revolucionária, quanto ao design. Mas o sedã ficou generosos 76 mm mais longo (4.709 mm) e 16 mm mais largo (1.827 mm), enquanto a altura aumentou apenas 1 mm (1.442 mm). O entre-eixos aumentou 41 mm (2.851 mm) e as bitolas dianteira e traseira cresceram, respectivamente, 43 mm e 21 mm. Assim, de acordo com a marca, o Série 3 ganhou em espaço interno e agilidade, e ainda manteve seu perfil baixo e esguio. Não dá para criticar a marca por se preocupar e manter uma continuidade com a geração anterior quanto às proporções gerais – que a nosso ver funcionaram bem com a identidade visual atualizada.
Esta é perceptível na grade “duplo-rim”, que ficou maior e traz uma moldura única para os elementos internos; e nos faróis, mais afilados e com contorno mais sofisticado, com a parte inferior bipartida acompanhando os elementos internos. Há um pouco de Série 5 mas o contorno das peças tem identidade própria o suficiente para evitar qualquer confusão.
Os faróis são full-LED, sendo que é possível optar pela tecnologia BMW Laserlight – que, de acordo com a marca, tem alcance de cerca de 530 metros. As entradas nas extremidades do para-choque tem o formato de um “T” na horizontal e abrigam luzes auxiliares de neblina, dando lugar a peças pentagonais maiores ao adotar o kit M Sport.
A lateral do Série 3 G20 tem três vincos marcados (antes eram dois) e um novo desenho para a Hofmeister Kink (a curva na base das janelas traseiras), que ficou mais integrada à coluna. A silhueta é bastante semelhante à da geração anterior, bem como as proporções entre capô, área envidraçada e o terceiro volume, como já comentamos mais acima.
Na traseira também houve uma mudança sensível: as lanternas agora são bem mais baixas e largas, com contorno regular e lentes bicolor, com uma área escurecida na parte superior (o que a gente costuma chamar de “fumê” no Brasil) – o novo formato ajuda a tornar a face traseira visualmente mais larga por criar uma linha imaginária contínua entre as duas extremidades. No para-choque traseiro as duas saídas de ar agora ficam separadas nas extremidades – antes elas ficavam juntas, do lado esquerdo do carro. Nossos two cents: embora visivelmente influenciadas pelo estilo do BMW Série 8, as lanternas podem lembrar um pouco demais os concorrentes da Audi, ou mesmo alguns Volkswagen.
Dito isto, vê-se que a BMW preferiu não correr riscos com o estilo do novo Série 3, e o visual pode não surpreender, mas agrada no geral.
Pode-se dizer que o interior do novo Série 3 passou por mudanças mais sensíveis. A disposição da maioria dos elementos (comandos para o motorista, central multimídia, saídas de ar) é praticamente a mesma, mas o desenho da cabine ganhou uma bem-vinda reformulação, além de novos elementos tecnológicos.
Por dentro
As formas do painel ficaram mais complexas e esbeltas proporcionando uma cabine mais arejada, e é fácil compreender o motivo: o interior da geração anterior tinha um painel maior e mais sisudo, visualmente mais volumoso e até antiquado – afinal, o Série F30 foi lançado em 2012. Visualmente menor, o novo painel deixa a cabine mais ampla. O mesmo vale para os revestimentos de porta. O quadro de instrumentos agora é digital, com uma tela de 12,3 polegadas colorida, e ao seu lado fica a tela de 8,8 polegadas da central multimídia – que, opcionalmente, pode vir com navegador por GPS, duas portas USB, conexão Apple CarPlay e Wi-Fi.
Abaixo da tela ficam as saídas de ar-condicionado e os botões físicos para controlar o sistema. Outra mudança aconteceu no console central, mais alto, e que agora abriga, além da alavanca de câmbio e do seletor para os modos de condução, o botão de partida e a alavanca para acionamento elétrico dos freios de estacionamento.
Dito isto, talvez a maior novidade seja o novo assistente pessoal virtual, que a BMW chamou de Intelligent Personal Assistant e responde ao comando “Hey BMW”. O assistente aprende os hábitos do motorista e consegue aplicá-los de forma flexível – por exemplo, ajustando automaticamente a posição do banco ou os lugares para onde o dono dirige frequentemente usando o GPS. É possível até mesmo dar um nome ao assistente, e chamá-lo por este nome em vez de “BMW”.
Pelo que diz a BMW, o forte de seu assistente visual é a forma como ele aprende, com o tempo, os hábitos e preferências do motorista. Por exemplo: ao dizer “BMW, estou com frio” (ou algo nestas linhas), o sistema irá automaticamente ajustar a temperatura do ar-condicionado em alguns graus – possivelmente até consultando sua memória para colocar o ar-condicionado na temperatura que se costuma usar com mais frequência. Da mesma forma, se você disser “BMW, vamos para casa”, ele procurará na sua base de dados a rota que é feita todos os dias. E ele também pode dar informações a respeito do carro, explicando funções (“como funciona o comando variável?”, por exemplo, ou avisando sobre as condições mecânicas (“como está o nível do óleo?”, “quando é a próxima revisão?”, etc).
Motor, câmbio e suspensão
O BMW Série 3 G20 oferecerá inicialmente duas opções de motor a gasolina, 320i e 330i, ambas de quatro cilindros com turbo e dois litros de deslocamento (1.998 cm³). Trata-se de uma versão atualizada do motor já encontrado no Série 3 da geração anterior. O BMW 320i tem 184 cv entre 5.000 e 6.500 rpm e 30,6 mkgf de torque entre 1.350 e 4.000 rpm, é capaz de ir de zero a 100 km/h em 7,2 segundos e tem velocidade máxima de 238 km/h. Já o 330i tem 258 cv entre 5.000 rpm e 6.500 rpm e 40,8 mkgf de torque entre 1.550 e 4.400 rpm; sendo capaz de ir de zero a 100 km/h em 5,8 segundos com máxima de 250 km/h.
Em ambos os casos a única opção de câmbio é o automático de oito marchas. Apenas as versões a diesel vendidas na Europa (318d, 320d e 330d, sendo que esta última terá um motor seis-cilindros de 265 cv) usarão o câmbio manual de seis marchas.
Uma versão mais potente a gasolina será oferecida em 2019: o M340i xDrive, com um seis-cilindros turbo de 374 cv e 51 mkgf de torque, além de tração nas quatro rodas e câmbio automático de seis marchas. De acordo com a BMW, o M340i deverá ser capaz de chegar aos 100 km/h em 4,4 segundos.
A BMW afirma que o novo Série 3 pesa menos que a geração anterior graças ao uso mais extensivo de aço de alumínio de alta resistência – só a carroceria é 20 kg mais leve, e a adoção de alumínio no subchassi dianteiro e nos suportes da suspensão dianteira reduziu o peso em 7,5 kg. Outros 15 kg foram enxugados com a adoção de para-lamas e capô de alumínio. No total, o Série 3 G20 pode ser até 55 kg mais leve que o F30, dependendo da versão e dos equipamentos escolhidos. Além disso, a fabricante diz que o centro de gravidade do carro ficou mais baixo, e que a distribuição de peso é de perfeitos 50:50 entre a dianteira e a traseira.
A BMW destaca que, pela primeira vez, amortecedores progressivos são de série em todas as versões do Série 3 – através de um elemento hidráulico adicional em seu interior, eles se adaptam às condições de rodagem aumentando ou reduzindo ligeiramente sua altura para garantir sempre o melhor nível de absorção de impacto e menor rolagem de carroceria, além de mitigar vibrações causadas por irregularidades no piso. Opcional será o pacote M Sport, que reduz a altura da suspensão em 10 mm e adiciona amortecedores adaptativos com controle eletrônico.
O novo BMW Série 3 deverá chegar ao Brasil no segundo semestre de 2019, importado da Alemanha, inicialmente nas versões 320i e 330i. Sua presença no Salão do Automóvel, em novembro, ainda não foi confirmada.